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Opção pela mediocridade

terça-feira, maio 3rd, 2011

“Sozinho não mudarei o mundo,
mas continuarei tentando.”

Reginaldo Marinho

Reginaldo Marinho, em 2010, fez o curso Economia para Jornalistas promovido pelo Instituto de Pesquisa Aplicada – Ipea e pelo Sindicato dos Jornalistas da Paraíba. Após a palestra do diretor de Inovação do órgão, Marinho questionou a omissão do Estado no descumprimento dos artigos 218 e 219 da Constituição Federal, que responsabiliza o Estado pela promoção dos variados vetores das atividades relacionadas a C&T.

No debate, Marinho mencionou os principais gargalos que atrapalham o desenvolvimento tecnológico nacional: a recusa das agências de fomento do Estado (Finep, BNDES e BNB) em aceitar o patrimônio intelectual como garantia a financiamentos específicos ao setor, desprezando o artigo 5 da lei 9.279 (Lei da Propriedade Industrial), assegura que “Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”. o prazo que o INPI aplica, de oito a dez anos, para conceder uma patente, quando o Escritório Europeu de Patentes (EPO) concede uma patente em prazo médio de 45,3 meses. A resposta do diretor do Ipea foi surpreendente, afirmando que essa era uma questão cultural.

Muito bem! Sendo cultural, corrigir os efeitos desse descaso é obrigação do Estado. O Ipea representa o Estado, sendo órgão de assessoramento direto do presidente da República. A entrevista do deputado Newton Lima PT/SP à revista Locus/Anprotec sugere uma mudança cultural. Essa é uma discussão de elevada relevância para mudar os parâmetros do desenvolvimento econômico nacional. Se não conseguirmos solucionar essas questões, jamais alcançaremos os índices de crescimento e competitividade da China e de outros países que investem fortemente na consolidação de novas tecnologias.

No Brasil, ainda não se compreende que o desenvolvimento de novas tecnologias endógenas é uma poderosa alavanca para o crescimento econômico. Quando o Programa de Aceleração do Crescimento-PAC foi criado, dentre os 37 itens contemplados, a única referência a tecnologia era apenas sobre importação de softwares. Nenhum deles referia-se a incentivos às tecnologias nacionais.

A grande imprensa nacional ainda não percebeu as perdas econômicas brasileiras causadas pela inexistência de um programa de reconhecimento e divulgação de inventos nacionais. O jornalista Sérgio Ruiz Luz publicou uma matéria, na revista Veja, intitulada “Ganhou e não levou” , cujo texto indica que os prejuízos ultrapassam os econômicos − fere a autoestima nacional −, por falta de uma política pública de apoio e difusão das tecnologias brasileiras. O Estado é absolutamente ausente.

O conhecimento é patrimônio imaterial de uma nação. Não se pode disponibilizar essa riqueza sem que ela seja convertida em tecnologia, através da qual a propriedade intelectual é a ferramenta apropriada para converter ciência em prosperidade para todos. Paga-se um preço elevado quando não se percebe o valor de uma descoberta tecnológica e as oportunidades são perdidas.

Para dar visibilidade a essa atividade estratégica, Marinho propõe a criação em Brasília, em São Paulo ou no Rio de Janeiro, do Espaço da Invenção Brasileira, uma espetacular vitrine permanente das tecnologias produzidas em todas as universidades e empresas brasileiras, junto com as dos inventores independentes. O deputado federal Marcondes Gadelha já sugeriu a criação desse espaço na tribuna da Câmara dos Deputados, quando Marinho apresentou a conferência “Desafio Tecnológico e Desenvolvimento Econômico” na 5ª Bienal de Arquitetura de Brasília. O equipamento seria instalado no ambiente do Museu Nacional de Ciência e Tecnologia.

O documento mais contundente elaborado pelo governo brasileiro para esse setor é de 1998  ̶  o único diagnóstico da área  ̶  conhecido por Relatório da Inventiva Nacional. Esse relatório apresenta um diagnóstico perverso da realidade brasileira no cenário de C&T. Desde aquela época, até agora, as mudanças foram insuficientes para melhorar o cenário de competitividade.

Para começar, o embaixador Soto Lorenzo, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do governo Fernando Henrique Cardoso, nas primeiras linhas do relatório, adverte: “O Projeto Inventiva pautou-se estritamente pelas diretrizes do Governo Federal e do Sr. Ministro de Estado, no sentido de que atenda a um objetivo relevante, qual seja, o estímulo à atividade inventiva e inovativa nacional, a um custo tão baixo quanto possível, aproveitando ao máximo, recursos e cooperação potencial de outros órgãos e instituições, assim como do setor privado.”

