Archive for junho, 2010

Tecnologia ou morte

sábado, junho 19th, 2010

O Norte – João Pessoa, terça-feira, 23 de julho de 2002


Oduvaldo Batista

Uma colega deu-me grande prazer, apresentando-me o inventor Reginaldo Marinho, paraibano de Sapé. Surpresa agradável. A satisfação é maior porque ele, um grande amante do Brasil, eu já o conhecia de nome, pelos jornais. No meu pequeno arquivo, encontrei um artigo de Eliane Cantanhede (Folha de São.Paulo, 14-5-00) e uma página inteira do Jornal do Brasil (7-5-00). Acompanho Reginaldo Marinho e sua luta para contribuir com o desenvolvimento do Brasil, o que só é possível através da tecnologia.

Nosso conterrâneo vem sendo “escanteado” em sua Pátria que tanto ama.
Eliane fecha seu artigo confessando que, neste País, “governo, iniciativa privada e jornalistas, como eu, pecamos pela omissão. Parabéns, Reginaldo Marinho! E mil desculpas”…

O Jornal do Brasil, na página inteira de Internacional, destaca despacho de Roma, com esta chamada na primeira: “Europa acolhe invenção que Brasil esnobou” – “Esnobado pelo governo e pela iniciativa privada no Brasil, o inventor paraibano Reginaldo Marinho contraiu dívidas e partiu para a Europa. A ousadia funcionou: a estrutura que criou, considerada revolucionária para a construção de edificações, ganhou o primeiro lugar num concurso internacional realizado na Suíça, e apoio para ser posta em prática”.

O correspondente do JB, em Roma, Araújo Netto, entrevista Reginaldo Marinho, de onde transcrevo pequeno trecho: “… O empresário brasileiro talvez seja o mais ‘globalizado’ do mundo. A ele não importa que nos últimos cinco anos o País tenha aumentado oito vezes os gastos com a importação de tecnologia. Segundo dados do IPEA, atualmente (maio de 2000), o Brasil gasta mais de US$ 1 bilhão por ano em importação de tecnologia.

Hoje temos milhares de pesquisadores e inventores em atividade por todo o País, isolados, sem qualquer apoio governamental, financiando-se com seus próprios recursos – criando produtos e tecnologias sem a menor possibilidade de viabilizá-los.

Temos mesmo casos escandalosos de descobertas e invenções feitas por brasileiros, expropriadas e exploradas indevidamente por empresas e grupos internacionais, sem que nosso governo esboce sequer uma reação de protesto. Casos como o da longa pesquisa do professor Sérgio Ferreira sobre a influência do veneno da jararaca no organismo humano”…

O correspondente do JB em Roma conclui sua excelente matéria enfatizando que “o descaso do Brasil pela tecnologia brasileira se deve unicamente à preguiça e ao comodismo das suas lideranças políticas e econômicas.”

Este é um aspecto. Bem menor! O motivo principal desta boicotagem contra os nossos inventores tem um objetivo mais criminoso, pior para os destinos da nossa Pátria: é a permanência dos países do Terceiro Mundo, os dependentes, os colonizados, no subdesenvolvimento.

Atualmente, uma Nação só pode se desenvolver com tecnologia. Antes era a industrialização, mesmo na era das caldeiras a carvão. País industrializado é sinônimo de rico. Agora, estamos no ciclo da tecnologia. Eles (Washington, Ottawa, Berlim, Londres, Paris, Roma e Tóquio) não querem nosso desenvolvimento e para isto fazem o que podem.

Um povo que não tem tecnologia está condenado à morte. Por tudo isto, nós temos o dever de, pelo menos, divulgar e apoiar a luta de Reginaldo Marinho.

Centro de Convenções da Paraíba

sábado, junho 19th, 2010

 

Inventor propõe uso de tecnologia inovadora
Jornal da ParaíbaParaíba, sexta-feira, 26 de março de 2004
INOVAÇÃO – Estrutura pode ser desmontável e fixada com parafusos 
CRÉDITO: Odinaldo Costa

CENTRO DE CONVENÇÕES

Inventor propõe um projeto revolucionário 

Uma estrutura totalmente transparente, sem material metálico, construída com módulos em forma de prisma, em uma área que pode ser maior que o Espaço Cultural, sem necessidade de colunas. Esta é a ousada proposta do inventor Reginaldo Marinho para a construção do Centro de Convenções que o governo pretende construir no Cabo Branco

  • ALINE OLIVEIRA

Uma estrutura totalmente transparente, sem material metálico, construído com módulos em forma de prisma, em uma área que pode ser maior que o Espaço Cultural, sem necessidade de colunas. Esta é a proposta ousada do inventor Reginaldo Marinho para a construção do Centro de Convenções que o governo do Estado pretende construir no Cabo Branco. A tecnologia foi criada por ele, que é paraibano, e premiada com medalha de ouro em mostras realizadas em Londres e Genebra. E se o projeto for aprovado, será a primeira construção a utilizá-la em todo o mundo.

O conceito de transparência é muito utilizado pela arquitetura moderna. “Mas a nossa tecnologia é um passo além do que está sendo feito pelo mundo”, garante Reginaldo. Além da inovação estética, a estrutura pode ser desmontável e fixada com parafusos. Segundo o inventor, a tecnologia oferece até três tipos de módulo: translúcidos, transparentes e opacos. Dessa forma pode-se jogar com a iluminação de acordo com as necessidades, que exige um projeto específico para esse tipo de estrutura.

Os módulos podem ser produzidos em materiais diversos. Uma das possibilidades é fabricá-los em plástico reciclado combinado com carbonato de cálcio, metal muito abundante na Paraíba. Isso permite que a estrutura tenha custos de acordo com as possibilidades do projeto. Aliás, o plástico pode ser substituído por outros materiais que também ofereçam opção da transparência, como o vidro. Quanto aos custos, Reginaldo lembra que tudo tem um preço. “Beleza é cara, todo mundo sabe, mas existem alternativas baratas que podem oferecer resultados semelhantes”, garante.  

