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Eles só não inventam lucros

sexta-feira, dezembro 23rd, 2011

Durante décadas, diversos inventores brasileiros criaram produtos de sucesso mundial, mas não ganharam dinheiro com eles. É uma realidade que perdura até hoje
Por Paulo Brito/ Isto É Dinheiro

Quem lê O Mago, biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais, encontra uma informação surpreendente na página 81. Não é sobre a vida de Paulo, um dos escritores mais lidos do planeta, mas sobre um tio. Um engenheiro mecânico chamado José Braz Araripe.

O ilustre desconhecido é nada menos do que o inventor do câmbio automático. É verdade que foi a GM quem produziu o primeiro carro “hidramático”, em 1938. Mas só conseguiu desenvolver o câmbio por causa do protótipo e do projeto que Araripe e seu parceiro, Fernando Lemos, venderam à empresa, em 1932.

Até onde Paulo Coelho ficou sabendo, cada um deles ganhou o suficiente para passar o resto da vida em razoável conforto: foram US$ 10 mil, o equivalente hoje a meio milhão de dólares.

Mas raramente os dois são reconhecidos pelo que criaram, tal como vários outros inventores brasileiros (leia quadro). Do cartão telefônico ao Walkman, da radiofonia ao cinema 3D, do avião ao Bina. Pessoas que, além de não terem sido reconhecidas, pouco ou nada obtiveram com aquilo que inventaram.

Apesar disso, seus inventos transformaram o dia a dia de cidadãos do mundo inteiro e ajudaram a impulsionar grandes empreendimentos. A Sony, por exemplo, não se celebrizou por ter lançado o sistema Betamax, mas, sim, porque se tornou a fabricante do Walkman.

A lista de inventores brasileiros cuja autoria deixou de ser reconhecida é grande. Santos Dumont é um desses casos. Para os americanos, por exemplo, quem inventou o avião foram os irmãos Orville e Wilbur Wright, seus compatriotas.
Dumont nunca chegou a fabricar aeronaves ou peças, não transformou seu invento num produto. Os irmãos Wright, sim. Outro exemplo clássico de inventor desconhecido é Andreas Pavel, um alemão que veio para São Paulo aos seis anos de idade.

Foi ele quem primeiro construiu um aparelho para ouvir fitas cassete onde quisesse, usando fones de ouvido. O equipamento, batizado como “Stereobelt”, foi testado na Suíça pela primeira vez em 1972, enquanto ele caminhava sob uma nevasca com sua namorada. Ele tentou vender a ideia a vários fabricantes, mas não conseguiu. Ainda assim, registrou a patente na Itália.

Só depois de 25 anos conseguiu com a Sony um acordo para receber royalties pela patente. Do mesmo modo, o italiano Guglielmo Marconi inventou o rádio, mas seu aparelho só transmitia os bips do código Morse.

Quem inventou o aparelho que transmite voz, ou seja, a radiofonia, foi o padre gaúcho Roberto Landell de Moura, em 1900. Ele chegou a registrar a patente no Brasil e nos EUA, mas não passou desse ponto. Não houve apoio do governo brasileiro sequer para uma experiência de transmissão entre dois navios da Marinha.

Por que isso aconteceu a tantos inventores? A resposta tem vários aspectos, e começa com a falta de conhecimento deles mesmos sobre as diferenças que existem entre uma invenção e um produto destinado ao mercado.

“Todo mundo que inventa alguma coisa acha que vai dar conta da produção e comercialização”, alerta Carlos Mazzei, presidente da Associação Nacional dos Inventores.

Agir sozinho, ele garante, envolve uma possibilidade de fracasso gigantesca. Em 24 anos de contato com essas pessoas, Mazzei concluiu que 95% delas não têm aptidão para se tornar fabricantes: “Quando tentam fazer isso, os inventores acabam se dando mal.”

Mas existe um caminho seguro, de apenas duas etapas, explica o presidente da associação: “A primeira é registrar o invento no Inpi, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial. A segunda, procurar um bom fabricante”, conclui.

Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae, acha que essa questão é complexa para quem inventa: “Por um lado, o inventor tem o saber, mas, por outro, não domina o fazer”, explica. Nas empresas grandes, diz Santos, essa diferença é coberta pelos departamentos de pesquisa e desenvolvimento. “O pré-sal é resultado justamente dessa estratégia’’, acrescenta.

Nélio Nicolai, técnico em eletrônica que em 1977 inventou o identificador de chamadas Bina, não descobriu um bom caminho para seu equipamento. Pior: concluiu que foi lesado pelas empresas com as quais fez parcerias. “Se eu não tivesse sido roubado, só os royalties do Bina em celulares renderiam R$ 4 bilhões por mês ao Brasil”, garante ele.

Seus cálculos se baseiam nos cinco bilhões de aparelhos que usam sua invenção no mundo inteiro. Quando inventou o Bina, Nicolai estava na Telebrasília, mas em 1985 foi demitido.

A razão? Foi porque incomodava seus superiores com “uma invenção que não tinha mercado”, explica. Embora tenha registrado a patente no Brasil e no Exterior, não conseguiu fazer valer os direitos que supunha ter, e muito menos ganhar o que esperava.

Resultado: segundo ele, o Bina foi copiado em todo o planeta. A reação de Nicolai foi abrir processos contra várias empresas do setor. Mas esses processos continuam rastejando pelas prateleiras do Judiciário brasileiro.

Nelson Bardini, engenheiro eletricista que inventou o cartão telefônico, fez justamente o que Mazzei, da Associação dos Inventores, e Santos, do Sebrae, recomendam.

Mas também não teve sucesso. Em 1978, dois anos depois da invenção, foi convidado para trabalhar no Centro de Pesquisas da Telebrás, o CPqD, em Campinas. Então, conta ele, as pressões começaram: “O Ministério das Comunicações pediu que o CPqD desenvolvesse um telefone público que usasse cartão.

Eu sabia como fabricar os cartões, e havia cedido a patente para uma empresa. Pois bem, houve tanta pressão sobre mim e sobre a empresa que cedemos os direitos de fabricação de cartões telefônicos. Posso fabricá-los, mas para outras finalidades ”, diz.

Santos, diretor do Sebrae, lembra que, embora ele tivesse a patente, isso é apenas um dos passos para o sucesso de uma inovação desse tamanho. Para inventores e inovadores, o órgão tem hoje programas capazes de abrir caminhos bem mais seguros que os de Nicolai e Bardini: “A estratégia necessária para levar um invento ao mercado raramente está entre as competências dos inventores. Cientistas não são pessoas que tenham grandes habilidades gerenciais”, conclui.

Hoje, já existe uma legislação específica para proteger e incentivar os inventores e descobridores, explica o presidente do Inpi, Jorge Ávila. É a chamada “lei da inovação”, publicada em 2004.

Depois dela, aumentou muito o número de recursos e financiamentos para apoiar inventores e pesquisadores. Especialmente os de instituições de ciência e tecnologia, como as universidades e os centros de pesquisa.

A grande novidade da lei é que ela exige a criação de núcleos que administrem a transferência de conhecimento dessas instituições para o mercado. “Muitos desses núcleos já estão criados e operando. Estão na PUC do Rio Grande do Sul, na Unicamp, UFRJ, USP e UFMG, por exemplo”, conta Ávila.

Nos últimos anos, ao organizarem as informações sobre patentes, as universidades descobriram que muitas delas, nascidas em seus laboratórios, estavam registradas em nome de professores. “Isso não aconteceu por má-fé”, explica o presidente do Inpi, “mas porque, na época em que elas foram pedidas, não havia estratégias nem estruturas para ajudar esses pesquisadores”, esclarece.

A Unicamp, que registra patentes desde 1984, é uma das instituições que mais entram com pedidos no Inpi (leia quadro). Até a metade de julho deste ano, já havia feito 631 pedidos. A transferência do conhecimento entre os laboratórios e o mercado é feita pelo Inova, departamento dirigido pela engenheira e professora Patrícia Toledo.

Segundo ela, a lei da inovação foi de fato um divisor de águas. “Antes dela, a universidade levou quase 20 anos para pedir o registro de 275 patentes; depois da abertura do Inova, pediu 196 em apenas três anos.”

Quando um pesquisador faz uma descoberta que pode se tornar um produto, entra em contato e o departamento começa a tomar providências: “Primeiro, avaliamos se é possível proteger o invento ou descoberta por meio de patente.

Depois, uma equipe avalia o potencial de mercado e vai às empresas que possam ter interesse naquilo.’’ E, quando a descoberta se transforma em produto, todos ganham: “Os royalties são divididos em partes iguais entre a universidade, o departamento responsável pela pesquisa e o próprio pesquisador”, finaliza.

Novo reitor do ITA defende inovação na agenda pública

sexta-feira, dezembro 23rd, 2011

22/12/2011 – 06h30
Novo reitor do ITA defende inovação na agenda pública
NELSON DE SÁ
ENVIADO A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Especialista em inovação, o novo reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Carlos Américo Pacheco, expõe em entrevista seu projeto para reaproximar a instituição de seu modelo original, o MIT (Massachusetts Institute of Technology), em que a universidade vai além da educação e avança sobre pesquisa e desenvolvimento, com parceiras com empresas e internacionalização.

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress

Formado em engenharia eletrônica pelo ITA, com doutorado em economia pela Unicamp, onde era professor até ser escolhido em seleção pública como novo reitor, Pacheco, 54, foi secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (1999-2002) e participou da elaboração dos projetos que resultaram na criação de 14 fundos setoriais e na Lei da Inovação, de 2004.

Folha – Inovação é a área a que você mais se dedica, anteriormente no Ministério da Ciência e Tecnologia e na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Qual é a sua visão de inovação? O que o ITA e o próprio país devem fazer?

Carlos Américo Pacheco – Inovação passou a ser uma palavra que responde a coisas diferentes, na cabeça de cada um. Vou me restringir àquilo que é inovação no sentido econômico, deixando de lado criatividade e outras dimensões, que também serão muito importantes para o Brasil e para os principais países. Boa parte das políticas ditas de inovação nos países desenvolvidos hoje passam a incorporar inclusive essas outras dimensões. Tenta-se fazer política sobre criatividade, melhor eficiência do setor público, sobre outras coisas, mas eu vou me restringir à inovação no sentido econômico. Ou seja, o que as empresas fazem do ponto de vista de modificações de produtos, processos, serviços que prestam, agregar valor ao que fazem etc. Dentre as várias formas de inovação que as empresas usam está a inovação tecnológica.

A inovação é fundamental para o desenvolvimento, porque grande parte do aumento de produtividade nas economias modernas vem da inovação. Você não consegue fazer um processo de crescimento sustentável, de longo prazo, sem crescimento de produtividade. A produtividade é o que permite aumentar a renda real das pessoas. Você tem que ter produtividade para poder pagar salários maiores. Se pagar salários maiores e não aumentar a produtividade, você vai ficar não competitivo, vai ter deficit comercial. Nós temos um problema no Brasil. O Brasil vai crescer nos próximos anos, por vários efeitos, do pré-sal, das commodities. O mundo vai andar extremamente problemático, mas mesmo assim o Brasil vai crescer, por causa do mercado interno, dos recursos naturais. Mas o perfil do crescimento pode ser melhor ou pior, se a gente conseguir introduzir a inovação tecnológica na agenda pública e privada, sobretudo.

A agenda de inovação é decisiva, porque a gente pode gerar um país melhor. A gente pode viver de renda de commodities e gerar emprego precário, pagar salário mediano, para fazer transferência de renda enquanto durarem as commodities, mas na verdade, se a gente quiser criar uma estrutura mais integrada, uma sociedade melhor, salários reais melhores, vai ter que fazer esse caminho. Ou seja, dada a situação atual e dado que o câmbio tem uma tendência de ficar apreciado pelo excesso de divisas gerado por commodities e no futuro por petróleo, vamos ter que fazer um investimento em inovação tecnológica, para aumentar produtividade. É uma agenda decisiva para o Brasil.

Folha – E como entra o ITA?

Pacheco – Ele tem tudo a ver com isso. O ITA é basicamente uma escola de engenharia, mas é diferente das outras. Ele foi criado com o objetivo de gerar uma indústria aeronáutica. Tem uma coisa muito curiosa, na história do ITA. A história começa com a criação do MInistério da Aeronáutica e depois com um conjunto de lideranças do ministério, sobretudo o marechal Casimiro Montenegro, e a ideia de fazer uma indústria aeronáutica no Brasil. Quando procuram o MIT, ainda na década de 40, eles têm a nítida intenção de fazer uma escola de engenharia para criar uma indústria aeronáutica.