Como pode uma atividade tão importante, quanto o desenvolvimento de novas tecnologias, ser tratada dessa forma: “a um custo tão baixo quanto possível”? Isso é inaceitável deboche patrocinado pelo Estado.

O diagnóstico não é favorável à Nação. Percebe-se com nitidez o “fator cultural” ofuscando o potencial tecnológico nacional. A baixa conversão do conhecimento gerado nas universidades em patentes – inferior a 1% dos pedidos de privilégio do INPI (pag.78 do Relatório Inventiva − compromete a eficiência acadêmica e suscita dúvidas relacionadas à eficácia dos investimentos do MCT, dissociados do desenvolvimento nacional. O relatório revela que 66% dos pedidos de patente correspondem a inventores independentes, empreendedores sem qualquer apoio governamental. A produção de patentes nos institutos de pesquisa continua inferior a 1% dos pedidos registrados no INPI.

Com os dados publicados pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), selecionamos o Brasil mais quatro países emblemáticos no cenário econômico mundial e as respectivas variações dos depósitos de patentes entre 1985 e 2011.

O Brasil passou de 1.954 depósitos para 4.701 (crescimento de 2,40 vezes); o Japão passou de 274.348287.580 depósitos (crescimento de 1,04 vezes); Estados Unidos variou de 63.348247.775 (crescimento de 3,89 vezes); a Coreia saiu de 2.702138.034 (crescimento de 51,08 vezes) e a China foi de 4.065415.829 (crescimento de 102,29 vezes). Esses números mostram claramente como as economias dessas nações evoluíram no período, com a contribuição tecnológica.

A constatação da precariedade da produção acadêmica brasileira é refletida na entrevista de Marcia McNutt, editora-chefe da revista Science, ao jornalista Herton Escobar do jornal Estado de São Paulo. Marcia McNutt insinua que a ausência de artigos de brasileiros na revista mais importante do mundo científico se deve à falta de ousadia dos pesquisadores brasileiros, que não arriscam novos desafios nos variados campos da ciência.

Ela reconhece que o Brasil nunca ganhou um Nobel por causa desse marasmo científico e declara: “Esse tipo de estratégia não produz grandes resultados científicos; é uma estratégia segura, incremental, que vai avançar a ciência do país pouco a pouco, mas não vai influenciar radicalmente o panorama da ciência num contexto global, porque é muito conservadora, não é ousada.

Brasil é lanterninha na inovação. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo, porém o menos inovador, com índice inferior a 10% de negócios inovadores. Esse é o resultado da combinação nefasta da baixa escolaridade da população com a falta de apoio a empreendimentos tecnológicos nascentes.

Fonte: GEM Adult Population Survey (APS)

O Brasil continua sendo um dos países menos inovadores do mundo. Estamos, segundo o novo relatório do GEM, no mesmo nível de Trinidad & Tobago, apenas Bangladesh é menos inovativo do que o Brasil.

Na página 51 da publicação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual-Ompi “Indicadores mundiais da propriedade intelectual” podemos observar que o Brasil não está incluído na coluna dos “países de origem”, os que produzem tecnologia. O nome do Brasil aparece apenas na linha dos importadores de tecnologia, quando sabemos que tecnologias brasileiras encontram dificuldades para serem viabilizadas, inexplicavelmente. Na página 126 verificam-se os pedidos de patente de cada país em 2009, e na página 129 as patentes concedidas.

Recomendamos comparar os pedidos de patente do Brasil, da República da Coreia e da China diante da variação demográfica e do crescimento do PIB de cada país. A China e a República da Coreia, há quarenta anos, eram países pobres e mudaram o rumo de suas economias investindo em Ciência, Tecnologia e Educação, enquanto o Brasil era a 8ª economia do mundo, sempre lastreada por exportações de produtos primários, sem nenhum compromisso com a sustentabilidade, nem com a produção tecnológica própria.

A Coreia que tem um território equivalente a menos da metade do Estado do Piauí, investiu em Educação, Ciência e Tecnologia e transformou a realidade econômica daquele minúsculo país. No início deste século, o PIB da Coreia chegou a ultrapassar o do Brasil. Embora a Coreia tenha perdido posições diante do Brasil, o pib per capita deles é cinco vezes maior do que o nosso.

O principal fator responsável por esse baixo rendimento tecnológico está vinculado à precária escolaridade brasileira, particularmente em matemática, e ao reduzido percentual de formandos em engenharia diante das outras profissões, segundo pesquisas levantadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE.

O déficit de US$ 9 bilhões no balanço de pagamentos tecnológicos, em 2002, já colocava o Brasil numa situação preocupante ao analisarmos o estudo elaborado pela Fapesp, página 41, mas o déficit na balança comercial de alta e média-alta tecnologia já alcança US$ 17,7 bilhões nos três primeiros meses deste ano, sendo o pior dos últimos 22 anos, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, IEDI.

