Pesquisador critica falta de investimentos em tecnologia

Correio da Bahia – Aqui Salvador – 27/10/2004
Daniel Freitas

Ele acredita que, à exceção do imperador Dom Pedro II, nenhum outro governante brasileiro demonstrou aptidão tecnológica nem interesse pelo assunto. É por isso que o país é atrasado, em sua opinião. “Há 20 anos, a economia da Coréia do Sul era equivalente a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil na época. Com investimentos maciços em tecnologia, porém, as riquezas sul-coreanas já ultrapassaram o PIB brasileiro desde 2002. E vale lembrar que a área da Coréia do Sul é correspondente ao estado do Piauí”, afirmou o pesquisador e inventor paraibano Reginaldo Marinho, ao participar, na manhã de ontem, do 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, que prossegue até hoje no Hotel Pestana, Rio Vermelho.

Reginaldo Marinho sabe do que fala. Seus inventos tecnológicos já lhe renderam a conquista de medalhas de ouro, dois anos atrás, no 28º Salão Internacional de Invenções e Novas Tecnologias de Genebra e no BBC Tomorrow”s World Live – evento promovido pela BBC de Londres para a difusão de tecnologias internacionais. Ele cita o atraso em que o Brasil sempre esteve em relação a outros países, principalmente os europeus. “Enquanto o Brasil ainda era colônia, em 1821, a Inglaterra já investia pesado em tecnologia, financiando Charles Babbage, criador do aparelho considerado o avô do computador”.

Marinho exemplifica que, por seu interesse em tecnologia, Dom Pedro II foi o único dos governantes brasileiros a se destacar nesse aspecto. Foi o imperador que instalou o Observatório Astronômico Nacional e convidou o inventor do telefone, Alexandre Graham Bell, para instalar no Brasil uma das primeiras redes de telefonia do mundo, no Rio de Janeiro. Em sintonia com as tendências mundiais, numa época em que os estudos em ciência e botânica conheciam grandes avanços na Europa, Dom Pedro II criou ainda o Jardim Botânico, também no Rio, entre os séculos XVIII e XIX.

“No reinado do imperador, o Brasil tinha a segunda maior malha ferroviária do mundo, perdendo apenas para a Rússia. Hoje, o que se vê são ferrovias em estado precário”, acrescenta Marinho. Ele salienta a necessidade de o Brasil criar um programa responsável de valorização da tecnologia nacional, confiando no potencial dos pesquisadores do país. Reginaldo Marinho fala com a experiência de quem entrou na universidade aos 17 anos, cursou engenharia, arquitetura, comunicação e sistemas de informação, não se formou em nenhuma dessas áreas e preferiu ser inventor.

Ele conta que a invenção faz parte de sua natureza, pois é motivado pela transformação. “A universidade não me satisfez. Associo os conhecimentos de todas as áreas que cursei em meus inventos e nunca deixei de estudar. Estou sempre me atualizando com as novidades em arquitetura e engenharia”, revela Reginaldo Marinho, que, mesmo sem formação, já foi professor de geometria descritiva na Universidade Federal da Paraíba.

E o que o inventor faz num evento sobre jornalismo? “Sou jornalista. Eu publico uma coluna na internet, no principal portal de notícias sobre ciência e tecnologia da Paraíba”, responde, referindo-se ao site www.wscom.com.br.  Um dos inventos de Reginaldo Marinho, inclusive, está exposto ao público no 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico. É o projeto Construcell, uma maquete de plástico em forma de prismas que simula construções compatíveis para ginásios esportivos, hangares, escolas e armazéns. O produto utilizado no projeto é plástico polietileno terefitalato – o plástico PET, usado nas garrafas de refrigerante.

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