Quando depois o chefe do departamento de engenharia aeronáutica vem ao Brasil, ele produz uma coisa interessantíssima, que é o Relatório Smith. O primeiro reitor é esse professor que era chefe do departamento aeronáutico do MIT e que produz um relatório para a concepção do que seria o Centro Tecnológico de Aeronáutica etc. Ele diz assim, “tem que ter uma escola de engenharia de excelência, mas tem que ter mais: tem que ter o instituto de pesquisa, tem que ter fomento industrial”. Ele desenha o que a gente chama hoje de “cluster”, de arranjo produtivo local. Isso no final dos anos 40, é uma coisa impressionante. Se você for ler aquilo… A gente admira muito, por exemplo, o que Taiwan fez no ITRI (Industrial Technology Research Institute), no parque tecnológico deles, mas aqui, nos anos 40, se desenhou um negócio extremamente agressivo, do ponto de vista de política tecnológica industrial, que é a construção não só de uma escola de excelência, mas de um projeto de indústria.

Então o ITA tem tudo a ver com inovação. Sua concepção não é só educacional, é criar uma indústria. E num certo sentido foi extremamento exitoso, porque gerou a terceira maior empresa aeronáutica no mundo, do ponto de vista de montagem e fabricação de aviões. Temos ainda enormes gargalos na cadeia de fornecedores, vários fornecedores da Embraer são maiores do que ela, mas é um sucesso. É daquelas coisas que soubemos fazer com competência. Desde a sua origem, aquilo foi criado com um objetivo de política industrial, de política tecnológica. De inovação.

Folha – Também na graduação?

Pacheco – Somos uma escola pequena, para o tamanho do Brasil, mas uma escola de excepcional qualidade. Os relatos dos casos dos nossos alunos são interessantíssimos. A Embraer tem um programa com o MIT e recentemente um dos meninos nossos, do quarto ano, foi convidado para fazer um estágio de férias lá. Ele foi e eles o convidaram para fazer o doutorado direto. A gente tem meninos que saem da graduação fazendo doutorado direto em Princeton, tem meninos em Stanford. São talentos de classe mundial, são medalhas de outro nos concursos internacionais de computação, de matemática. No ano passado, pela primeira vez, eles participaram de uma competição tradicional americana sobre foguetes, com escolas de engenharia americanas. Foram financiados pelos próprios alunos, pelo centro acadêmico, e tiraram o primeiro lugar, nos Estados Unidos, que têm o maior número de escolas de engenharia aeronáutica.

É um projeto excepcional. Ao longo da história, ajudamos a construir não só a indústria aeronáutica. Boa parte do que foi feito em telecomunicações no Brasil nasceu na escola, até porque a Unicamp ainda estava surgindo. O centro de pesquisas da Telebras foi criado por gente formada no ITA, na sua grande maioria. O [José Ellis] Ripper foi formado na escola, depois foi para o Bell Labs, voltou para a Unicamp, e boa parte do staff inicial do centro de pesquisas da Telebras era formado no ITA. Tem vários tipos de contribuição em vários setores, não só no aeronáutico. Então, inovação está no nosso DNA e vai estar mais porque, mesmo sendo uma escola de engenharia, precisamos aproveitar ao máximo esses talentos para os desafios que o Brasil tem à frente. Temos que engajar o máximo possível esses jovens em projetos.

Folha – Uma das coisas que se falam sobre o pré-sal é que vai demandar uma quantidade e uma qualidade de engenheiros que o país não tem como fornecer, na estrutura atual. Essa demanda crescente por conhecimento técnico em engenharia, não só do pré-sal, é uma das razões para o projeto de dobrar o número de vagas?

Pacheco – O ITA vai duplicar de tamanho. Isso é muito pouco para a necessidade que o Brasil tem o ITA forma 120 alunos por ano e vai passar a 240 mas é importante fazê-lo. A demanda por engenheiros é muito maior do que isso. Hoje estamos formando no Brasil 35 mil, 40 mil por ano. As estimativas que estão nos planos nacionais são de que a gente precisa dobrar esse número, passar para alguma coisa entre 70 mil e 100 mil por ano. Temos o menor perfil de engenheiros por habitante de todos os países Brics. Vamos ter de fazer um esforço muito grande. Há forte demanda do mercado de trabalho e, se a gente olhar pelo vestibular deste ano, vê que a garotada está respondendo.

O ITA é parte desse esforço, mas uma parte. O nosso foco não é quantitativo. Somos pequenos. Não conseguimos fazer uma expansão enorme por razões que têm a ver com o modelo da escola. Oferecemos alojamento para todos os estudantes, oferecemos refeitório, é tempo integral, os meninos moram no campus. O ITA pode atender e está afinado com essa prioridade do país naquilo que a gente poderia chamar de altíssima qualidade. Temos um volume muito grande de meninos que se inscrevem no vestibular da escola. Este ano fomos a 9.400 inscritos no vestibular, para 120 vagas. É muito difícil, acaba acontecendo que muitos sequer se inscrevem. E já temos hoje um número de alunos que têm nota mínima para entrar e que a gente não chama por não ter vaga. Temos certeza de que vamos fazer a duplicação.

Folha – Mas ela já tem um prazo?

Pacheco – Vamos fazer em alguns anos. Isso vai depender agora do encaminhamento das obras, a partir do ano que vem. Mas a ideia é que a gente, não no próximo vestibular, mas no outro, já consiga dar início. A gente depende de obras, para poder viabilizar. Tem que construir alojamento, refeitório, laboratório etc. Mas essa é inclusive a sinalização da Presidência da República, de que a gente dê prioridade à expansão e acelere o mais que puder. Depende da nossa capacidade de execução dessas obras.

A demanda por engenheiro está crescendo a 8% ao ano. Ela cresce a uma taxa que é duas vezes à do PIB. Na história dos EUA, ela chegou a crescer quatro vezes o crescimento do PIB. Se a gente quiser fazer inovação… Engenheiro é uma mão de obra qualificada para “n” funções. É quem decodifica toda a parte científica para implementar numa empresa. Você usa engenharia não só na área industrial, mas no governo, no setor de serviços. É muito versátil e ajuda muito nesse processo de desenvolvimento do Brasil como um todo. O nosso papel, do ITA, nessa demanda, é ofertar engenheiros capazes de serem líderes de projetos, de assumirem funções de vanguarda. O ITA sempre exerceu isso, na história do desenvolvimento tecnológico do Brasil, seja na Petrobras, seja na Embraer, seja na Telebras, vários presidentes da Telebras foram alunos da escola. Nossa função é preparar esse pessoal.

Folha – O MIT originou o ITA, mas é um modelo diferente. Eles têm, por exemplo, o laboratório de mídia. Você prevê também uma ampliação de foco no ITA?

Pacheco – Nós temos dois alvos na expansão. Um é a expansão física, laboratórios didáticos, que são os laboratórios convencionais de aerodinâmica, física, propulsão, nas várias áreas. Vamos também abrir mais duas áreas de engenharia, para completar o leque que a gente oferece.

Mas é provável que a gente tenha que fazer mais do que simplesmente duplicar o ITA tal como ele existe hoje. Que a gente tenha que fazer uma atualização de como ele atua. Essa atualização tem a ver com coisas que estão acontecendo em várias universidades, no Brasil e fora. Temos um jovem super-talentoso. É um jovem completamente diferente do que éramos 30 anos atrás, que está conectado com o mundo, com as redes sociais, com a internet, mas também porque incentivamos muito que ele faça um estágio no exterior, abrimos espaço durante a graduação. Queremos que esses jovens façam suas pós-graduações nas melhores escolas de engenharia, mas que eles contribuam para o desenvolvimento tecnológico no Brasil. Para fazer isso, vamos ter que pensar modelos novos de como a escola opera, naquilo que a gente está chamando de despertar a paixão por assuntos tecnológicos de relevância para o Brasil.

Estamos iniciando um conjunto de conversas com empresas de ponta, que têm esforço tecnológico grande no Brasil, para construir com elas um modelo de cooperação novo. Fazemos muitos projetos conjuntos com empresas, laboratórios conjuntos, várias coisas, mas talvez a gente precise repensar um modelo e, aí sim, usar o que o MIT fez com o Media Lab, usar o que estão fazendo em Harvard, em Stanford e em outros lugares do mundo. Engajar os alunos logo no início do curso de graduação, em equipes que envolvam diversos anos, pós-graduandos, professores, gente da indústria, em grandes desafios tecnológicos que o Brasil precisa vencer. Gostaríamos que os nossos alunos se apaixonassem, se encantassem por certos grandes desafios tecnológicos que o Brasil precisa fazer e trabalhassem desde o início naquele campo. Se ele, formado, vai optar por ficar na empresa x ou y, é um problema que ele vai ter que negociar com a empresa, as condições de trabalho que a empresa oferece etc. Mas acho que a gente conseguiria uma taxa maior de êxito se desde o início a gente fomentasse que os alunos se dedicassem a esses grandes desafios. Seja para ele abrir uma empresa nova e virar um grande empresário, seja para ser líder de um projeto dessa natureza na indústria no futuro.

Vamos ter de atualizar a escola usando um pouco o que o MIT faz, o que a Virginia Tech faz, o que a Georgia Tech faz. Uma parte da duplicação é que, dobrando o número de alunos, a gente vai ter massa crítica para pensar um outro modelo de atuação, junto com Petrobras, com Vale, Embraer, Odebrecht, Braskem, com a Telebras e com várias outras empresas. E que a gente construa uma carteira de desafios, em que a gente possa botar equipes, de modo que esses meninos se apaixonem e se dediquem a trabalhar aquilo, em nanotecnologia, em campos que sejam grandes desafios. Que permitam dizer a eles, “olha, você pode trabalhar nisso, você pode criar sua empresa, pode ser um líder num empreendimento na Embraer, na Petrobras”. A gente vai ter que quebrar a cabeça sobre isso.

Folha – Fala-se de uma divisão entre o modelo de inovação com maior presença do Estado, como na Coreia do Sul, e um modelo em que o Estado até está presente, mas em menor proporção, como no americano.

Pacheco – Em qualquer lugar do mundo, o Estado acaba subvencionando o desenvolvimento tecnológico do setor privado. A principal razão é que tem risco alto e o setor privado investe menos do que precisaria investir. Basicamente, uma empresa não consegue retirar todo o retorno do investimento, porque os concorrentes copiam etc. Do ponto de vista mais ortodoxo, você diz que a empresa não consegue se apropriar de todo o retorno do investimento que faz. os concorrentes se apropriam. É como se o retorno social fosse maior que o retorno privado. Isso justifica, mesmo para os economistas mais conservadores, subvencionar o gasto privado em pesquisa e desenvolvimento. E no mundo inteiro não há desenvolvimento tecnológico que não tenha um grande amparo do Estado. Recentemente, aqui, numa visita, o presidente da Boeing afirmou que não entendia a Embraer, porque a Boeing não consegue sobreviver sem as encomendas do Estado americano. É tão caro o desenvolvimento de fronteira nessa área que, na verdade, o investimento inicial é altíssimo, o risco é altíssimo, então você precisa.

Tirando a China, que é um caso completamente particular, aí sim o Estado tem uma presença decisiva, eu vejo que tem dois modelos no mundo que funcionam. Nos dois o Estado é importante. Num, o Estado faz isso com encomendas de governo, como nos EUA. O Estado tem uma enorme importância no desenvolvimento tecnológico, fazendo encomendas para a indústria espacial, aeronáutica. O gasto militar americano é um grande indutor de desenvolvimento tecnológico. E o Estado americano atua também através de um conjunto de institutos de alta qualidade. Atua fortemente na pesquisa básica, com uma estrutura que é ímpar no mundo. Você pega o discurso do Obama, do estado da nação, e ele diz isso claramente. É impressionante a clareza que eles têm de que o Estado tem de criar uma estrutura altamente competente de pesquisa básica e que seja funcional às empresas. E apoiar nas encomendas.

O modelo europeu também é de grande subvenção ao setor privado, mas não feita sob a forma de encomenda. É feita mais sob a forma de editais, pesquisa cooperativa universidade-empresa etc.

Folha – O que o você recomenda para o Brasil?

Pacheco – O que se recomenda no mundo é que se faça um “blend” dos dois. No período recente, a gente construiu um sistema que é parecido com o europeu, com fundos setoriais. Agora, nos últimos poucos anos e sobretudo depois da Estratégia Nacional de Defesa, a gente se aproxima de um “blend” entre os EUA e a Europa. Um pouco por causa das encomendas de submarinos, do cargueiro da Embraer, do satélite geoestacionário. Talvez a gente recupere esse outro lado, das encomendas. Eu acho que, do ponto de vista de políticas de apoio, ainda temos muito a melhorar. Mas, do ponto de vista dos instrumentos, o Brasil tem uma experiência do passado de ter feito muitas coisas. Uma parte importante do sistema estatal foi relevante para o desenvolvimento tecnológico do Brasil, tanto que todos os casos de sucesso que a gente cita, Embrapa, Petrobras, Embraer, Vale do Rio Doce, foram empresas estatais. Então, acho que a gente sabe fazer. Estamos ainda tentando consolidar um sistema no Brasil.

Folha – Como você imagina aumentar a internacionalização da escola?