  • Interação com natureza é uma das vantagens

A interação com a natureza também é uma das vantagens apontadas pelo inventor para a tecnologia criada por ele. Além de poder utilizar plástico reciclado, a necessidade de um sistema de refrigeração pode ser resolvida com a combinação dos módulos com placas de energia solar. “A gente tem sempre que resolver esses problemas com criatividade e aliando as novas tecnologias e a preocupação com a natureza é uma tendência mundial”, acredita.

A estrutura também oferece um maior conforto acústico já que, segundo o inventor, os módulos evitam a reverberação do som, eliminando a ressonância. Ele lembra que as estruturas metálicas são muito barulhentas e podem atrapalhar o resultado do tratamento acústico. “A natureza dessa estrutura que criei já corta a difusão do som e garante um conforto muito maior para os ouvidos de quem está lá dentro”, garante.

Reginaldo apresentou sua tecnologia à vice-governadora Lauremília de Lucena durante a Feira do Empreendedor do Sebrae, no final do ano passado. “Ela se encantou com o projeto, pegou meu contato e me garantiu que repassaria as informações para o governador”, explicou. Agora ele está esperando uma oportunidade de apresentar pessoalmente suas idéias para o Centro de Convenções. Ele acredita que, sendo aprovado, a construção vai se tornar um cartão postal para o Estado. “Além de ser tecnologia daqui, vai ser um ponto turístico com referências no que há de mais moderno na arquitetura do mundo”, diz. (AO)

A interação com a natureza também é uma das vantagens apontadas pelo inventor para a tecnologia criada por ele. Além de poder utilizar plástico reciclado, a necessidade de um sistema de refrigeração pode ser resolvida com a combinação dos módulos com placas de energia solar. “A gente tem sempre que resolver esses problemas com criatividade e aliando as novas tecnologias e a preocupação com a natureza é uma tendência mundial”, acredita. 

A estrutura também oferece um maior conforto acústico já que, segundo o inventor, os módulos evitam a reverberação do som, eliminando a ressonância. Ele lembra que as estruturas metálicas são muito barulhentas e podem atrapalhar o resultado do tratamento acústico. “A natureza dessa estrutura que criei já corta a difusão do som e garante um conforto muito maior para os ouvidos de quem está lá dentro”, garante. 

Reginaldo apresentou sua tecnologia à vice-governadora Lauremília de Lucena durante a Feira do Empreendedor do Sebrae, no final do ano passado. “Ela se encantou com o projeto, pegou meu contato e me garantiu que repassaria as informações para o governador”, explicou. Agora ele está esperando uma oportunidade de apresentar pessoalmente suas idéias para o Centro de Convenções. Ele acredita que, sendo aprovado, a construção vai se tornar um cartão postal para o Estado. “Além de ser tecnologia daqui, vai ser um ponto turístico com referências no que há de mais moderno na arquitetura do mundo”, diz. (AO)

Paraíba, domingo, 28 de março de 2004

______________________________________Em Foco

Gisa Veiga com redação

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  • O inventor Reginaldo Marinho pede para a coluna reparar um detalhe na matéria publicada sexta-feira sobre a apresentação que fez de sua invenção na Feira do Empreendedor, no ano passado. “Na verdade, a apresentação foi para a primeira-dama Silvia Cunha Lima e não para a vice-governadora Lauremília Lucena”.

Núcleo de gênios na Paraíba

sábado, junho 19th, 2010

O Norte – João Pessoa, domingo, 04 de novembro de 2001

Núcleo de gênios na Paraíba

Reginaldo Marinho, paraibano de Sapé, luta para colocar o Estado
da Paraíba no cenário nacional da inovação tecnológica

Fabíola Monte
Repórter

O sertanejo é acima de tudo um forte. A citação de Euclides da Cunha em “Os Sertões”, parece se encaixar perfeitamente na personalidade de todos os nordestinos e principalmente na do obstinado paraibano de Sapé,Reginaldo Marinho, inventor dos bons, que não desiste do sonho de colocar a Paraíba no cenário nacional da inovação tecnológica, sem perceber que já a colocou no internacional, quando ganhou, no ano passado, a medalha de ouro do 28º Salão de Invenção de Novos Produtos da Europa, em Genebra, onde concorreu com mais de 600 inventores de 44 países, e também em outra oportunidade, quando abiscoitou outra medalha de ouro no “BBC Tomorrow’s World Live”, em Londres.

Depois de todas essas conquistas lá fora, ele agora quer expor à intelectualidade paraibana, aos homens do governo e aos empre-sários locais o seu projeto de criação de “Núcleo de Gênios”, nos mesmos moldes do que ele já propôs ao Partido Forza Itália, vencedor das últimas eleições naquele país. A diferença é que o da Itália, semelhante ao que já existe nos Estados Unidos e Inglaterra, é de âmbito internacional, onde se investe na criação tecnológica, mesmo que seja desenvolvida por cidadãos de outros países.

O daqui reunirá cientistas e inventores brasileiros que não vem encontrando apoio para desenvolver suas experiências nos estados de origem, situação já experimentada pelo próprio Reginaldo Marinho, quando foi premiado fora do país, pela criação do Construcell, que ele não conseguiu colocar em prática por aqui, por falta de apoio governamental.

Na prática, o projeto propõe a criação de uma comissão composta por membros do Estado, Universidade Federal e Sebrae, que teria o encargo de analisar os projetos tecnológicos que fossem apresentados e verificar a viabilidade de desenvolvimento. Seriam levados em conta fatores como eficácia tecnológica, condições para execução e necessidades de mercado.

Para a viabilização do “Núcleo de Gênios”, Marinho sugere que se crie uma linha de crédito através do BNDES, nos moldes da que já existe, voltada para projetos de ge-ração de energia. “Se a idéia for acatada na Paraíba, isso dará uma dimensão nacional ao atual governo, e o Estado aparecerá na vanguarda nacional do setor tecnológico, sem falar que a implantação do programa vai puxar recursos federais e possibilitar geração de riquezas, de empregos e principalmente de auto-estima”, garante Marinho.

Uma vez implantado, o programa criaria uma espécie de distrito tecnológico, que serviria de sede às instalações físicas do “Núcleo de Gênios”, onde seriam desenvolvidos os projetos aprovados pela comissão de avaliação.

