Tecnologia ou morte

O Norte – João Pessoa, terça-feira, 23 de julho de 2002


Oduvaldo Batista

Uma colega deu-me grande prazer, apresentando-me o inventor Reginaldo Marinho, paraibano de Sapé. Surpresa agradável. A satisfação é maior porque ele, um grande amante do Brasil, eu já o conhecia de nome, pelos jornais. No meu pequeno arquivo, encontrei um artigo de Eliane Cantanhede (Folha de São.Paulo, 14-5-00) e uma página inteira do Jornal do Brasil (7-5-00). Acompanho Reginaldo Marinho e sua luta para contribuir com o desenvolvimento do Brasil, o que só é possível através da tecnologia.

Nosso conterrâneo vem sendo “escanteado” em sua Pátria que tanto ama.
Eliane fecha seu artigo confessando que, neste País, “governo, iniciativa privada e jornalistas, como eu, pecamos pela omissão. Parabéns, Reginaldo Marinho! E mil desculpas”…

O Jornal do Brasil, na página inteira de Internacional, destaca despacho de Roma, com esta chamada na primeira: “Europa acolhe invenção que Brasil esnobou” – “Esnobado pelo governo e pela iniciativa privada no Brasil, o inventor paraibano Reginaldo Marinho contraiu dívidas e partiu para a Europa. A ousadia funcionou: a estrutura que criou, considerada revolucionária para a construção de edificações, ganhou o primeiro lugar num concurso internacional realizado na Suíça, e apoio para ser posta em prática”.

O correspondente do JB, em Roma, Araújo Netto, entrevista Reginaldo Marinho, de onde transcrevo pequeno trecho: “… O empresário brasileiro talvez seja o mais ‘globalizado’ do mundo. A ele não importa que nos últimos cinco anos o País tenha aumentado oito vezes os gastos com a importação de tecnologia. Segundo dados do IPEA, atualmente (maio de 2000), o Brasil gasta mais de US$ 1 bilhão por ano em importação de tecnologia.

Hoje temos milhares de pesquisadores e inventores em atividade por todo o País, isolados, sem qualquer apoio governamental, financiando-se com seus próprios recursos – criando produtos e tecnologias sem a menor possibilidade de viabilizá-los.

Temos mesmo casos escandalosos de descobertas e invenções feitas por brasileiros, expropriadas e exploradas indevidamente por empresas e grupos internacionais, sem que nosso governo esboce sequer uma reação de protesto. Casos como o da longa pesquisa do professor Sérgio Ferreira sobre a influência do veneno da jararaca no organismo humano”…

O correspondente do JB em Roma conclui sua excelente matéria enfatizando que “o descaso do Brasil pela tecnologia brasileira se deve unicamente à preguiça e ao comodismo das suas lideranças políticas e econômicas.”

Este é um aspecto. Bem menor! O motivo principal desta boicotagem contra os nossos inventores tem um objetivo mais criminoso, pior para os destinos da nossa Pátria: é a permanência dos países do Terceiro Mundo, os dependentes, os colonizados, no subdesenvolvimento.

Atualmente, uma Nação só pode se desenvolver com tecnologia. Antes era a industrialização, mesmo na era das caldeiras a carvão. País industrializado é sinônimo de rico. Agora, estamos no ciclo da tecnologia. Eles (Washington, Ottawa, Berlim, Londres, Paris, Roma e Tóquio) não querem nosso desenvolvimento e para isto fazem o que podem.

Um povo que não tem tecnologia está condenado à morte. Por tudo isto, nós temos o dever de, pelo menos, divulgar e apoiar a luta de Reginaldo Marinho.

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