Pacheco – Já temos muitos alunos que fazem estágio no exterior, França, EUA. Agora estamos, com o Ciência Sem Fronteira, mandando um conjunto grande de alunos para o exterior, abrimos espaço na grade curricular para que possam passar um período. Nós temos grande interesse. E vamos ter um desafio enorme com a ampliação da escola, um desafio que às vezes as pessoas não imaginam. Vamos ter que contratar 200 professores de altíssimo nível. Vamos ter que trazer gente de fora, mandar gente para fora para se titular. Isso que a gente chama de internacionalização é colaborar de forma mais intensa com os grandes centros de engenharia do mundo, com o MIT de novo, voltar ao início da escola, e com outros, em Stanford, em Zurique. Somos uma escola de classe mundial, pelos alunos que a gente forma, pela demanda e visibilidade que eles têm no mundo. Mas a gente quer muito, na internacionalização, atrair professores brilhantes estrangeiros, que nos ajudem no processo de expansão. O mundo está problemático, tem muita gente talentosa neste momento com dificuldade de se posicionar no mercado, inclusive em função da crise europeia.

Folha – E as parcerias com empresas?

Pacheco – Nisso que a gente chama de cooperação, vamos investir numa coisa que não está no projeto de duplicação, mas estamos conversando com as empresas para dar um passo além. Neste momento vamos cuidar de obra, dinheiro, contratação, para fazer a duplicação. Mas simultaneamente a gente botou na agenda, com todas as empresas com que andamos conversando neste final de ano, um laboratório multiusuário, multifuncional, não como os laboratórios didáticos por disciplina. Provavelmente a gente vai acabar fazendo uma coisa que seja emblemática, no sentido arquitetônico. Não porque quer gastar dinheiro desnecessariamente, mas no sentido de ser uma coisa provocativa, para despertar essas paixões nos alunos. Que faça eles se sentirem aqui como em qualquer lugar de classe mundial. E que mova o imaginário das pessoas, para desenvolver novas empresas, projetos. Provavelmente a gente vai acabar tendo, no processo de expansão, alguma coisa nesse sentido, parecido com o que são esses “innovation centers” que proliferam pelo mundo.

Folha – Não tem arquiteto ainda?

Pacheco – Não, está muito verde. Mas a gente sonha com isso, não pelo desenho arquitetônico, mas porque um dos desafios maiores é conseguir engajar esses jovens excepcionais em grandes desafios para o Brasil. Para fazê-lo, vamos ter que mobilizar a imaginação desses meninos, a paixão por isso. Não é no sentido arquitetônico, mas no sentido de que a gente construa alguma coisa que desperte esse imaginário. Por isso um projeto dessa natureza é necessário.

Opção pela mediocridade

terça-feira, maio 3rd, 2011

“Sozinho não mudarei o mundo,
mas continuarei tentando.”

Reginaldo Marinho

Reginaldo Marinho, em 2010, fez o curso Economia para Jornalistas promovido pelo Instituto de Pesquisa Aplicada – Ipea e pelo Sindicato dos Jornalistas da Paraíba. Após a palestra do diretor de Inovação do órgão, Marinho questionou a omissão do Estado no descumprimento dos artigos 218 e 219 da Constituição Federal, que responsabiliza o Estado pela promoção dos variados vetores das atividades relacionadas a C&T.

No debate, Marinho mencionou os principais gargalos que atrapalham o desenvolvimento tecnológico nacional: a recusa das agências de fomento do Estado (Finep, BNDES e BNB) em aceitar o patrimônio intelectual como garantia a financiamentos específicos ao setor, desprezando o artigo 5 da lei 9.279 (Lei da Propriedade Industrial), assegura que “Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”. o prazo que o INPI aplica, de oito a dez anos, para conceder uma patente, quando o Escritório Europeu de Patentes (EPO) concede uma patente em prazo médio de 45,3 meses. A resposta do diretor do Ipea foi surpreendente, afirmando que essa era uma questão cultural.

Muito bem! Sendo cultural, corrigir os efeitos desse descaso é obrigação do Estado. O Ipea representa o Estado, sendo órgão de assessoramento direto do presidente da República. A entrevista do deputado Newton Lima PT/SP à revista Locus/Anprotec sugere uma mudança cultural. Essa é uma discussão de elevada relevância para mudar os parâmetros do desenvolvimento econômico nacional. Se não conseguirmos solucionar essas questões, jamais alcançaremos os índices de crescimento e competitividade da China e de outros países que investem fortemente na consolidação de novas tecnologias.

No Brasil, ainda não se compreende que o desenvolvimento de novas tecnologias endógenas é uma poderosa alavanca para o crescimento econômico. Quando o Programa de Aceleração do Crescimento-PAC foi criado, dentre os 37 itens contemplados, a única referência a tecnologia era apenas sobre importação de softwares. Nenhum deles referia-se a incentivos às tecnologias nacionais.

A grande imprensa nacional ainda não percebeu as perdas econômicas brasileiras causadas pela inexistência de um programa de reconhecimento e divulgação de inventos nacionais. O jornalista Sérgio Ruiz Luz publicou uma matéria, na revista Veja, intitulada “Ganhou e não levou” , cujo texto indica que os prejuízos ultrapassam os econômicos − fere a autoestima nacional −, por falta de uma política pública de apoio e difusão das tecnologias brasileiras. O Estado é absolutamente ausente.

O conhecimento é patrimônio imaterial de uma nação. Não se pode disponibilizar essa riqueza sem que ela seja convertida em tecnologia, através da qual a propriedade intelectual é a ferramenta apropriada para converter ciência em prosperidade para todos. Paga-se um preço elevado quando não se percebe o valor de uma descoberta tecnológica e as oportunidades são perdidas.

Para dar visibilidade a essa atividade estratégica, Marinho propõe a criação em Brasília, em São Paulo ou no Rio de Janeiro, do Espaço da Invenção Brasileira, uma espetacular vitrine permanente das tecnologias produzidas em todas as universidades e empresas brasileiras, junto com as dos inventores independentes. O deputado federal Marcondes Gadelha já sugeriu a criação desse espaço na tribuna da Câmara dos Deputados, quando Marinho apresentou a conferência “Desafio Tecnológico e Desenvolvimento Econômico” na 5ª Bienal de Arquitetura de Brasília. O equipamento seria instalado no ambiente do Museu Nacional de Ciência e Tecnologia.

O documento mais contundente elaborado pelo governo brasileiro para esse setor é de 1998  ̶  o único diagnóstico da área  ̶  conhecido por Relatório da Inventiva Nacional. Esse relatório apresenta um diagnóstico perverso da realidade brasileira no cenário de C&T. Desde aquela época, até agora, as mudanças foram insuficientes para melhorar o cenário de competitividade.

Para começar, o embaixador Soto Lorenzo, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do governo Fernando Henrique Cardoso, nas primeiras linhas do relatório, adverte: “O Projeto Inventiva pautou-se estritamente pelas diretrizes do Governo Federal e do Sr. Ministro de Estado, no sentido de que atenda a um objetivo relevante, qual seja, o estímulo à atividade inventiva e inovativa nacional, a um custo tão baixo quanto possível, aproveitando ao máximo, recursos e cooperação potencial de outros órgãos e instituições, assim como do setor privado.”

Como pode uma atividade tão importante, quanto o desenvolvimento de novas tecnologias, ser tratada dessa forma: “a um custo tão baixo quanto possível”? Isso é inaceitável deboche patrocinado pelo Estado.

O diagnóstico não é favorável à Nação. Percebe-se com nitidez o “fator cultural” ofuscando o potencial tecnológico nacional. A baixa conversão do conhecimento gerado nas universidades em patentes – inferior a 1% dos pedidos de privilégio do INPI (pag.78 do Relatório Inventiva − compromete a eficiência acadêmica e suscita dúvidas relacionadas à eficácia dos investimentos do MCT, dissociados do desenvolvimento nacional. O relatório revela que 66% dos pedidos de patente correspondem a inventores independentes, empreendedores sem qualquer apoio governamental. A produção de patentes nos institutos de pesquisa continua inferior a 1% dos pedidos registrados no INPI.

Com os dados publicados pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), selecionamos o Brasil mais quatro países emblemáticos no cenário econômico mundial e as respectivas variações dos depósitos de patentes entre 1985 e 2011.

O Brasil passou de 1.954 depósitos para 4.701 (crescimento de 2,40 vezes); o Japão passou de 274.348287.580 depósitos (crescimento de 1,04 vezes); Estados Unidos variou de 63.348247.775 (crescimento de 3,89 vezes); a Coreia saiu de 2.702138.034 (crescimento de 51,08 vezes) e a China foi de 4.065415.829 (crescimento de 102,29 vezes). Esses números mostram claramente como as economias dessas nações evoluíram no período, com a contribuição tecnológica.

A constatação da precariedade da produção acadêmica brasileira é refletida na entrevista de Marcia McNutt, editora-chefe da revista Science, ao jornalista Herton Escobar do jornal Estado de São Paulo. Marcia McNutt insinua que a ausência de artigos de brasileiros na revista mais importante do mundo científico se deve à falta de ousadia dos pesquisadores brasileiros, que não arriscam novos desafios nos variados campos da ciência.

Ela reconhece que o Brasil nunca ganhou um Nobel por causa desse marasmo científico e declara: “Esse tipo de estratégia não produz grandes resultados científicos; é uma estratégia segura, incremental, que vai avançar a ciência do país pouco a pouco, mas não vai influenciar radicalmente o panorama da ciência num contexto global, porque é muito conservadora, não é ousada.

Brasil é lanterninha na inovação. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo, porém o menos inovador, com índice inferior a 10% de negócios inovadores. Esse é o resultado da combinação nefasta da baixa escolaridade da população com a falta de apoio a empreendimentos tecnológicos nascentes.

Fonte: GEM Adult Population Survey (APS)

O Brasil continua sendo um dos países menos inovadores do mundo. Estamos, segundo o novo relatório do GEM, no mesmo nível de Trinidad & Tobago, apenas Bangladesh é menos inovativo do que o Brasil.

Na página 51 da publicação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual-Ompi “Indicadores mundiais da propriedade intelectual” podemos observar que o Brasil não está incluído na coluna dos “países de origem”, os que produzem tecnologia. O nome do Brasil aparece apenas na linha dos importadores de tecnologia, quando sabemos que tecnologias brasileiras encontram dificuldades para serem viabilizadas, inexplicavelmente. Na página 126 verificam-se os pedidos de patente de cada país em 2009, e na página 129 as patentes concedidas.

Recomendamos comparar os pedidos de patente do Brasil, da República da Coreia e da China diante da variação demográfica e do crescimento do PIB de cada país. A China e a República da Coreia, há quarenta anos, eram países pobres e mudaram o rumo de suas economias investindo em Ciência, Tecnologia e Educação, enquanto o Brasil era a 8ª economia do mundo, sempre lastreada por exportações de produtos primários, sem nenhum compromisso com a sustentabilidade, nem com a produção tecnológica própria.

A Coreia que tem um território equivalente a menos da metade do Estado do Piauí, investiu em Educação, Ciência e Tecnologia e transformou a realidade econômica daquele minúsculo país. No início deste século, o PIB da Coreia chegou a ultrapassar o do Brasil. Embora a Coreia tenha perdido posições diante do Brasil, o pib per capita deles é cinco vezes maior do que o nosso.

O principal fator responsável por esse baixo rendimento tecnológico está vinculado à precária escolaridade brasileira, particularmente em matemática, e ao reduzido percentual de formandos em engenharia diante das outras profissões, segundo pesquisas levantadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE.

O déficit de US$ 9 bilhões no balanço de pagamentos tecnológicos, em 2002, já colocava o Brasil numa situação preocupante ao analisarmos o estudo elaborado pela Fapesp, página 41, mas o déficit na balança comercial de alta e média-alta tecnologia já alcança US$ 17,7 bilhões nos três primeiros meses deste ano, sendo o pior dos últimos 22 anos, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, IEDI.

Entre 2010 e 2011, o Brasil perdeu 32 duas posições na lista de eficiência do Índice Global de Inovação, caiu do 7º lugar para o 39º. Em 2014 desceu para o 71º lugar, em 2015 continuou caindo e já ocupa a 99ª posição entre 141 países no ranking do Índice Global de Inovação.


Folha de São Paulo

O Brasil está menos competitivo no cenário internacional, de acordo com o Índice de Competitividade Mundial 2012. O país caiu duas posições no ranking e ocupa agora o 46º lugar entre as 59 economias pesquisadas.

O índice é desenvolvido pelo IMD (International Institute for Management Development) e analisa dados estatísticos internacionais e nacionais, como PIB, taxa de juros e inflação e uma pesquisa com executivos.

Se essas dificuldades não fossem suficientes, ainda exige-se a comprovação de êxito financeiro, através dos três últimos balanços, para que uma empresa de base tecnológica receba apoio de qualquer agência nacional de fomento tecnológico. Até o Prêmio Finep para novas tecnologias exige o mínimo de três anos de sucesso financeiro da empresa, no ato da inscrição. Ou seja, no Brasil, a startup para ser apoiada pelos programas governamentais vigentes tem que provar por três anos que a sua tecnologia é exitosa, quando esse é o período de maior mortalidade empresarial. A outra saída é apresentar garantias reais.