Marinho informou que já manteve contato com o reitor Jáder Nunes, da UFPB, tendo ele demonstrado interesse no projeto. O Sebrae e a Secretaria de Indústria e Comércio, segundo declarações de Reginaldo Marinho, também já manifestaram empenho em viabilizar o projeto, buscando parcerias. A Cinep teria sido outra convidada a se incorporar ao projeto do incansável inventor.

Construção inovada

A invenção do paraibano, ganhador de duas medalhas de ouro no exterior, trata-se de um sistema de construção baseado em módulos de prismas, com o qual se pode construir grandes vãos, como galpões, silos, academias, ginásios e abrigos, sem utilização de nenhuma estrutura convencional (concreto, madeira e metal).

Ele utiliza tecnologia e instrumentos de engenharia mundialmente conhecidos desde os etruscos. “Como o arco de compressão, que já era empregado pelos etruscos e romanos nas mais diversas construções, como palácios, pontes e catedrais. Sempre com o objetivo de permitir que cada bloco pressionasse um outro, para a construção ganhasse muito em compressão e evitasse o risco de cair”, explica Marinho. Ele esclarece ainda que outro fundamento da engenharia utilizada nos Construcell é a treliça, que dá às construções uma estrutura muito rígida.

Do ponto de vista econômico, a vantagem oferecida pela estrutura de policarbonato é que qualquer construção de armazéns, silos, hangares, edifícios e casas populares custaria 30% a menos que as construções com estruturas convencionais, sem contar que, por levar para a obra exatamente o número de peças que vai utilizar, não existe sobra de materiais e após o final da construção, o lugar fica limpo.

“A atração de cérebros mudaria radicalmente a situação da produção científica e do patenteamento de invenções no país”, explica Marinho, afirmando que o Brasil sofre de falta de vocação para desenvolvimento de tecnologia própria. “Em 1999 a Fundação Getúlio Vargas apresentou uma pesquisa inédita, onde números apontaram para o atraso tecnológico do Brasil. Só para se ter idéia do desinteresse político brasileiro em desenvolver tecnologia, enquanto os Estados Unidos movimentaram 4% do seu PIB (Produto Interno Bruto) com exportação e importação de tecnologia, o Brasil ficou na casa dos 0,005%” ressalta. Outro dado informado pelo inventor é o da situação dos cientistas. Enquanto 30% deles estão nas universidades americanas e 70% nas empresas privadas, no Brasil, 90% dos cientistas encontram-se nas universidades e apenas 10% estão na iniciativa privada.

“No relatório da Inventiva Nacional, produzido pelo Ministério da Indústria e Comércio, foi revelado que em nove anos, os 14 centros de pesquisa investigados produziram apenas 112 patentes, sendo que 60% são do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e dividindo-se o restante pelas outras 13 instituições teremos 0,3 por ano, por instituição”. Reginaldo expõe esses dados para demonstrar através de números o “profundo desinteresse brasileiro por criação de tecnologia”.

Segundo divulgou a Revista Veja, recentemente, a situação da Coréia do Sul, vinte anos atrás, era semelhante a do Brasil, em processos tecnológicos. Os dois países tinham quase exatamente o mesmo número de patentes depositadas nos Estados Unidos: em torno de trinta. No ano passado, o Brasil possuía 96, enquanto a Coréia havia ultrapassado a marca das 3 mil. E Reginaldo Marinho vai além. “Temos mesmo casos escandalosos de descobertas e invenções feitas por brasileiros, expropriadas e exploradas indevidamente por empresas e grupos internacionais, sem que nosso governo esboce sequer uma reação de protesto”.

Um inventor brasileiro para o mundo

sábado, junho 19th, 2010
Domingo, 7 de maio de 2000                                 JORNAL DO BRASIL
Um inventor
brasileiro
para o mundo

Paraibano é premiado e negocia na
Europa com estruturas de plástico para
a construção civil, desprezadas no Brasil
ARAUJO NETTO
Correspondente

Foto de Divulgação

ROMA – Cansado de ser esnobado por homens de governo e empresários do Brasil, o inventor Reginaldo Marinho decidiu procurar no exterior o que seu país lhe negou. Contraindo uma dívida que continua a lhe tirar o sono, mandou-se para Genebra, na Suíça, para participar do importante Salão Internacional de Invenções da Europa, realizado entre os dias 12 e 16 do mês passado. Ao término do qual se encontrou com uma medalha de ouro conferida por um júri internacional, uma oferta de um milhão de francos suíços que lhe foi feita pelo Fundo de Desenvolvimento Tecnológico (Fondetec) da Organização de Promoção Industrial do Cantão de Genebra para viver e trabalhar na cidade e propostas de quatro grandes empresas européias (três italianas e uma francesa) para transformar em tecnologia o método revolucionário que inventou e denominou Construcell, de construção celular. Além de convites para visitar a África do Sul e a Austrália, onde também encontrará gente interessada em negociar a aplicação do seu método.

Alternativa – Método que possibilitará a construção de todo tipo de casa, edifício e instalações esportivas ou industriais sem as estruturas até aqui usadas em todo o mundo: as convencionais estruturas metálicas, de cimento armado ou de madeira. O brasileiro propõe estruturas de plástico como alternativa mais econômica e mais racional, pois evitará o desperdício de material: “Você leva para a obra só as peças que serão utilizadas.” A montagem das construções será mais rápida, realizada por mão-de-obra mais reduzida, vantagens que facilitarão principalmente a implantação de projetos emergenciais em casos de catástrofes e abalos sísmicos que demandam a rápida construção de abrigos.

No Brasil, o melhor que Reginaldo obteve depois de um ano (1999) perdido em peregrinações a ministérios, universidades, centros técnicos, governos estaduais, institutos de pesquisas tecnológicas e vários empresários nacionais e multinacionais foi um convite para trabalhar como gerente comercial – “na verdade um cargo de vendedor de luxo” – de uma indústria baiana à qual ofereceu a possibilidade de decuplicar sua produção de policarbonato (resina termoplástica sintética) financiando a construção de um protótipo da mais recente de suas invenções, já comparada a um novo ovo de Colombo.