O único programa de fomento que não exige comprovação de êxito financeiro é o Prime −Primeira Empresa Tecnológica− da Finep, ancorado no Estado pela Fundação Parque Tecnológico da Paraíba. É um investimento não reembolsável cujos recursos são vedados de serem aplicados na tecnologia, contemplando apenas as atividades de consultoria e custeio. Portanto, as empresas nascentes, com patentes depositadas no INPI, detentoras de tecnologias de alta relevância não são atendidas por nenhum programa governamental para desenvolver os seus produtos.

O momento atual de transição política sugere um debate efetivo sobre a responsabilidade do Estado brasileiro como agente indutor ao fomento de novas tecnologias nacionais. Essa atividade gera muita riqueza no mundo inteiro, exceto no Brasil, que se contenta em suportar a economia baseada nas exportações de commodities e produtos agroindustriais. A sociedade brasileira conserva hábitos coloniais e extrativistas, que emperram definitivamente o desenvolvimento pleno de nossa economia, submetendo exigências restritivas às empresas tecnológicas nascentes.

Marinho constituiu a empresa Construcell para participar do edital Prime da Finep e o seu empreendimento foi selecionado em primeiro lugar na classificação, recebendo a nota máxima (dez) em Grau de Inovação.

Marinho criou uma tecnologia baseada em um módulo prismático que associa as funções estruturais e de cobertura em único elemento; o sistema substitui a alvenaria na condição do arco pleno (180º). Este invento incorpora valiosas interfaces ambientais, ao permitir o uso de plástico reciclado na fabricação dos módulos e o uso de placas fotovoltaicas quando os elementos forem transparentes. Construcell é a tecnologia construtiva de maior impacto visual do mundo contemporâneo.

Construcell na Feicon 2011

Esta tecnologia introduz dois novos paradigmas à engenharia. Será a primeira estrutura do mundo em plástico  ̶  juntando-se às de concreto, de madeira e de metal que são as modalidades estruturais conhecidas mundialmente  ̶  e a primeira construção totalmente transparente, sem a intervenção de nenhum material opaco.

Esta invenção se insere entre as políticas mais engajadas na preservação ambiental que resultará em mídia espontânea no mundo inteiro. Ela é um sistema construtivo que pode ser aplicado na construção de escolas, espaços culturais, ginásios esportivos, armazéns para grãos, terminais de cargas e de passageiros, hangares e tantas outras atividades que demandem grandes áreas cobertas sem a intervenção de colunas internas, por tratar-se de um sistema autoportante polidirecional.

A eficiência energética assegurada pelo sistema é garantida em outra condição, quando os módulos forem translúcidos, permitindo através da iluminação zenital a redução do consumo de energia em diversas modalidades de aplicação dessa tecnologia. Um plano de marketing confirma a viabilidade mercadológica dessa tecnologia.

Outras contribuições ambientais referem-se à possibilidade da formulação de compósitos associando o PET a fibras vegetais, como o sisal ou o pó de serra tão abundante nas serrarias amazônicas; a calcita e outros minerais encontrados no Brasil. Construcell poderá reduzir o impacto ambiental causado pelas empresas petrolíferas incorporando, aos compósitos, a bentonita atirada na natureza resultante da perfuração de poços de petróleo.

A proximidade da Copa de 2014 sugere a introdução de novas tecnologias no cenário da engenharia mundial para a construção de estádios de futebol. O uso de uma tecnologia com tais interfaces ambientais, que permite o crescimento biológico do gramado natural, torna-se uma contribuição relevante para solucionar o problema dos campos de futebol em estádios cobertos. Essas condições se encaixam na declaração do ex-presidente Lula, ao afirmar na África do Sul que a Copa de 2014 será ambientalmente sustentável. As características estruturais desse sistema construtivo, conhecido por estruturas articuladas, permitem a absorção de esforços externos e são muito úteis para uso em áreas submetidas a terremotos.

Sobre este invento, várias matérias foram publicadas dentre as quais se destacam a do Correio Braziliense, a do Diário de Pernambuco, Construções celulares do Correio da Paraíba, a do portal do Confea, a do portal do Crea-PB. A Folha do Meio Ambiente e A União publicaram ótimas entrevistas sobre a tecnologia Construcell. A revista Edificar, a revista Artestudio e o jornal Contraponto publicaram ótimas matérias sobre essa tecnologia. O portal Universia publicou uma matéria enfatizando o cenário brasileiro da inovação no universo da construção civil.

Este invento foi premiado com medalhas de ouro em salões europeus de tecnologia: no 28º Salão de Invenções de Genebra e no BBC Tomorrow’s World Live, em 2000. Sobre ele, Marinho fez conferências no Mestrado em Estruturas da Universidade de Brasília, na 5ª Bienal de Arquitetura de Brasília, no 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos, no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, Confea, no Crea/PB e na Pós-Graduação em Arquitetura da UnB, que foi incluída no Sistema de Avaliação da Capes (página 6).

A jornalista Eliane Cantanhêde ao publicar um artigo, na Folha de São Paulo, dedicado à primeira medalha de ouro conquistada por Reginaldo Marinho, concluiu assim: “Governo, iniciativa privada e jornalistas, como eu, pecamos pela omissão. Parabéns, Reginaldo Marinho! E mil desculpas para você e os pirados como você.”

Há quase um quarto de século, o jornalismo tradicional se permitia fazer editoriais que criticassem o modelo brasileiro na área tecnológica. Em 09/05/2000, o Jornal do Brasil publicou o editorial Medo de voar, sintetizando a saga de Reginaldo Marinho diante do cenário perverso de boicote ao desenvolvimento tecnológico nacional.

O editorial repercutiu a reportagem publicada no mesmo JB, no domingo anterior, intitulada Um inventor brasileiro para o mundo, sobre a experiência de Marinho na Europa, após receber a sua primeira medalha de ouro em Genebra. A matéria foi publicada com direito a chamada de capa.

O professor Moacyr Costa Ferreira, da Universidade de Guaxupé, incluiu o nome de Reginaldo Marinho em uma relação dos Grandes brasileiros (veja #48) em Ciência e Tecnologia. Marinho foi o único nome citado na sessão da Comissão de Educação do Senado Federal, quando aprovou o Dia Nacional do Inventor. Embora, o texto da matéria revele o desprezo que os senadores têm pelos inventores brasileiros.

A Rede TV fez uma matéria muito boa sobre a participação de Construcell no 14º Salão do Inventor Brasileiro, a TV Globo Nordeste fez ótima reportagem sobre esse invento, em sua apresentação no 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos, a TV Cabo Branco fez uma homenagem no Dia do Inventor.

A TV Correio fez uma matéria na qual o engenheiro Argemiro Brito, consagrado calculista paraibano, compara a inventividade da tecnologia Construcell às obras de Leonardo Da Vinci e do arquiteto italiano Pier Luigi Nervi, que é uma das estrelas da arquitetura estruturalista. Pier Luigi Nervi foi o arquiteto que projetou a belíssima Embaixada da Itália em Brasília.

É do arquiteto Nervi a definição que sintetiza os fundamentos estruturais da arquitetura contemporânea: “As estruturas são a materialização das forças que atuam em um projeto.” A tecnologia Construcell adota esse princípio, as suas vigas são tão delgadas que tangenciam a imaterialidade. A sensação imaterial será mais intensa quando os módulos forem transparentes. É um modelo estrutural que potencializa, através dos esforços distribuídos pela geometria selecionada, o aproveitamento máximo dos recursos naturais.

A trajetória desafiadora de Reginaldo Marinho inicia em 1968, como um autêntico teenager da década de 60, quando foi contratado pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB, por notório saber, para lecionar Geometria Descritiva no Colégio Universitário da Paraíba, em substituição ao professor Argemiro Brito. Marinho lamenta que a Geometria Descritiva, disciplina que ilumina a inteligência espacial, tenha sido excluída da grade curricular.

O engenheiro Argemiro Brito, de quem Marinho foi aluno, conhece esse invento desde o início, sendo um grande entusiasta dessa descoberta. O engenheiro Brito é um profissional ousado e desafiador no campo das estruturas, ele é autor do cálculo estrutural da estátua de Santa Rita de Cássia, a maior estátua católica do mundo. É uma estátua com 50 m de altura construída com uma parede de concreto armado de apenas 6 cm de espessura, da base ao topo. O engenheiro Argemiro Brito é o responsável pelo cálculo estrutural do protótipo Construcell.

A Fundação Joaquim Nabuco-Fundaj incluiu um depoimento sobre Construcell no documentário que produziu para a 55ª Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal de Pernambuco, e a TV Universitária fez outra matéria sobre a participação de Marinho no encontro da SBPC. A TV Bahia deu grande destaque à presença de Reginaldo Marinho no 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico.

Durante algum tempo, Marinho alimentou a veleidade de contribuir para reduzir o desprezo governamental pelo desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil, atividade sem a qual perderemos as oportunidades competitivas no mercado mundial contemporâneo.

Outros artigos mais leves foram publicados no portal de arquitetura Vitruvius: O arquiteto global, os desafios de lord Norman Foster, Expo Xangai, Argemiro Brito, o filósofo das estruturas.

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Entrevista Eduardo Assad

quarta-feira, março 23rd, 2011
ENTREVISTA EDUARDO ASSAD
Brasileiro pobre também deveria ter painel solar

NOVO SECRETÁRIO NACIONAL DE CLIMA PREGA INCENTIVO FISCAL E QUER MUDANÇA DE ATITUDE


CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O novo secretário nacional de Mudança Climática, Eduardo Assad, tem dois recados para os empresários do país: se quiserem investir em energia alternativa, haverá crédito barato do governo. Se não quiserem, vão ter de investir do mesmo jeito.
Engenheiro com doutorado em hidrologia, o pesquisador da Embrapa Informática assumiu o cargo na semana passada, com carta branca da ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) para formular a política climática.
Ele diz que o recém-criado Fundo Clima, que começa neste ano com R$ 229 milhões, será o principal incentivador do desenvolvimento de tecnologias como energia solar, de marés e biodiesel.
Mas avisa que essas mesmas linhas de crédito devem abrir no governo o debate sobre restrições a financiamento para quem não quiser adotar tecnologias limpas. “Soltou-se essa lebre”, afirma.
Um entrave sério, para ele, é a maneira de pensar em energia no Brasil. “Num país cuja mentalidade de geração de energia nos últimos 50 anos foi hidrelétrica, você tem posições que são refratárias imediatamente”, diz.
“Se eu puder tomar meu banho com energia solar, será um passo razoável. Isso não é novo: a classe média alta em todas as cidades brasileiras já faz isso. Por que o pobre não pode fazer?”
Folha – O que muda na secretaria de Mudança Climática?
Eduardo Assad
– Estamos num processo de discussão. Hoje a secretaria se chama Secretaria de Mudança Climática e Qualidade Ambiental, provavelmente vai se chamar Secretaria de Mudança Climática e Recursos Hídricos, talvez florestas, para você ter mais aderência nessas questões todas. Uma das nossas missões é acompanhar o desmatamento. Outra é acompanhar políticas para reduzir desertificação. Acompanhar reduções de gases de efeito estufa. Discutir, acompanhar e participar dos sistemas de alerta.
Existe uma previsão no Fundo Clima de recursos para pesquisa em energia solar. Mas é pouco, não?
É pouco. Mas a boa notícia é que agora tem. Vamos competir com o setor elétrico? Absolutamente! O que nós queremos é que, naquelas regiões do Brasil onde você tem problemas de distribuição, áreas pequenas, municípios com 5.000, 10 mil habitantes, por que não utilizar energia solar, pelo menos para aquecer a água? Isso não pode ser uma opção somente das áreas urbanas, da classe média alta. Por que o pobre não pode usar coletor solar?
O Brasil tem condições hoje de usar energia fotovoltaica?
Tem. Existe um grupo no Rio Grande do Sul que desenvolveu um material muito legal e bastante eficiente. Então vamos agitar isso para encontrar soluções que falem, por exemplo, de refrigeração solar para preservar alimentos no sertão? Isso não é novo, é do meu tempo de estudante. É caro? É caro. Mas nas áreas mais afastadas dos grandes centros talvez não seja tão caro.
Vamos começar pelo começo, por aquelas áreas onde você pode fazer isso de uma forma mais eficiente. Isso gera demanda de pesquisa, de novos materiais, de eficiência. E você vê a partir daí se é possível.
Num país cuja mentalidade de geração de energia nos últimos 50 anos foi hidrelétrica, obviamente você tem posições que são refratárias imediatamente. E cálculos enormes dizendo que não é isso, que não é aquilo…
Quando você discute essas coisas, tem de olhar para o futuro, num horizonte de 40 anos, de 50 anos. Só que 30 anos atrás já se falava disso. E não se fez. Outra coisa importante: 8.000 km de costa e você não tem energia de marés. Por quê?
Também existem populações na beira do mar que têm dificuldade de ter energia. E é um absurdo não ter nenhum protótipo instalado. A iniciativa privada não quer? Tá bom, o governo quer.
E o Brasil comprou um protótipo da Alemanha?
Não sei se da Alemanha, mas comprou de fora.
Não é um pouco ingênuo achar que só porque existe dinheiro e expertise no país o negócio vai ser feito? Nosso empresariado é cronicamente ruim de inovação.
Vamos dizer que nós estamos mais ou menos na situação em que os EUA estavam em 1930, 1940, quando se decidiu que todos os equipamentos usados em ciência e tecnologia deveriam ser americanos. No momento em que isso foi feito, várias indústrias cresceram. Nós em grande parte perdemos esse “timing” no Brasil. Mas o governo pode sinalizar que está trabalhando nessa linha, energia renovável. Se eu coloco esse dinheiro a juros de mercado, ninguém vai pegar. Então nós vamos atrair recursos para isso.
Mas não basta oferecer a cenoura do juro barato, é preciso dar o chicote da regulação.
Vamos tentar pensar na posição mais favorável, não na cobrança, mas no incentivo: você tem de um lado esse incentivo, de outro um programa imenso no MCT de inovação, que precisa de recurso nosso para avançar.
Alguns exemplos importantes no Brasil surgiram nessa linha de energia. O exemplo de São Paulo e de Gramacho, do aterro sanitário, é fantástico. Você recicla, gera energia e atende 600 mil pessoas. É o melhor dos mundos. Dentro da lógica da redução de emissões, opções novas vão ter de surgir. Jogar pedra em energia solar, isso se faz há 30 anos.

Radar on line

quarta-feira, janeiro 26th, 2011

Radar on line publica nota relacionada à pirataria praticada pela Nokia contra um inventor brasileiro. A Veja já publicou uma matéria “Ganhou e não levou” do jornalista Sérgio Ruiz Luz que antecipa as perdas econômicas sofridas pelo Brasil, pela ausência de uma política eficiente de proteção e estímulo a quem produz tecnologia neste País.

Equação díficil – Editorial Folha de São Paulo

segunda-feira, janeiro 10th, 2011


São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
 
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Editoriais

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Equação difícil

Verbas para o setor de ciência e tecnologia voltam a crescer no 2º mandato de Lula, mas burocracia mina a eficiência de pesquisadores brasileiros

É comum ouvir de cientistas brasileiros, nos dias atuais, que a disponibilidade de dinheiro para pesquisa não é mais o principal problema do setor. Estatísticas confirmam a percepção: os investimentos de fato cresceram no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Não de forma linear, porém.

Sérgio Rezende, físico de renome que fez carreira técnico-política em Pernambuco no grupo do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) e do atual, Eduardo Campos, ocupou a pasta nos últimos cinco anos. No total foram oito de gestão do PSB no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Seu feito principal foi estancar a queda relativa dos gastos em pesquisa e desenvolvimento no governo Fernando Henrique Cardoso e no primeiro mandato de Lula.

Um indicador internacionalmente reconhecido compara o montante investido com o PIB do país. Nações como Alemanha e Estados Unidos investem acima de 2,5% do produto, meta adotada pelo Brasil para 2022.

No início da década o escore nacional ficava pouco acima de 1%, mas entre 2002 e 2005 caiu para o patamar de 0,9%. Voltou a cruzar o limiar em 2006 e, desde então, observou pequenos incrementos, até alcançar 1,3% em 2010.

É um nível similar ao da Espanha (1,35% em 2008), mas um pouco aquém da China (1,54%). Fica abaixo, além disso, da meta intermediária de 1,5% adotada pelo governo federal para 2010.

O próprio Rezende, no entanto, alertou em entrevista à Folha que um dos maiores problemas da ciência brasileira é de outra ordem -está na burocracia. Como em tantos setores, ela dificulta até a aplicação dos recursos disponíveis. Mesmo que se atingisse 1,5% ou 2,5% do PIB, a comunidade científica enfrentaria embaraços para de fato despender a dotação.

O ministro, que deixa o cargo em 31 de dezembro em favor do economista e senador Aloizio Mercadante (PT), aponta o Tribunal de Contas da União como fonte principal dos empecilhos. O órgão teria reforçado regras e exigências após alguns desvios em fundações supostamente dedicadas à pesquisa, mas que serviam de fachada para compras irregulares.

“É uma burocracia para se usar os recursos, para explicar como usou”, alerta Rezende. “Um cientista brasileiro enfrenta muito mais burocracia do que um europeu para fazer o mesmo trabalho, e isso diminui a competitividade.”

O mesmo se constata na área de importação de equipamento e insumos para pesquisa, como reagentes e material biológico. Receita Federal e a Anvisa cumulam o pesquisador com exigências burocráticas, ocasionando atrasos de semanas e até meses no recebimento de encomendas, quando não a perda do material, por acondicionamento inadequado nos armazéns alfandegários.

Depois de sucessivas gestões com esses órgãos, o MCT conseguiu que formulassem resoluções facilitando a importação. Como de hábito no Brasil, contudo, as diretrizes nem sempre chegam ao funcionário no balcão.

A ineficiência do Estado tem muitas facetas e engendra equações nem sempre fáceis de resolver -resta saber como o novo ministro, que é um economista de formação, pretende solucioná-las.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2412201001.htm

Investimento em inovação exige que Finep vire banco, defende Mercadante

quinta-feira, janeiro 6th, 2011

Segundo novo ministro de Ciência e Tecnologia, essa seria forma de aumentar investimentos

05 de janeiro de 2011 | 23h 23 

Marta Salomon, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Aloizio Mercadante é, como ele mesmo define, um economista que “está ministro”. Depois das primeiras horas no cargo de ministro de Ciência e Tecnologia, Mercadante anunciou que pretende transformar a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública responsável por bancar projetos na área de ciência e tecnologia, em instituição financeira.

André Dusek/AE

André Dusek/AE

Ministro também quer revisar acordo espacial com Ucrânia

Seria uma forma de aumentar investimentos – ainda acanhados – no setor. E a proposta já conta com o aval da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao Estado no início da noite da última terça-feira, Mercadante adiantou que mandou fazer uma revisão do acordo espacial com a Ucrânia, para o lançamento de foguetes da base de Alcântara, no Maranhão. O ministro admitiu, também, que tem dúvidas sobre a conveniência de produzir urânio enriquecido para exportação, uma possibilidade do programa nuclear brasileiro.

Pesquisas na área de defesa dividem as prioridades no novo governo, segundo o ministro, com outras áreas identificadas como de maior potencial de inovação tecnológica, nesta ordem: petróleo e gás, por conta da exploração do pré-sal, e a indústria farmacêutica, impulsionada pelo vencimento de patentes de medicamentos nos próximos anos.

Mercadante recorre a sua tese de doutorado em economia, recentemente defendida na Unicamp, para justificar a importância da inovação tecnológica na nova etapa do projeto de “novo desenvolvimentismo”, iniciado no governo Lula: “Não podemos nos acomodar no papel de exportador de commodities, temos de enfrentar um concorrente com custos cada vez mais reduzidos, que é a China”.

Qual é o papel do ministério do governo Dilma Rousseff?

O governo Lula criou as bases de um novo desenvolvimentismo, por sinal esse é o tema da minha tese de doutorado, uma tese de 550 páginas. O que eu chamo de novo desenvolvimentismo é basicamente uma inflexão histórica que supera o nacional desenvolvimentismo e o que foi o neoliberalismo. É um padrão de desenvolvimento que tem como eixo estruturante a criação de um mercado interno forte de consumo de massas e políticas de inclusão social. Agora, nós precisamos olhar a agenda para o futuro: o Brasil não pode se acomodar no papel de exportador de commodities. Temos de enfrentar um concorrente com custos cada vez mais reduzidos, que é a China. Temos problemas de juros, de câmbio, de carga tributária, de infraestrutura, mas somos uma economia que voltou a crescer. Isso significa que temos de focar na inovação como o grande desafio da indústria e da economia brasileira. A questão da sustentabilidade e a questão da sociedade do conhecimento são grandes desafios.

E como entram Ciência e Tecnologia nessa agenda?

A primeira prioridade é expandir, melhorar a formação de recursos humanos. Nós formávamos 5 mil doutores e mestres em 1987. Em 2009, estávamos formando 50 mil mestres e doutores, mas ainda estamos abaixo da média internacional, especialmente em algumas áreas. Nós formamos um engenheiro para cada 50 formandos, a Coreia tem 1 engenheiro para cada 4 formandos. Segundo, aprofundar a pesquisa. Na inovação, temos de ter uma visão sistêmica, que articule todos os agentes e com atenção especial para as cadeias que tem grande potencial inovador. Por exemplo: gás e petróleo. O Brasil vai ter mais de 25% da capacidade de compra de todo o investimento offshore de gás e petróleo no mundo. É uma janela de oportunidade que o Brasil tem. Da mesma forma, a área de fármacos. O déficit comercial na área de medicamentos e fármacos é mais de US$ 4 bilhões. A partir de 2014, as patentes estarão abertas. Então o Brasil tem um grande potencial para avançar nessa área e usar essa oportunidade para desenvolver novos medicamentos, patentes próprias, inovação, pesquisa.

O sr. defende a criação de uma superempresa nacional para competir internacionalmente nessa área?

Eu não participei de nenhuma discussão nesse sentido nesse momento. Mas o que nos interessa no ministério é inovar, e a gente não inova sem parceria com a iniciativa privada. As empresas brasileiras ainda investem pouco em pesquisa e desenvolvimento: 0,51% do PIB. O Japão tem investimento de 2,7% do PIB, só as empresas.

Por que as empresas investem pouco aqui?

Porque a cultura industrial do passado era uma cultura da reserva de mercado, onde a tecnologia era importada, você comprava no mercado, era mais barato. E porque viemos da hiperinflação, mais de duas décadas de baixo crescimento e instabilidade e de custos elevados, juros, câmbio e carga tributária. Agora o ambiente macroeconômico se estabiliza, as taxas de crescimento se aceleram e você tem política industrial, tem apoio do BNDES, tem apoio da Finep , começa a ter um marco legal mais favorável à inovação, as empresas começam a avançar. Uma das metas é transformar a Finep numa instituição financeira, para aumentar a capacidade de financiamento, tanto de projetos reembolsáveis como não reembolsáveis, teria muito mais capacidade de alavancagem, inclusive com recursos de mercado. Esse é um dos objetivos da nossa gestão. Já temos um parecer do BC sobre esse tema, conversei com a presidenta Dilma sobre essa possibilidade, e ela gostou muito da proposta, acha que isso pode ser um excelente caminho.

É viável a meta de investimento no setor?

O porcentual de investimento em pesquisa e desenvolvimento dos setores público e privado hoje está em torno de 1,25% do PIB. Para chegarmos à meta de 1,5%, a verba para o setor precisa crescer 10% ao ano. É ambicioso, mas é possível. A recomendação da 4ª Conferência de Ciência e Tecnologia é chegarmos a algo entre 2% e 2,5% em uma década. Essa ambição histórica, o Brasil tem de ter. E temos de superar alguns entraves básicos, como a importação de reagentes. A Anvisa fez um protocolo, a Receita fez, mas, objetivamente, não resolveu. O complexo industrial da saúde merece muita atenção. Outro complexo muito importante na inovação é o complexo da defesa. Nós temos hoje alguns projetos importantes, temos a discussão de como transferir tecnologia na aviação militar, que é fundamental para a nova geração da aviação civil, isso tem de estar articulado. Na área aeroespacial, o presidente da SBPC , Marco Antonio Raupp, vai assumir a presidência da Agência Espacial Brasileira, com grande experiência na área.

O acordo espacial com a Ucrânia vai ser mantido?

Quero fazer uma avaliação bastante detalhada para ver como evoluiu, qual é o potencial de evolução, quais são as dificuldades. Vamos fazer uma avaliação profunda do acordo, vamos olhar empresa binacional que está envolvida. Falei com a presidenta Dilma que nós íamos fazer todo esse levantamento. É prematuro um posicionamento. Novas definições do programa nuclear estão suspensas desde 2008, desde pouco depois da retomada do programa. Há um lobby forte pela participação da iniciativa privada na construção e operação de novas usinas, o que exige emenda constitucional.

O sr. apoia?

Existe um grupo ministerial, e o ministério pode ser ouvido no futuro. Mas a competência do nosso ministério é a pesquisa e a inovação, o domínio do ciclo do enriquecimento de urânio. Domínio em escala industrial é uma possibilidade. Esse passo só se justificaria se nós fôssemos exportar urânio enriquecido. Há demanda hoje no mercado internacional. Mas existem outros países que estão estabelecendo investimentos nessa área, então temos de pensar muito bem a viabilidade econômica desse passo.

O sr. tem dúvidas sobre a conveniência de produzir urânio para exportação?

É um tema que está em discussão. Estou aqui há 24 horas, certo? Evidentemente, a decisão caberá à presidenta da República.

Sua conversa com a presidente Dilma até aqui já desceu a detalhes?