Exílio – Antes de tomar a decisão de procurar no resto do mundo o que não encontrou no Brasil, Reginaldo fez tudo para não se afastar de casa percorrendo pela segunda vez a estrada do auto-exílio. Experiência que tinha feito entre 1977 e 79, quando a ditadura militar o incentivou a viver em Barcelona. Uma de suas últimas e desesperadas tentativas foi uma carta enviada a 22 de setembro de 1999 ao presidente Fernando Henrique Cardoso. “Com todo respeito, Excelência, acabou a minha paciência. Depois de bater em tantas portas, todas fechadas e bem travadas, optei novamente pelo exílio voluntário. Na primeira vez, como Vossa Excelência também o fez, foi por discordar de uma ditadura militar e agora por discordar de uma ditadura monetarista que impede o desenvolvimento nacional”.

Hoje, discutindo com os europeus, sul-africanos e australianos as melhores condições para o desenvolver sua invenção, Reginaldo perdeu a esperança de receber uma resposta qualquer do presidente.

“O Brasil é um país que não valoriza a tecnologia nacional. Quando muito, os recursos governamentais são destinados a pesquisas acadêmicas. Quando se trata de transformar em tecnologia o resultado das pesquisas, o Brasil prefere não dar o passo seguinte. Eu estive no Ministério da Tecnologia, em Brasília, onde mostrei e expliquei o meu projeto. Todos se disseram encantados mas logo me fizeram saber que o governo só podia financiar até onde eu havia chegado, isto é, o que já existia. Daí para a frente eu teria que buscar a empresa privada. Busquei várias. Em todas elas bati com a cabeça na parede.

Inspiração etrusca

ROMA – Antes de embarcar para Milão e Bolonha, onde o esperavam dois empresários italianos dispostos a se associarem a ele na fase de industrialização e comercialização das casas, edifícios, ginásios, armazéns e hangares arredondados, triangulares e cilíndricos, construídos sobre suas inéditas estruturas de policarbonato, Reginaldo Marinho, paraibano nascido há 50 anos na pequena Sapé (“pátria de abacaxi bom”), no qual muitos vêem um sósia do ator escocês Sean Connery, aceitou o convite para explicar mais detalhadamente sua invenção.

“Tenho um amigo, muito generoso, que me considera o descobridor do segundo Ovo de Colombo, porque uso tecnologia e instrumentos de engenharia mundialmente conhecidos desde os etruscos. Como o arco de compressão, que já era empregado pelos antigos etruscos e romanos nas mais diversas construções, como palácios, pontes e catedrais. Sempre com o objetivo de permitir que cada bloco pressionasse um outro, para que a construção ganhasse muito em compressão e evitasse o risco de cair.”

O inventor explica que outro fundamento da engenharia utilizado na tecnologia por ele projetada é a treliça, que dá às construções uma estrutura muito rígida. “Juntando-se o arco de compressão à treliça, temos como conseqüência uma figura muito sólida, portanto muito moderna, apesar de inspirada em um conhecimento muito antigo. Chamamos de treliça um elemento estruturado com uma forma triangular.”

Essa forma, prossegue Marinho, faz com que a distribuição da carga se faça por todas as partes do triângulo. Nessa tecnologia já está embutida também um colchão de ar, que lhe assegura um perfeito isolamento térmico e impede a interação do calor interno com o externo. “Do ponto de vista econômico, as vantagens oferecidas pelas minhas estruturas de policarbonato podem ser consideradas excepcionais”, vangloria-se. “Qualquer construção de armazéns, silos, hangares, ginásios, edifícios e casas populares custaria no mínimo 30% a menos que as construções com estruturas convencionais”.

Em Genebra, os dois jurados do Salão Internacional das Invenções que examinaram, discutiram e questionaram Reginaldo Marinho sobre cada premissa, teoria e cálculo de sua “Construcell” – já patenteada em 32 países – foram convencidos pelo inventor brasileiro sobre a possibilidade de empregar seus módulos prismáticos de plástico nas construções de silos, galpões, estufas, ginásios esportivos e até de casas populares.

(A.N.)

Sem vez no país

ROMA – Sobre as dificuldades encontradas, Reginaldo Marinho pergunta: “Isso não ocorreria porque o Brasil continua a ser ‘um deserto de homens e idéias, onde nada se cria e tudo se copia’, como o definiu há mais de 50 anos Oswaldo Aranha, um dos políticos mais inteligentes de seu tempo? Porque a verdade é que o empresário brasileiro não gosta de pagar imposto e muito menos royalties. O empresário brasileiro talvez seja o mais ‘globalizado’ do mundo. A ele não importa que nos últimos cinco anos o país tenha aumentado oito vezes os gastos com a importação de tecnologia. Segundo dados do IPEA, atualmente o Brasil gasta mais de US$ 1 bilhão por ano em importação de tecnologia”.

O inventor prossegue: “Hoje temos milhares de pesquisadores e inventores em atividade por todo o país, isolados, sem qualquer apoio governamental, financiando-se com seus próprios recursos – criando produtos e tecnologias sem a menor possibilidade de viabilizá-los. Temos mesmo casos escandalosos de descobertas e invenções feitas por brasileiros, expropriadas e exploradas indevidamente por empresas e grupos internacionais, sem que nosso governo esboce sequer uma reação de protesto. Casos como o da longa pesquisa do professor Sérgio Ferreira sobre a influência do veneno da jararaca no organismo humano. Veneno que ele, presidente por duas vezes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, identificou depois de sintetizar seu princípio ativo, como um valioso medicamento para o coração, um eficiente vasodilatador.

Resultado que o professor Ferreira divulgou e uma poderosa indústria farmacêutica patenteou como de sua propriedade e transformou num remédio que hoje lhe rende US$ 2 bilhões por ano. Outro caso penoso e ao mesmo tempo risível é o da invenção do Bina, um instrumento identificador de chamadas que hoje se encontra em todos os telefones celulares e movimenta um mercado de US$ 8 bilhões em todo o mundo. Bina que foi descoberto, produzido e até patenteado no Brasil por Nélio Nicolai, brasileiro, residente em Brasília, vítima como tantos outros da falta de órgãos preparados e capazes de proteger a patente nacional brasileira.”