Já tive uma segunda conversa. Hoje, eu conversei com ela mais de duas horas, acho que foram quase três horas. Ela é do ramo, gosta, se motiva. Conversamos muito sobre banda larga e inclusão digital, ela conhece profundamente essa discussão. Eu tenho um projeto já aprovado no Senado, que canaliza recursos do Fust para esse programa. O Fust arrecada R$ 1 bilhão por ano, e esses recursos sempre foram contingenciados. Não vamos conseguir resolver o apartheid social no Brasil se nós não resolvermos o apartheid digital. Na votação do Orçamento de 2011, parlamentares tiraram dinheiro da ciência e tecnologia para financiar projetos de turismo. Como são emendas que viabilizam respostas imediatas às prefeituras, ganham esse apoio. Mas devíamos olhar um pouco mais adiante e ver que essas cidades deviam estar preocupadas em montar uma incubadora de empresas com base tecnológica para estimular o empreendedorismo, pensar em parques tecnológicos para atrair empresas que vão criar emprego de qualidade e pesquisa. Mas conseguimos negociar, e verba vai voltar para o orçamento, porque a presidenta assegurou que voltará.

Qual é o maior problema que encontrou aqui?

Depois do que passei na liderança do Senado, eu ainda não encontrei nenhum. Seguramente há. Na realidade, sou um economista professor, estive senador. Estou ministro. E eu acredito que o Brasil só dará um salto histórico sustentável se olhar a sustentabilidade e a sociedade do conhecimento, e essas duas coisas passam por esse ministério. Um exemplo de um dos projetos que vamos implantar é a previsão de catástrofes. O Inpe tem um supercomputador, o 3º maior em meteorologia e o 29º maior do mundo, inaugurado terça passada. Vamos usar para ter uma previsão mais especializada e cruzar com informações das áreas de risco. Nós estimamos 500 áreas de risco no país e 5 milhões de pessoas expostas. Estão aumentando as precipitações. A cada chuva, aparecem vítimas, mais desabrigados.

O sr. falou em seu discurso de posse em atrair talentos, mas como se dará isso?

Só atrai com estímulo. Nós queremos fazer a repatriação de talentos brasileiros que saíram nas épocas difíceis. Só professores nas universidades americanas, em exercício, são cerca de 3.000. É bom que tenha gente nos principais centros, na fronteira do conhecimento. Mas, além de atrair talentos, estamos precisando de técnicos, engenheiros, não só repatriar, como atrair talentos estrangeiros que queiram vir para cá. Vivemos durante um período uma diáspora de talentos, hoje somos um imã.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,investimento-em-inovacao-exige-que-finep-vire-banco–defende-mercadante,662561,0.htm



TV Cabo Branco | Dia do Inventor

domingo, novembro 14th, 2010

Rede TV | 14º Salão do Inventor Brasileiro

quinta-feira, outubro 28th, 2010

Revista Edificar

quarta-feira, setembro 8th, 2010

4 Setembro de 2010 às 19h46

No outro andar

Reginaldo Marinho/Fotos: Olenildo Nascimento Reginaldo Marinho/Fotos: Olenildo Nascimento

O Construcell de Reginaldo Marinho
   
Invento do cientista paraibano une a tecnologia à ecologia, para criar estádios, com cobertura plástica, para a Copa de 2014

[ por thamara duarte ]
Imagine um estádio de futebol construído com cobertura de resina plástica, um módulo prismático feito de pets reciclados, e com placas fotovoltaicas que possibilitam a transparência do elemento e não utilizam materiais opacos. Uma construção sustentável, que preserva o planeta, e que é, também, menos suscetível aos abalos provocados por fenômenos da natureza, notadamente os terremotos…
 

Não, não se trata de ficção científica! Nem, tampouco de invento que ainda está sendo projetado para um futuro distante, idealizado apenas na cabeça do criador ou em fase de estudos. O Construcell tem como base o triângulo equilátero e o encaixe se dá através de parafusos colocados em cada um dos três lados iguais. A invenção existe há 10 anos, patenteada desde 2000, no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, no Rio de Janeiro. O paraibano Reginaldo Marinho já recebeu duas medalhas de ouro, em eventos tecnológicos em Genebra e em Londres. Mas, somente agora, como um dos selecionados pelo Prime – programa do Ministério da Ciência e Tecnologia, para fomentar a criação de empresas nascentes de base tecnológica – o cientista diz acreditar que, de fato, o invento será tirado do papel e efetivado em variados tipos de construção.
 

Depois de conquistar a nota máxima no Prime, em conteúdo tecnológico, o Construcell aposta na Copa de 2014, como o momento ideal para o País mostrar não apenas os dribles dos jogadores em campo. A edificação do estádio em plástico vai chamar a atenção dos cientistas, ambientalistas e de todos os cidadãos que acreditam no uso da tecnologia ligado à preservação da ecologia. A partir do Construcell do cientista Reginaldo Marinho, a taça do mundo – em ciência – será nossa!
 

“A minha invenção vem na mesma direção do que foi anunciado pelo presidente Lula, durante os jogos na África do Sul. Ele disse que a Copa do Mundo em 2014, no Brasil, seria marcada como a Copa da Ecologia”, revela Reginaldo Marinho. “Mas, infelizmente, o Estado brasileiro precisa cumprir, com vigor, o que determinam os artigos 218 e 219 da Constituição Federal”. Como revelador da omissão governamental, o cientista cita o artigo 5, da Lei 9.279, a Lei de Propriedade Industrial, que diz: “Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”.
 

Recentemente, ele participou de debate com um diretor do Ipea, que incluiu o binômio da ciência e da tecnologia na gestão dele. “Mencionei os dois principais gargalos que inibem o desenvolvimento tecnológico nacional: a recusa das agências de fomento – BNDES e BNB-, em aceitar o patrimônio intelectual como garantia a financiamentos específicos ao desenvolvimento tecnológico (Lei 9.279), e o prazo que o INPI aplica, de oito a dez anos, para conceder uma patente, quando o Escritório Europeu de Patentes (EPO) concede em oito meses”, diz Reginaldo. À indagação, recebeu, como resposta, a afirmativa: “Esta é uma ‘questão meramente cultural’’.
 

Há uma década, desde que concebeu e patenteou o Construcell, Reginaldo Marinho enfrenta entraves: alguns são burocráticos, outros são resultados de uma visão ainda estreita, de que o Brasil, diferente da China e da Índia, por exemplo, não está preparado para exportar tecnologia para o restante do mundo. Com o mesmo vigor com que luta pela autonomia nacional, o paraibano reconhece: novos tempos estão chegando; novos paradigmas estão sendo criados neste século XXI. Ele anuncia que uma ONG está estudando a possibilidade de construir o primeiro estádio em plástico do mundo.
 

Com uma estrutura para receber 45 mil torcedores, seguindo as especificações da Fifa, o projeto fica pronto em três meses. Serão consumidos 15 kg de resina por metro quadrado e o insumo pode ser o pet reciclado. A “receita” para criar o módulo prismático é simples: a resina plástica é colocada na injetora, que passa por um cilindro a 250 ° C e vai para o molde. Quando resfriada, ela vira o prisma triangular, que constrói o sonho de Reginaldo Marinho…

Na fotografia, o olhar poético sobre a cidade de 425 anos
Reginaldo Marinho lembra que a mania de construir veio da infância, quando morava numa casa com quintal imenso e um fogão a lenha. Aos seis anos, usava a madeira que o pai comprava para a cozinha para construir casas e cabanas nas brincadeiras com o irmão Ranilson. Depois, descobriu que o bom era montar e desmontar os brinquedos e equipamentos da casa – ferros de engomar e rádios de válvula. Recebeu então, de presente da mãe, uma caixa com as ferramentas do “Pequeno Construtor”.
 

Considerado o “bicho papão” para a maioria da meninada, na matemática, não tinha para ninguém: Reginaldo nunca aceitou menos do que um dez numa prova e, com 17 anos, recém ingresso no curso de Engenharia da UFPB (foi aprovado em quarto lugar no cômputo geral), foi ajudar o professor Argemiro Brito a ensinar os segredos da geometria descritiva aos alunos do Colégio Universitário. No meio do ano, passou de assistente a titular, implantando uma didática desconhecida na década de 1960: a interdisciplinaridade das matérias, ligando, por exemplo, a geometria à ótica.
 

O espírito, sempre inquieto, lhe fez voltar-se para a fotografia e a descoberta do espaço. Comprou uma Olímpus Pen, com teleobjetiva, e passou a mirar a realidade que o cercava, notadamente, a natureza e o social. Largou o curso de Engenharia e foi estudar Arquitetura na UNB. A capital federal fervia, com brasileiros de todos os estados, crenças políticas e tribos culturais. Mas o ambiente universitário estava esvaziado, após a invasão do campus. Ele resolveu, então, voltar a morar em João Pessoa.
 

Antes de deixar Brasília, trabalhou como fotógrafo na revista “Manchete”, “Jornal de Brasília e “Diário da Manhã”. Certa vez, brigado com o diretor do jornal, se viu impedido de participar de um concurso cultural. Um colega “roubou” duas fotos e se inscreveu. Pelo estilo do profissional, a “farsa” foi logo descoberta; o que não impediu Reginaldo de ganhar a medalha de ouro.
 

Em João Pessoa, lançou o livro “Verde que te quero ver”, com imagens da cidade quatrocentona. São fotos memoráveis; clicks que enchem os olhos do leitor: do Centro Histórico à Lagoa, passando pelos monumentos e a orla marítima, a beleza da capital é revelada com infinita poesia. Aos 61 anos, o inventor, fotógrafo e cidadão Reginaldo Marinho faz uma surpreendente afirmação: a ciência nunca o impediu de acreditar no divino. “Minha leitura é de que Deus tem duas linguagens fundamentais para se chegar a ele – a arte e a ciência. Ele me dotou com as duas!”.

Revista Edificar

Bom Dia Pernambuco

segunda-feira, junho 21st, 2010

19º Congresso Brasileiro de Arquitetos

Congresso de arquitetos busca soluções para preservação do meio ambiente

segunda-feira, junho 21st, 2010

Cerca de 3 mil profissionais estão participando do evento, que acontece no Centro de Convenções

Da Redação do pe360graus.com

Congresso reúne, no Centro de Convenções, em Olinda, arquitetos de todo o País. A preservação do patrimônio histórico e do meio ambiente são alguns dos temas que estão sendo discutida no encontro.

“Todos os 3 mil arquitetos que estão no Recife se interessam em discutir a nova cidade, o Brasil do futuro, para que nossas cidades sejam mais sustentáveis. O projeto arquitetônico pode, de fato, ser mais econômico”, falou a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em Pernambuco, Vitória Andrade.

“O patrimônio, hoje, é visto como oportunidade de negócio. Esse bem é único. As pessoas estão começando a descobrir que pode ser viável a recuperação do patrimônio”, concluiu Vitória.

No evento, também está sendo apresentado um projeto arquitetônico todo feito de plástico. “Fiz uma maquete de um sistema construtivo, com dois novos paradigmas: é o primeiro em plástico, e o primeiro em construção que pode ser totalmente transparente. Ele também permite a utilização de plástico reciclável. Ele é montado todo por justaposição”, falou o professor Reginaldo Marinho.

De acordo com Reginaldo, este é um projeto viável. “Sendo um produto que pode utilizar o plástico reciclável, já tem um ganho econômico enorme. Embora a descoberta já tenha acontecido há mais de 10 anos, não foi implantado em lugar nenhum”, afirmou.

Fonte: Rede Globo Nordeste

Diário de Pernambuco

segunda-feira, junho 21st, 2010

Um destino nobre ao PET

Material considerado vilão do meio ambiente ganha outras aplicações na construção civil
Ana Cláudia Dolores
anadolores.pe@dabr.com.br
Que destino você daria a uma daquelas garrafas descartáveis de refrigerante? O mínimo que um cidadão consciente faria era jogar o material num recipiente próprio para reciclagem. O inventor paraibano Reginaldo Marinho aliou conhecimentos em engenharia, resistência dos materiais e geometria descritiva à responsabilidade com o meio ambiente para dar um fim inusitado ao produto. Ele criou o módulo estrutural Construcell, um prisma triangular transparente que permite o uso do PET – Polietileno Tereftalato, a mesma resina plástica das embalagens de bebidas – e que tem diversas aplicações na construção civil.

Inventor paraibano Reginaldo Marinho mostra uma das aplicabilidades do Construcell Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A.Press

Para entender a criação do inventor, é preciso visualizar uma obra convencional. As faces laterais da peça atuam como vigas, que, comumente, seriam feitas de metal, madeira ou concreto. “Usar o plástico como estrutura é algo inédito no âmbito da construção civil no mundo. Não existe nem literatura, nem normatização para isso ainda”, evidenciou Reginaldo, que há 12 anos se dedica à elaboração desse projeto. Já a face central do prisma triangular corresponde à cobertura, dando lugar a telhas metálicas ou cerâmicas.