Por tudo isso, a conclusão do paraibano Reginaldo Marinho, autodidata que chegou até o terceiro ano da faculdade de Engenharia e até o segundo da de Arquitetura, é a de que o descaso do Brasil pela tecnologia brasileira se deve unicamente à preguiça e ao comodismo das suas lideranças políticas e econômicas. (A.N.)

Inventor tenta recursos para montar casa de plástico

sábado, junho 19th, 2010

Gazeta Mercantil Distrito Federal

Brasília, terça-feira, 10 de dezembro de 1998 

Inventor tenta recursos para montar casa de plástico

Fernanda Lambach

Silos, galpões, hangares, estufas, ginásios e até casas populares podem ser construídas com plástico (policarbonato). Além de muito resistente a impactos, a resina pode tornar o preço das obras mais barato. É o que garante o autor do projeto, o inventor paraibano Reginaldo Marinho. Autodidata, ele iniciou os cursos de Engenharia na Universidade Federal da Paraíba, Arquitetura na Universidade de Brasília (UnB) e Comunicação no Ceub, mas não se formou em nenhuma das três áreas. Diz ter preferido a liberdade da criação à burocracia acadêmica.

Bastante polêmico, o inventor estará debatendo seu projeto hoje, a partir das 16h, no anfiteatro do Departamento de Engenharia Civil da UnB. O nome da conferência é “Construção de Cascas Auto-Portantes com Módulos Prismáticos de Policarbonato”.

As construções idealizadas por Marinho seriam formadas por módulos prismáticos com três lados de 50cm (a base é um triângulo eqüilátero) e 10 cm de profundidade. Emendados como em um mosaico, presos geometricamente uns aos outros por parafusos ou solução que os cole definitivamente (cloreto de metileno). A inclinação e uma das faces dos módulos é o que garante a convergência da estrutura para um eixo central, dando aspecto arredondado à construção e a sustentando. No caso dos prismas serem montados com parafusos, em construções móveis, Marinho sugere que as faces das estruturas sejam vedadas com substâncias à base de silicone para evitar possíveis problemas com goteiras, por exemplo.

O inventor ainda não conseguiu recursos financeiros para fazer um protótipo. Segundo ele, o maior problema é que a construção das cascas não pode ser feita em escala reduzida, em uma primeira experiência. “Em escala reduzida não há como garantir a precisão angular que sustenta a construção”. Enfatiza Marinho. Um primeiro teste teria de ser feito em construção de no mínimo 12m por 10m.

Falta porém, quem patrocine os moldes em aço que servirão de forma para os primas em resina. Os moldes têm de ser cortados com exatidão de acordo com as medidas estabelecidas por Marinho. A máquina ideal para fazer o corte é a fresa digitalizada, que o inventor não sabe onde conseguir nem tem recursos para adquirir.

Com os moldes prontos, o problema do protótipo estaria resolvido. Marinho diz ter relacionamento com empresas de São Paulo que poderiam alugar máquinas injetoras de resina para fazer os prismas. Seriam necessários 12 Kg de policarbonato por metro quadrado e o metro quadrado da construção sairia por aproximadamente R$ 160.

“Escolhi o policarbonato por ser uma resina resistente, que é usada pela Polícia Militar de choque nos escudos de proteção. Um escudo de 3mm de policarbonato resiste a um disparo de revolver calibre 38, segundo a fábrica. Um vidro à prova de balas de 10mm de policarbonato segura o disparo de fuzil AR-15”, conta Marinho.

Com relação ao calor que poderia fazer dentro de uma construção de plástico, o inventor garante que a superfície for opaca e não deixar os raios solares passarem, não há tanto risco. Outra idéia seria usar técnica de refrigeração por energia solar elaborada pelo tenente coronel Nehemias Lima Lacerda do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), localizado em São José dos Campos (São Paulo).

Nehemias relata que só terminará de desenvolver a novidade em 1999. Diz ter conhecido o projeto de Marinho e achá-lo viável. ”É necessário, no entanto, fazer um estudo aprofundado e um modelo para checagem.

Em busca de apoio financeiro, Marinho apresentou seu projeto ao secretário de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, embaixador Oscar Souto Lorenzo Fernandez. “O Marinho tem um invento muito inovador, mas o governo federal não pode financiá-lo. O ideal seria que ele procurasse apoio na iniciativa privada”, afirma Fernandez. O embaixador lembra também que sem demonstrações de campo completas não há como avaliar a relação custo-benefício.

Núcleo de gênios

sábado, junho 19th, 2010

Gazeta do Nordeste, Segunda-feira, 27 de agosto de 2001

Inventores querem criar ´núcleo de gênios´

 

Idéia é reunir, em um único local, cientistas que não possuem apoio para desenvolver experiências em seus estados de origem

Patrícia Teotônio* de João Pessoa

O inventor paraibano Reginaldo Marinho apresentará ao Governo do Estado um projeto para a criação de um ´núcleo de gênios´, que reunirá cientistas e inventores brasileiros que não vem encontrando apoio para desenvolver suas experiências em seus estados de origem. Reginaldo Marinho, ex-presidente da Associação Brasileira de Inventores e da Propriedade Industrial, conquistou prêmios internacionais ao desenvolver uma nova tecnologia para o setor de construção civil, mas como muitos outros profissionais, não conseguiu colocar sua invenção em prática por falta de apoio do governo brasileiro.

Marinho informou que já manteve contato com o reitor da Universidade Federal da Paraíba, Jader Nunes, e que este teria demonstrado grande interesse em apoiar a idéia. Na Alemanha, uma iniciativa semelhante a este projeto já está em desenvolvimento.

Marinho defende a criação desse ´núcleo de cérebros´ porque acredita que isto mudaria radicalmente a situação da produção científica e do patenteamento de invenções no País. O Brasil, que detinha cerca de 30 patentes aprovadas há 20 anos nos Estados Unidos, hoje contabiliza apenas 96, enquanto países como a Coréia, que se dispuseram a investir mais nesse setor, já soma cerca de 3.200 aprovações.

A produção tecnológica brasileira é insignificante e apresenta um índice vergonhoso no que se refere à aprovação de patentes. A situação é tão caótica que as instituições públicas recebem recursos que chegam atingir 1,4% do PIB nacional e obtêm uma conversão de 0,3 patentes anuais por cada núcleo produtor. Isso é um absurdo´, denuncia.

Na prática, o projeto propõe a formação de uma comissão composta por membros do Estado, Universidade Federal e Sebrae. Essa comissão ficaria encarregada de analisar todos os projetos tecnológicos que fossem apresentados e verificar a viabilidade de desenvolvimento. A análise levaria em conta fatores como eficácia tecnológica, condições para execução e necessidades de mercado.

Para viabilizar os projetos, Marinho sugere que se crie uma linha de crédito através do BNDES. ´O banco já tem uma linha para o desenvolvimento tecnológico, mas voltada principalmente para projetos de geração de energia. ´O governo que implantar esse programa estará na vanguarda de uma postura que ajudará no desenvolvimento do Estado e do País, e que é inevitável, pois a expansão tecnológica é uma tendência mundial´, explica.

Distrito

Uma vez implantado, o programa criaria uma espécie de distrito tecnológico, onde ficariam as instalações físicas para o desenvolvimento dos projetos aprovados pela comissão de avaliação e, posteriormente, poderia alcançar tanto respaldo quanto o Pólo de Informática de Campina Grande.

Marinho informou que já entregou um resumo do projeto do núcleo de gênios ao presidente da Cinep (Companhia de Desenvolvimento da Paraíba), Edivaldo Nóbrega, que se encarregará de apresentar ao governador José Maranhão.

Segundo o pesquisador, as estatísticas do país em relação a produção tecnológica são bastante desanimadoras. ´A produção científica brasileira atinge apenas 1% da produção mundial e essa posição identifica que o Brasil tem um comércio mundial de tecnologia equivalente a 0,005% do PIB nacional, enquanto nos EUA a comercialização de tecnologia equivale a 4% do PIB americano´, compara. Na América, 30% dos cientistas estão atuando nos centros de periferia e 70% no setor privado. No Brasil ocorre o contrário e 90% dos cientistas encontram-se atuando nas instituições públicas.

A iniciativa quer evitar casos como o do próprio Marinho, que desenvolveu o Construcell, um sistema de construção que utiliza estruturas de plástico mais baratas em relação às  convencionais, de madeira, metal ou cimento armado. O projeto não recebeu apoio do governo brasileiro, mas foi premiado em Genebra e provavelmente será desenvolvido na Itália. O novo produto combate também o grande inimigo da construção civil – o desperdício (box ao lado).

* Especial para a Gazeta do Nordeste

Construcell ganha prêmio internacional

O Construcell utiliza dois fundamentos da Engenharia: a treliça e o arco de compressão, permitindo a construção de grandes vãos sem usar nenhuma estrutura metálica ou de concreto, com as características de cascas cilíndricas.

Os módulos são construídos em polímeros injetados, com patente requerida no Brasil e em mais de 32 países, em forma de prismas triangulares, auto-estruturados, cujo fundo é um triângulo eqüilátero, com duas faces ortogonais e a terceira inclinada com relação à base. Esta inclinação é que definirá a curvatura cilíndrica. O tamponamento desses prismas cria um colchão de ar e oferece ótimo conforto térmico

As resinas modernas podem ser protegidas contra as ações dos raios UV e do fogo, tornando essas construções bastante seguras, muito leves e belas. Pode-se usar pigmentos de cores variadas, podendo ser transparente como o policarbonato em seu estado original.

Os módulos, fabricados em plástico, são articulados e foram desenhados para resistir a ventos até 120 km/h e na Análise Estrutural, foram obtidos coeficientes de segurança superiores a 2.8

Na verdade, o Construcell assimila-se a um lego (jogo de encaixe para crianças), só que em grandes proporções. Como as peças se encaixam umas nas outras, e não são quebradas, não há sobras e, conseqüentemente, desperdício.

Com esse tipo de material é possível construir galpões, casas e vários tipos de edificações. ´A montagem é rápida e realizada com mão-de-obra reduzida, vantagens que facilitam principalmente a implantação de projetos emergenciais em casos de catástrofes e abalos sísmicos, que demandam a rápida construção de abrigos´, ressaltou Marinho.

Embora não tenha obtido nenhum  apoio para concretizar sua invenção no Brasil, Reginaldo conseguiu o reconhecimento no mercado europeu. e ganhou medalha de ouro, no ano passado, no Salão Internacional de Invenções da Europa, realizado na Suíça. Recebeu, ainda, oferta do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico (Fondetec), de Genebra, e propostas de empresas européias, da África do Sul e da Austrália.

Entre as opções, preferiu ir para a Itália, onde espera conseguir desenvolver sua tecnologia com o apoio de empresas de lá. Ele informa já ter recebido um pedido de orçamento feito pela prefeitura de Milão e espera fechar contrato para fazer a primeira construção em policarbonato do mundo. (P.T.)

Espaço da Invenção Brasileira

sábado, junho 19th, 2010


Discursos Proferidos em Plenário

Discursos e Notas Taquigráficas

CÂMARA DOS DEPUTADOS – DETAQ

 
Sessão: 191.4.52.O Hora: 14:45 Fase: PE
Orador: Data: 27/11/2006

O SR. MARCONDES GADELHA (PSB-PB. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, encerrou-se ontem, sob aplausos e justificado entusiasmo, a 5ª Bienal de Arquitetura de Brasília. Ela foi realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a partir do dia 11 de novembro, sob o patrocínio do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal.

Segundo os organizadores, Brasília é considerada o ícone máximo da arquitetura moderna brasileira, sendo, portanto, o palco ideal para a apresentação de novas criações e pensamentos arquitetônicos.

A Bienal exibiu, assim, vários núcleos de exposições, por meio dos quais se pretendeu refletir a diversidade de escolas, linguagens, técnicas e tendências da arquitetura brasileira e mundial.

Na programação, destaco a mostra competitiva, com prêmios a trabalhos selecionados de toda a América Latina, e o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, que procura conjugar recuperação do patrimônio histórico com desenvolvimento econômico e social.