Com uma montagem rápida, por utilizar apenas parafusos para unir as peças, os módulos podem ser aplicados como telhados de moradias populares. Um projeto de habitação de baixo custo ainda não executado foi elaborado pelo inventor, em parceria com o arquiteto Aldênio Barreto, do Recife. Para cobrir uma moradia de 40 metros quadrados, seriam retiradas do meio ambiente 12 mil garrafas PET, em média. “Essa é uma solução que pode ser pensada pelos gestores públicos por incrementar uma atividade social, que é a coleta dessas embalagens, e por dar aplicabilidade a um produto que, se não é reciclado, causa sérios danos ambientais”, assinala Reginaldo Marinho.

O prisma é praticamente inquebrável, tanto que suporta o peso de um adulto sobre sua superfície. Essa é uma das vantagens do módulo feito de resina PET em relação ao vidro. “Dá para ter meninos jogando bola por perto que não há risco de o dono da casa ter prejuízo”, brinca o inventor. Como a estrutura pode ser confeccionada com diversos materiais, se feita com policarbonato, transparente ou colorido, é capaz de resistir a disparos de projéteis de calibre 38. Investir na tecnologia pode significar, também, economia na conta de energia. O plástico permite a passagem de luz e ainda não transfere o calor para dentro da casa, por ser um ótimo isolante térmico. Além disso, a estrutura possibilita a aplicação de placas fotovoltaicas, que transformam luz solar em eletricidade.

O invento pode ser um filão na construção de arenas esportivas para a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016, que serão realizadas no Brasil. Isso porque os estádios podem ser cobertos completa ou parcialmente com esse material. “O produto é ideal porque permite a fotossíntese do gramado e ainda isola o ambiente acusticamente. É uma oportunidade que o país tem de mostrar que temos uma solução de engenharia nacional, com tecnologia própria”, sugere. O Construcell ainda será lançado no mercado e, por não estar sendo produzido em escala, não pode ter o preço mensurado.

Entenda o módulo Construcell

O que é?A estrutura é um prisma triangular transparente que permite o uso do PET – Polietileno Tereftalato, a mesma matéria-prima das garrafas plásticas de refrigerante

Como se usa?Na construção civil, substituindo materiais convencionais, como concreto e metal. Pode ser usado na cobertura de casas e até de estádios de futebol

Como se faz?1 – A garrafa PET passa por uma usina de reciclagem, que a transforma em pequenas partículas de resina

2 – Essas partículas são colocadas numa máquina injetora, que vai aquecer o produto até seu ponto de fusão de 250 ºC

3 – A resina já derretida é introduzida num molde, de onde a peça é retirada

O Construcell feito com PET

– Com 20 garrafas PET é possível fazer 1 módulo: um triângulo de 1 kg com lados de 50 cm

– Com 12 mil garrafas PET é possível construir todo o telhado de uma casa popular de 40 metros quadrados

Fonte: Diário de Pernambuco

Portal do Confea

segunda-feira, junho 21st, 2010

Inventor cria estrutura com plástico para garantir eficiência energética

O inventor brasileiro Reginaldo Marinho, natural da Paraíba, é detentor de duas das cinco medalhas de ouro do Brasil em salões europeus de tecnologia. Admirado por engenheiros e arquitetos do mundo inteiro, por ter desenvolvido uma tecnologia de estrutura feita inteiramente com plástico reciclado, está decepcionado com a atenção que recebe em seu próprio país. Por aqui, o inventor espera, há 10 anos, seu elogiado projeto tornar-se realidade, mas mantém esperanças de ver galpões, hangares e até centros de compras serem construídos com seu material, sustentável do ponto de vista ambiental.

A invenção de Reginaldo é um prisma triangular com medidas de 500 milímetros nos lados e de 100 milímetros de altura, feito de uma resina produzida com a reciclagem de garrafas PET. Em cálculos e simulações estruturais, o material mostrou-se extremamente estável. “O material propicia uma sinergia muito grande entre dois fundamentos da estrutura: o arco de compressão e as treliças. No estudo da resistência, levando-se em conta fenômenos como torção, flambagem e peso próprio, por exemplo, o prisma apresentou coeficientes superiores a 2.8, quando o necessário é 1”, conta, com entusiasmo, o paraibano.

Professor da Universidade Federal da Paraíba, aos 18 anos de idade, por notório saber, ele foi o primeiro colocado no edital Prime – Primeira Empresa Inovadora, lançado pela Finaciadora de Estudos e Projetos (Finep). Vai receber R$120 mil para custear recursos humanos qualificados e serviços de consultoria especializada em estudos de mercado, serviços jurídicos, financeiro, certificação e custos, entre outros, durante 12 meses.

“Gostei de ganhar o edital, mas acredito que contratar uma empresa de marketing é o meu menor problema. Preciso de recursos para construir protótipos. Para esse problema, que é crucial, o governo ainda não encontrou solução”, diz. Os prismas de Marinho são estruturas modulares que, quando combinadas, permitem a formação de coberturas cilíndricas sem a necessidade de utilização de estrutura metálica. Outra vantagem do material, que o torna ainda mais sustentável, é, que, por ser totalmente translúcido, consegue capturar a luz externa sem absorver calor para o interior da construção.

“A eficiência energética é a questão central da humanidade atualmente. Além de utilizar a luz natural, há outro aproveitamento importante. Por ser de plástico, o prisma funciona como as duas estruturas necessárias para cobrir as placas fotovoltaicas, utilizadas na captação de energia solar”, explica.

Em um país como o Brasil, que contém áreas com baixa densidade populacional (região amazônica, por exemplo), essas estruturas podem ajudar a fornecer conforto, luz e internet para inúmeras comunidades isoladas. Como também podem ser construídos hangares com os prismas, a própria segurança das fronteiras do país, na região, pode ser reforçada.

Outra aplicação deverá ser em estádios de futebol. A Copa de 2014, no Brasil, é uma oportunidade para a discussão da ideia. “As placas translúcidas permitirão estádios cobertos e não prejudicarão a fotossíntese dos gramados. Um jogo só é bom se tiver um gramado adequado e conforto para os espectadores”, completa.

Marinho, que já possui a patente da invenção, pretende continuar a divulgar o projeto pelo país. Já prepara a documentação necessária para que, uma vez que o protótipo seja construído, poder certificar o material e mudar a aparência e a eficiência energética de muitas construções.

“Será a primeira construção totalmente transparente no mundo. Os estrangeiros estão tentando chegar lá, mas ainda não conseguiram. Construções como o Palácio de Cristal, em Londres, o Estádio Olímpico de Munique, e o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, utilizaram a transparência como elemento lúdico, mas todos possuem elementos metálicos em suas estruturas”, informa.

Thiago Tibúrcio

Assessoria de Comunicação do Confea

Fonte: portal do Confea

Rádio Confea

segunda-feira, junho 21st, 2010
Áudio — Kbytes

COPA DO MUNDO: Inventor paraibano sugere que novos estádios sejam construídos com garrafas PET
24/09/2009

Tempo do áudio – 2min29
LOC/REPÓRTER: Além do futebol bonito dentro dos gramados, outra marca que o Brasil quer deixar no Mundial de 2014 é a de se tornar o primeiro País a promover uma Copa do Mundo totalmente sustentável. O inventor paraibano Reginaldo Marinho tem uma sugestão. Premiado por salões europeus de tecnologia, o inventor defende que os novos estádios sejam construídos a partir de garrafas PET. É o chamado prisma triangular, tecnologia desenvolvida por Reginaldo. O módulo funciona como uma espécie de tijolo de plástico no formato de um triângulo e é feito a partir da resina produzida com a reciclagem das garrafas plásticas. Além de recolher e dar um destino às garrafas, o prisma triangular traz outras vantagens, como explica o inventor.

Fonte: Rádio Confea

Portal do Crea

segunda-feira, junho 21st, 2010
08/10/2009

Construções celulares

Construções celulares. Por mais complicada que a denominação pareça, não é preciso ter profundos conhecimentos científicos para compreender a magnitude da idéia do paraibano Reginaldo Marinho. De forma simples, porém genial, ele desenvolveu uma estrutura inédita no mundo para a construção de grandes vãos sem usar nenhuma estrutura metálica ou de concreto, com as características de cascas cilíndricas que utilizam plástico e resina. Com utilidade para os mais diversos fins, que vai desde a cobertura de parques industriais e estádios de futebol (inclusive para a Copa do Mundo que será no Brasil) até a construção de estufas ecológicas, a estrutura foi criada há 10 anos e só agora é formalmente reconhecida após ser selecionada no edital do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia que visa apoiar as empresas que desenvolvem produtos e soluções inovadores.

A construção celular, chamada pelo inventor de Construcell, transforma as pesadas e complexas coberturas metálicas tradicionais de ginásios, por exemplo, em uma estrutura de plástico, leve, resistente, econômica, móvel, fácil de montar e ecológica. Pode ser definida da seguinte forma: o ‘esqueleto’ que sustenta a cobertura, passa a ser composto pelo plástico, material usado nos diversos módulos triangulares que são montados e presos por parafusos para dar suporte a uma espécie de grande folha de resina (que pode ser produzida com o material da reciclagem de garrafas Pet) que vai fazer a cobertura do ‘esqueleto’.

Verba federal de R$ 120 mil para execução do projeto

Os módulos só existem em forma de projeto e maquete, nunca foram produzidos, pois mesmo tendo sido apresentado há 10 anos e ganho dois prêmios internacionais, a invenção genuinamente paraibana só veio ser reconhecida no Brasil esse ano. A Construcell rendeu ao pesquisador medalhas de ouro no 28º Salão de Invenções de Genebra (Suíça) e na BBC Tomorrow’s World Live (Londres), respectivamente em abril e em junho de 2000. Reconhecido internacionalmente, ele chegou a receber propostas de produção da estrutura na Itália, mas sob o argumento de ter sido, segundo ele, “rejeitado” pelo seu país, a proposta italiana não ofereceu nenhuma contrapartida financeira e ele não achou justo que fosse feita uma doação do projeto.

“Foram anos de portas fechadas aqui no Brasil. Durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso perdi as contas da quantidade de vezes que ouvi ‘não’ quando procurei apoio para o projeto, indo assim buscar esse reconhecimento lá fora. No Brasil temos a cultura de não dar valor ao que é nosso, de achar que não temos a capacidade de ter nossas próprias invenções e apenas copiar o que os países mais desenvolvidos produzem. Essa mentalidade faz com que muitos bons trabalhos sejam renegados”, disse Marinho.

Após anos de luta pelo reconhecimento, o inventor conseguiu recentemente apoio importante rumo a produção do seu projeto. Além de oferecer curso de capacitação para o aprimoramento dos planos de negócios apresentados pelas empresas, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que coordena essa ação, disponibilizará uma verba não reembolsável no valor de R$ 120 mil para a execução dos projetos.

Mundo transparente

Com notícia que recebeu sobre a reforma que o Governo do Estado vai implementar no Jardim Botânico Benjamim Maranhão, Marinho diz que “aproveitando essa sinergia nascida no Prime, o Jardim Botânico poderia abrigar a primeira construção do mundo totalmente transparente, sendo aplicada para uma estufa totalmente ambiental, motivando a visitação ao Jardim Botânico e valorizando o turismo local.

Outra idéia do inventor é sugerir ao senador Roberto Cavalcanti a criação de uma lei que estimule a geração de novas tecnologias no Brasil. A lei poderia contemplar com isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI), durante a vigência da patente, os produtos patenteados ou com a tramitação no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Essa seria uma maneira de integrar o Brasil às nações que investem massiçamente em tecnologia gerando riquezas para o nosso país, sendo tecnologia a atividade que gera mais divisas em todo o mundo”, diz o inventor.

Renascimento

Reginaldo Marinho se considera um “renascentista pós-moderno, que trabalha com arte, ciência e tecnológica”. Nascido em Sapé, ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aos 17 anos. Aos 18 foi contratado para dar aulas de geometria descritiva e abandonou o curso no 3º ano. Foi para Brasília, onde estudou arquitetura na UnB, encontrando a universidade totalmente desfalcada de seus melhores professores, após a invasão de 1968, em pleno regime militar. Outra vez desencantado com o mundo acadêmico, deixou o curso e foi dedicar-se à publicidade. Atuou como fotógrafo e jornalista e é membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.

Autodidata nas profissões que escolheu, Marinho não se formou em nenhum curso superior, mas em meio a um trabalho científico e artístico tem dado consideráveis contribuições para a sociedade. Quando indagado sobre a inspiração para suas invenções, ele não uma explicação objetiva e prática como seria o esperado de quem demonstra conhecimentos técnicos. Com idéias que aliam geometria, engenharia e uma sensibilidade artística de assustar, ele responde de maneira direta que as idéias simplesmente fluem, aparecem, florescem, sem explicação. “Muitas coisas aprendi fazendo; outras foram executadas sem que houvesse nenhum esforço, puro impulso ou absoluta harmonia”, explica Marinho.