Conforme foi dito, houve também espaço para a tecnologia. Nesse campo, a Paraíba esteve bem representada por Reginaldo Marinho, inventor e estudioso da sociologia da ciência, que participou como expositor e conferencista, em meio a um seleto grupo de convidados que dissertou sobre variados temas. Entre eles, destaco Carlos Bratke, Rosa Kliass e o italiano Luigi Prestinenza Pugliesi 

Reginaldo Marinho, diga-se de passagem, é premiado com 2 medalhas de ouro em salões europeus de tecnologia, em Genebra e Londres – o Brasil tem apenas 5 premiações nessa categoria. Ele desenvolveu e apresentou, perante a Bienal, uma estrutura baseada em um módulo prismático de plástico, com a qual podem ser construídas edificações para usos diversos, com valiosas interfaces ambientais, podendo-se até usar o plástico reciclável.

Sr. Presidente, a contribuição de Marinho não se limita à sua invenção. Ele tem uma proposta para ajudar o Governo a encontrar um modo seguro de gerar riqueza em nosso País, por meio do que batizou de Espaço da Invenção Brasileira. O objetivo é reforçar a aplicação de investimentos nacionais no setor de ciência e tecnologia, contemplando a aceleração da transformação do conhecimento adquirido nos centros acadêmicos em produtos tecnológicos. 

Esse espaço se transformará numa espetacular vitrine em Brasília para os produtos tecnológicos nacionais. Essa vitrine resultará num importante pólo de atração de interesses diversos: aos visitantes nacionais cumprirá a função educativa, fortalecendo o orgulho nacional, tão necessário para o reconhecimento de avanços próprios do nosso País nesse campo; aos visitantes internacionais, empresários e autoridades, o espaço abrirá um novo ângulo para compreensão da grandeza do Brasil e, ao mesmo tempo, criará, por meio da exposição permanente das descobertas dos cientistas e inventores brasileiros, novas perspectivas comerciais para produção tecnológica nacional.

Sr. Presidente, essa vitrine tecnológica deverá contar com a participação e o patrocínio de várias instituições, como PETROBRAS, EMBRAER, Vale do Rio Doce, Grupo Gerdau, Banco do Brasil, Furnas, Itautec, EMBRAPA, FIOCRUZ, INPA, todos os centros de pesquisa com suas tecnologias e empresas privadas.

O espaço abrigará um centro de estudos e pesquisas, no estilo do Centro Nacional de Referência Cultural, criado por Aloísio Magalhães, relacionado às atividades inventivas nacionais, buscando dar forma e expressão a todas as atividades criativas que possam gerar produtos tecnológicos e patentes, interagindo com universidades, escolas técnicas e centros de pesquisa.

O centro terá como principal função destacar a identidade nacional diante da produção tecnológica brasileira, com a perspectiva de estimular o mercado interno, abrir espaços para a exportação de tecnologia brasileira e defender o patrimônio intelectual do País, com ênfase na defesa e aproveitamento da biodiversidade nacional.

Sr. Presidente, os fatos são relevantes. Por isso, considero oportuno registrá-los e trazê-los ao conhecimento da Casa. 

Cumprimento os realizadores da 5ª Bienal de Brasília, que, como disse, se revelou um pleno sucesso no que diz respeito à produção intelectual, ao afluxo de público e à repercussão nos meios intelectuais e jornalísticos do Brasil.

Obrigado.

Fonte: Câmara dos Deputados

TV Correio

terça-feira, junho 15th, 2010

Correio Espetacular

TV Paraíba

terça-feira, junho 15th, 2010

Parque Tecnológico

TV Tambaú

terça-feira, junho 15th, 2010

Estádios cobertos para a Copa do Mundo 2014

SBPC Fundaj

terça-feira, junho 15th, 2010

55ª Reunião Anual da SBPC – Recife 2003 – Vídeo Fundaj

SBPC

terça-feira, junho 15th, 2010

55ª Reunião Anual da SBPC – Recife 2003

Déficit de armazenagem

domingo, junho 13th, 2010
Grãos: Déficit de armazenagem pode chegar a 20 milhões de toneladas

Enquanto o setor agrícola comemora a segunda maior produção de grãos no Brasil, produtores e instituições relacionadas principalmente ao milho esperam para 2011 graves problemas com a armazenagem, quando cerca de 20 milhões de toneladas podem ficar do lado de fora dos silos
  

 

 Atualmente, os entraves com a comercialização do grão, devido aos baixos preços, e a colheita recorde de soja, que deveria ocupar o lugar do milho nos armazéns, já têm mostrado que os depósitos brasileiros não comportam o volume a ser escoado.

Para Jason de Oliveira Duarte, pesquisador e economista agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o problema enfrentado hoje com a armazenagem do milho é apenas a ponta de um iceberg, que deve ganhar proporção maior no próximo ano. “O estoque de passagem de 2009 para 2010 está atrapalhando a questão da armazenagem. Se, no fim desta temporada, o estoque final de milho ultrapassar 10 milhões de toneladas será catastrófico”, diz.
 
Segundo Duarte, a produção de soja e milho deste ano pode atingir os 120 milhões de toneladas. “O limite de armazenagem é de 110 milhões de toneladas”.
 
De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos de 2009/2010 deve se aproximar dos números da temporada 2007/2008, quando o País bateu recorde de produção com 144,1 milhões de toneladas. Para este ano, são esperados 143,9 milhões de toneladas, puxados pela soja, cujo volume previsto é de 67,57 milhões de toneladas. Já o milho, da primeira e segunda safra, deve render 51,38 milhões de toneladas.
 
Números da Conab apontam ainda um estoque de passagem inicial de milho de 11,210 milhões de toneladas e final de 8,149 milhões de toneladas. Já o estoque final da soja deve ultrapassar 4,7 milhões de toneladas.
 
Segundo Flávio Roberto de França Júnior, diretor de produção da Safras & Mercado, como neste ano, em 2011, o Brasil deve esperar grandes estoques de milho e soja somados à safras cheias. “As dificuldades com armazenagem vão piorar. Há dúvidas sobre a absorção do excedente de soja.”
 
Para Júnior, pode haver de imediato uma aceleração das exportações de soja, mas não um aumento de comercialização externa. “Mesmo com a recuperação da economia mundial, boa parte da demanda já foi atendida pelos Estados Unidos”, diz.
 
Quanto a comercialização internacional do milho, a Conab estima vender 8 milhões de toneladas. “Se não exportarmos tudo o que está previsto este ano, 2011 sofrerá as consequências”, prevê o pesquisador.

De acordo com Duarte, além da boa safra norte-americana, os argentinos também devem ganhar destaque no ranking das colheitas recordes. “Precisamos ir atrás de importadores mais favoráveis ao nosso produto, como países da América Latina.”

João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), acredita que pode haver redução de área na próxima safra de milho, tanto por conta da falta de armazéns, quanto pelos rumores de que o governo vai reduzir o preço mínimo do milho. “A Abramilho não gostaria que isso ocorresse, mesmo porque temos tecnologia para produzir”, diz.

Para Duarte, o produtor pode diminuir área na safra de verão para tentar compensar na safrinha, mas o pesquisador aposta na utilização de áreas marginais para a produção e uso de tecnologias antigas. “O setor precisa de políticas de incentivo ao preço do milho. Alguns financiamentos de produção, o governo federal já faz. Agora seria necessário favorecer a comercialização”, afirma.

Segundo o presidente da Abramilho, o governo federal deveria ter estoque regulador do produto e garantir um preço mínimo.

Júnior e Duarte concordam que o País necessita de mais espaço para armazenagem. “Não importa como, o que precisa é incentivo neste sentido”, afirma o pesquisador. De acordo com Júnior, o setor precisa de planejamento de longo prazo. “O que é carência histórica brasileira”, diz.

Para o diretor, se o País almeja se tornar um grande player no comércio internacional, é preciso ter estrutura. “Reduzir área é contra a natureza do produtor e não ter onde guardar é um absurdo”.

 Fonte: ExpressoMT

Falhas na logística e armazenagem prejudicam a safra

domingo, junho 13th, 2010

AGRICULTURA

Investimentos em estradas, portos, ferrovias e armazéns não acompanham crescimento da produção do país

Safra pára no gargalo da infra-estrutura

Pierre Duarte/Folha Imagem
Trecho da estrada BR-153, em condições precárias, em São José do Rio Preto, no noroeste de SP

ANDRÉ SOLIANI
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A capacidade de expansão da agricultura brasileira praticamente chegou ao seu limite pela falta de infra-estrutura para escoar a produção, segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e seis especialistas entrevistados pela Folha.
Estradas esburacadas -quando há estradas-, portos sobrecarregados, falta de investimentos em hidrovias e ferrovias e escassez de armazéns tornam a comercialização da safra um caos e pouco competitiva.
“Eu tenho medo que a enchente da agricultura [aumento da produção] seja tão vigorosa, pela competência dos produtores rurais, que a ausência de uma logística adequada resulte em perda de renda para o agricultor”, afirma o ministro.
A situação pode piorar. Nesta safra, em que os produtores rurais plantaram o suficiente para mais uma colheita recorde, ainda será possível comercializar toda a produção com as perdas habituais de rentabilidade.
“Neste ano ainda não haverá uma crise de abundância, que poderá ser muito grave, se nos próximos dois anos não houver um volume de investimento mais substancial em projetos de logística e infra-estrutura”, afirma Rodrigues.
A crise de abundância poderá ser evitada nesta safra, mas não faltarão sobressaltos para o agricultor vender seu produto. “Filas de caminhões de até 70 quilômetros, com esperas de até três dias para desembarcar o carregamento no porto, certamente vão acontecer, como no ano passado”, afirma Paulo Fleury, presidente do Centro de Estudos de Logística do Instituto Coppead de Administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Primeiros problemas
O auge da colheita -entre março e abril- nem começou e os problemas já começaram a acontecer devido às recentes chuvas.
Na semana passada, entre 150 e 200 caminhões estavam atolados na região de Sapezal (Mato Grosso) numa estrada de terra do Estado, segundo informações colhidas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Não há como evitar as dificuldades. Neste ano, segundo Rodrigues, a safra brasileira pode crescer em até 8 milhões de toneladas e a infra-estrutura é praticamente a mesma do ano passado.
As maiores obras são apenas para tornar trafegáveis algumas estradas já existentes e que apresentam problemas estruturais.

Falta de investimento
Há 80 anos, o Brasil tinha cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias. O país cresceu, mas hoje conta com uma malha ferroviária quase idêntica, apenas 29.283 quilômetros de estradas de ferro, segundo a vice-presidente do Corredor Atlântico (entidade que busca a integração do continente), Sandra Stehling.
Na década de 70, o governo investia cerca de 1,8% do PIB (total de riquezas produzidas no país) em estradas. Em 2003, o investimento foi de apenas 0,1% do PIB, diz Fleury, da UFRJ.
A deficiência de infra-estrutura, fruto da falta de planejamento e recursos, significa custos adicionais para o agricultor.

Na Argentina, o produtor rural gasta em média US$ 16 para colocar uma tonelada de soja no porto. Nos Estados Unidos esse gasto é de US$ 15,50. No Brasil são US$ 23,50 para realizar a mesma operação, diz Joelsio Lazzarotto da Embrapa Soja, empresa estatal de pesquisa agrícola.
A situação dos portos também não ajuda. As taxas portuárias nos Estados Unidos e na Argentina variam de 1% a 1,5% do valor da carga. No Brasil, chega a 5%, estima Lazzarotto.

Armazéns
Outro problema grave é a falta de armazéns para estocar os produtos. A produção brasileira de grãos cresceu quase 50% entre a safra de 1998/1999 e a passada. A capacidade de armazenagem, no entanto, cresceu apenas 5,7%, quase um décimo da taxa de crescimento da safra, no mesmo período.
“Hoje existe um déficit de capacidade de armazenagem de 35 milhões de toneladas”, diz Luiz Baggio, vice-presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Seria preciso aumentar em mais de 35% a capacidade atual, de 93,815 milhões de toneladas, para atender a demanda.
“O gargalo da agricultura brasileira hoje é a infra-estrutura”, diz o presidente da Corredor Atlântico, Paulo Vivacqua.

Investimentos na modernização das fazendas e boas chuvas não vão mais assegurar crescimento da agricultura brasileira, concordam o ministro da Agricultura e os demais entrevistados pela Folha. É preciso ferrovias, hidrovias, estradas, portos e armazéns para aumentar a produção.

Fonte: Folha de São Paulo