Fonte: Renata Escarião – PortalCorreio/ Ascom/Crea-PB
Domingo, 27 de Setembro de 2009

Finep considera Fundação PaqTcPB como instituição modelo

segunda-feira, junho 21st, 2010

25/02/2010
“A Fundação PaqTcPB é um modelo a ser seguido”. A declaração foi feita, na manhã de hoje (25), por Marcelo Camargo, coordenador nacional do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime) da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) durante encontro realizado no auditório da instituição com empreendedores contemplados com o programa.

“É por isso que estamos aqui para validar e consolidar a matriz de indicadores a ser utilizada nas avaliações de todos os agentes operacionais Prime em todo país”. Afirmou o coordenador acrescentando que escolheram o Nordeste e em especial a Fundação PaqTcPB porque “é um agente operacional Prime, considerado um modelo e que tem nos dado muita satisfação em trabalhar, além do mais porque queremos descentralizar as ações do eixo Sul e Sudeste” completou.

Na oportunidade, Marcelo Camargo destacou a competência da diretora geral da instituição, Francilene Garcia, sublinhando sua capacidade de coordenar com excelência um programa com a dimensão do Prime. “A Francilene Garcia é conhecida na Finep como exemplo de excelência em coordenar e pelo que vimos na nossa avaliação todos estão de parabéns, inclusive vocês” disse Camargo aos empreendedores presentes.

De acordo com os técnicos, a partir do dados fornecidos pela Fundação PaqTcPB a respeito das ações desenvolvidas e executadas no Prime eles puderam consolidar com sucesso a matriz que será utilizada para avaliar todos os agentes operacionais em todo o país.

Quanto à interação com os empresários, os técnicos puderam obter um retorno dos mesmos sobre questões pertinentes à liberação dos recursos, prazos, contratação de gestores, entre outros.

O empreendedor Reginaldo Marinho, da Construcell, aproveitou a ocasião para declarar que “nunca o governo federal tinha assumido uma postura como a criação do Programa Prime para apoiar e alavancar o empreendedorismo nacional, nós estamos sendo muito bem assistidos” finalizou.

O que é o Prime

O Prime – Programa Primeira Empresa Inovadora – foi criado pela FINEP para apoiar empresas nascentes inovadoras com até dois anos de existência. No primeiro ano de operação do Prime, cada empresa selecionada poderá contar com R$ 120 mil, em recursos não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos)do Programa de Subvenção Econômica. No segundo ano do Programa, a empresa também poderá se beneficiar de um crédito adicional de mais R$ 120 mil, do Programa Juro Zero. Nesse caso, o financiamento será devolvido em 100 vezes sem juros.

Em quatro anos, o programa deve investir R$ 1, bilhão em cinco mil empresas nascentes. Para este ano, estão previstos recursos de R$ 230 milhões.

Números Prime obtidos pela Fundação PaqTcPB

No decorrer do processo a Fundação PaqTcPB recebeu mais de 200 propostas pré-cadastras oriundas de 12 estados brasileiros. Nesse período, foi contabilizado cerca de 1,5 mi de pessoas alcançadas na fase de prospecção através de visitas técnicas, palestras presenciais, inserção de mídias digitais, acesso ao portal Prime, dentre outros.

Durante a fase de submissão da proposta simplificada, 193 empresas foram inscritas, das quais 112 foram aprovadas e 110 consideradas aptas para a capacitação presencial e virtual oferecida aos empreendedores.

Após todas as fases, 98 foram aprovadas, com destaque para a Paraíba que obteve maior índice de aprovação, com 64 empresas, assim distribuídas: 42 empresas de Campina Grande, 16 de João Pessoa, 2 de Cabedelo, 2 de Patos, uma de Caraúbas e uma de Puxinanã, representando um percentual de 65% do total.

Já os estados do Rio Grande do Norte e Alagoas alcançaram o número de 20 e 08 empresas aprovadas, representando um percentual de 20,4% e 8,2%, respectivamente. Também foram aprovados projetos do Ceará, Rio de Janeiro, e Bahia.

A operação do Programa Prime representa uma injeção de recursos potenciais na economia local. De acordo com os dados fornecidos, o programa vai propiciar oportunidades a 98 gestores de negócios contratados, possibilitando aos mesmos uma nova carreira, movimentando a cifra de R$ 2 milhões investidos em apenas um ano. E como se não bastasse, 300 contratos de consultoria estão previstos além do surgimento de novas consultorias especializadas que fortalecerão um segmento de mercado de interesse que movimentará mais de R$ 6 milhões, também em um ano. O programa também vai favorecer a interação de 600 pessoas conectadas em uma importante rede social, gerando diversas oportunidades de negócios.

TIC lidera empreendimentos aprovados

Tecnologia da Informação e Comunicação é uma das 14 áreas de negócio que liderou, com 61%, os empreendimentos aprovados. Além de Administração, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Tecnologia em Alimentos, Comunicação, Design, Engenharia de Alimentos, entre outras contempladas.

Para Francilene Garcia, os números atingidos no Prime resultam do esforço conjunto de quatro incubadoras (Incubadora Tecnológica de Campina Grande – ITCG, Núcleo de Incubação Tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFET-RN, Incubadora de Empresas de Alagoas da Universidade Federal – INCUBAL/UFAL, Incubadora Empresarial Tecnológica da Fundação Educacional Jayme Altavila – IET/FEJAL) e de seus parceiros da Região Nordeste, atuantes no apoio ao empreendedorismo inovador com foco nos Estado da Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.

Ela ainda destaca que durante a etapa de avaliação da proposta simplificada, a Fundação PaqTcPB teve a colaboração de 100 avaliadores ad-hocs (65 para o tema inovação e 35 para o tema negócio) gerando mais de 560 pareceres técnicos.

“O empenho dos parceiros foi um ponto bastante importante em todo o processo de avaliação, que contou com a relevante parceria da UFCG, UEPB, UFPB, FACISA, FAPERN, UNIUOL, FIP, SEBRAE/RN, SEBRAE/PB, FIEP e BNB”, enfatizou a diretora.

Fonte: Fundação PaqTcPB

Revista Artestudio

segunda-feira, junho 21st, 2010

Tudo começa com as células


Revolucionário projeto paraibano de construções celulares é selecionado por programa nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O inventor paraibano Reginaldo Marinho propõe uma solução para amenizar os estragos causados pelos terremotos que têm assolado países como o Haiti e o Chile nestes últimos meses: as construções celulares – ou construcell, como ele chama. Através da matemática, ele desenvolveu a ideia de uma estrutura inteiramente em resina plástica e transparente.

Segundo ele, as construções que podem surgir dessa estrutura são as mais variadas, de templos e armazéns a estádios de futebol. “Grandes áreas cobertas sem a intervenção de colunas internas”, afirma Marinho. Além disso, estariam antenadas com as questões ecológicas do momento por serem uma opção de reciclagem do material, como as garrafas pet, por exemplo.

“O sistema apresenta uma morfologia estrutural resultante da sinergia de dois fundamentos importantes da engenharia: as treliças e o arco-de-compressão, que raramente atuam em conjunto”, explica ele, que inventou o sistema há dez anos e desde então vem tentando viabilizar o projeto. “Essa tipologia garante elevada estabilidade estrutural e sendo uma estrutura articulada torna-se muito adequada às áreas sujeitas a terremotos”.

São módulos triangulares de material plástico bem resistentes que se encaixam e são presos por parafusos, os módulos funcionam ao mesmo tempo como estrutura e cobertura, sendo que em alguns casos atuam como parede, quando usa-se o arco de 180º. Dispensam, dessa forma, o concreto ou estruturas metálicas – uma ideia, sem dúvida, revolucionária em se tratando de construções.

O projeto conseguiu ser selecionado pelo Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), desenvolvido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Mesmo assim, um problema persiste porque a verba diz respeito à organização da empresa, mas não ao desenvolvimento do projeto em si. Por isso, ainda nenhum teste em tamanho natural foi feito, e o que existem são maquetes e projetos para futuras construções.

O invento foi premiado em dois salões, em 2000: o 28º Salon International des Inventions, em Genebra, e o BBC Tomorrow’s World Live, em Londres. Reginaldo Marinho também já apresentou o invento em conferências no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, além do mestrado em Estruturas e da pós-graduação em Arquitetura, ambos da Universidade de Brasília. Seu invento também foi citado por pesquisadores como Alastair Fuad-Luke, autor do EcoDesign Handbook. A Folha de São Paulo também já publicou artigo sobre o invento.

Entre as vantagens das construções celulares, estão a rapidez na montagem, a redução de resíduos da construção, a possibilidade do uso da iluminação zenital (através dos módulos translúcidos) e até conforto estético, acústico e térmico. Marinho já contratou especialistas da Universidade Federal da Paraíba para fazer o cálculo estrutural para executar o protótipo. Seria uma contribuição fundamental para a engenharia e a arquitetura, por um paraibano que chegou a estudar nos dois cursos, mas acabou não concluindo nenhum deles. Marinho preferiu dedicar-se à publicidade, fotografia e ao jornalismo – é, inclusive, membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico. Arte e ciência, juntas.

Texto: Renato Félix
Fotos: Divulgação

Fonte: Revista Artestudio

55ª Reunião Anual da SBPC – Recife 2003

segunda-feira, junho 21st, 2010

16/07/2003 – 17h39m
Pesquisador ‘sem-estande’ mostra invento na SBPC

Pedro Marins, especial para o Globo On Line

RECIFE – Depois dos sem-terra e dos sem-teto, surgiu a figura dos sem-estande na 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife. O pesquisador independente Reginaldo Marinho está mostrando em um estande “improdutivo”, devidamente ocupado por ele na Expociência, a mostra de ciência e tecnologia paralela ao evento.

– É uma solução estrutural que combina dois fundamentos da engenharia (o arco de compressão e as treliças) e permite a construção de coberturas para grandes vãos, usando plástico reciclado ou poliuretano à base de mamona – descreve Marinho, diante de um protótipo da invenção.

Como vantagens ele destaca o aumento da segurança, da estabilidade da estrutura, o conforto acústico e a possibilidade de iluminação natural usando módulos translúcidos na coberta. Outra alternativa seria a instalação de placas fotovoltaicas, transformando a parte externa do teto numa usina solar.

Marinho está ocupando um dos estandes que ficaram vagos na Expociência e, quando pode, perambula pelo campus da UFPE mostrando seu invento, em um tipo de exposição itinerante.

– Eu precisava só de 50 centímetros para expor e acabei ficando numa área de quatro metros – comemora.

O pesquisador diz que seu trabalho foi premiado em dois salões de invenções em Genebra, na Suíça, e em Londres, em 2000. Segundo ele, a Petrobras estuda a confecção de um protótipo, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba.

Marinho disse estar em franca campanha para adoção de seu invento em auditórios e estádios que o Rio de Janeiro vai construir para receber os Jogos Panamericanos de 2007. O pesquisador não tem estande, mas tem orgulho – em um bocado de ambição.

Inventores participarão da Feira do Empreendedor na Paraíba

domingo, junho 20th, 2010

10.10.2003 | 18:15

Salão de Tecnologia

Sebrae dedica ambiente a invenções do Nordeste e mostra que criatividade é característica essencial do empreendededorismo

Dayse Oliveira, com reportagem de Meire Oliveira

João Pessoa – Na primeira Feira do Empreendedor realizada na Paraíba, que acontece de 9 a 12 deste mês, inventores da Região Nordeste contam com um local para expor seus projetos. O espaço foi reservado dentro do Salão de Tecnologia com a presença de expositores do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Cada inventor tem a oportunidade de apresentar a função e importância do seu produto.

“A intenção da feira é promover oportunidades de negócios e os inventos serão avaliados em relação à viabilidade de fabricação e possíveis parcerias nos custos de produção”, explica o coordenador do Salão de Tecnologia, Fernando Ronaldo. O pernambucano Jorge Ribeiro, por exemplo, apresenta um produto que promete trazer alívio para quem trabalha com computadores. Ele idealizou o Protend, um aparelho que, quando colocado na frente do teclado, dá apoio total para os braços e previne a tendinite e Lesão por Esforços Repetitivos-LER.

O Protend é eficaz, também, para as pessoas que já possuem a lesão. Ribeiro assegura que o produto elimina as dores na hora de utilizar o computador. “Vários médicos e portadores da lesão já utilizaram e aprovaram o produto. Pretendo conseguir parceiros na Feira do Empreendedor para comercializar meu produto”, disse o inventor.

A Paraíba marca presença com Reginaldo Marinho. Ele garante que galpões, hangares, estufas, ginásios, e até casas populares, podem ser construídas com plástico (policarbonato). “Um escudo de 3mm de policarbonato resiste a um disparo de revólver calibre 38, já o vidro à prova de balas de 10mm de policarbonato segura o disparo de fuzil AR- 15”, afirma Reginaldo.

Segundo Marinho, o maior problema é que a produção só pode ser feita em larga escala, o que dificulta o patrocínio. “Com a Feira do Empreendedor, eu quero mostrar aos paraibanos que temos produção tecnológica de boa qualidade. O que nos falta é divulgar e conhecer essa tecnologia”, observa o inventor.

Fonte: Portal do Sebrae