Entre 2010 e 2011, o Brasil perdeu 32 duas posições na lista de eficiência do Índice Global de Inovação, caiu do 7º lugar para o 39º. Em 2014 desceu para o 71º lugar, em 2015 continuou caindo e já ocupa a 99ª posição entre 141 países no ranking do Índice Global de Inovação.


Folha de São Paulo

O Brasil está menos competitivo no cenário internacional, de acordo com o Índice de Competitividade Mundial 2012. O país caiu duas posições no ranking e ocupa agora o 46º lugar entre as 59 economias pesquisadas.

O índice é desenvolvido pelo IMD (International Institute for Management Development) e analisa dados estatísticos internacionais e nacionais, como PIB, taxa de juros e inflação e uma pesquisa com executivos.

Se essas dificuldades não fossem suficientes, ainda exige-se a comprovação de êxito financeiro, através dos três últimos balanços, para que uma empresa de base tecnológica receba apoio de qualquer agência nacional de fomento tecnológico. Até o Prêmio Finep para novas tecnologias exige o mínimo de três anos de sucesso financeiro da empresa, no ato da inscrição. Ou seja, no Brasil, a startup para ser apoiada pelos programas governamentais vigentes tem que provar por três anos que a sua tecnologia é exitosa, quando esse é o período de maior mortalidade empresarial. A outra saída é apresentar garantias reais.

O único programa de fomento que não exige comprovação de êxito financeiro é o Prime −Primeira Empresa Tecnológica− da Finep, ancorado no Estado pela Fundação Parque Tecnológico da Paraíba. É um investimento não reembolsável cujos recursos são vedados de serem aplicados na tecnologia, contemplando apenas as atividades de consultoria e custeio. Portanto, as empresas nascentes, com patentes depositadas no INPI, detentoras de tecnologias de alta relevância não são atendidas por nenhum programa governamental para desenvolver os seus produtos.

O momento atual de transição política sugere um debate efetivo sobre a responsabilidade do Estado brasileiro como agente indutor ao fomento de novas tecnologias nacionais. Essa atividade gera muita riqueza no mundo inteiro, exceto no Brasil, que se contenta em suportar a economia baseada nas exportações de commodities e produtos agroindustriais. A sociedade brasileira conserva hábitos coloniais e extrativistas, que emperram definitivamente o desenvolvimento pleno de nossa economia, submetendo exigências restritivas às empresas tecnológicas nascentes.

Marinho constituiu a empresa Construcell para participar do edital Prime da Finep e o seu empreendimento foi selecionado em primeiro lugar na classificação, recebendo a nota máxima (dez) em Grau de Inovação.

Marinho criou uma tecnologia baseada em um módulo prismático que associa as funções estruturais e de cobertura em único elemento; o sistema substitui a alvenaria na condição do arco pleno (180º). Este invento incorpora valiosas interfaces ambientais, ao permitir o uso de plástico reciclado na fabricação dos módulos e o uso de placas fotovoltaicas quando os elementos forem transparentes. Construcell é a tecnologia construtiva de maior impacto visual do mundo contemporâneo.

Construcell na Feicon 2011

Esta tecnologia introduz dois novos paradigmas à engenharia. Será a primeira estrutura do mundo em plástico  ̶  juntando-se às de concreto, de madeira e de metal que são as modalidades estruturais conhecidas mundialmente  ̶  e a primeira construção totalmente transparente, sem a intervenção de nenhum material opaco.

Esta invenção se insere entre as políticas mais engajadas na preservação ambiental que resultará em mídia espontânea no mundo inteiro. Ela é um sistema construtivo que pode ser aplicado na construção de escolas, espaços culturais, ginásios esportivos, armazéns para grãos, terminais de cargas e de passageiros, hangares e tantas outras atividades que demandem grandes áreas cobertas sem a intervenção de colunas internas, por tratar-se de um sistema autoportante polidirecional.

A eficiência energética assegurada pelo sistema é garantida em outra condição, quando os módulos forem translúcidos, permitindo através da iluminação zenital a redução do consumo de energia em diversas modalidades de aplicação dessa tecnologia. Um plano de marketing confirma a viabilidade mercadológica dessa tecnologia.

Outras contribuições ambientais referem-se à possibilidade da formulação de compósitos associando o PET a fibras vegetais, como o sisal ou o pó de serra tão abundante nas serrarias amazônicas; a calcita e outros minerais encontrados no Brasil. Construcell poderá reduzir o impacto ambiental causado pelas empresas petrolíferas incorporando, aos compósitos, a bentonita atirada na natureza resultante da perfuração de poços de petróleo.

A proximidade da Copa de 2014 sugere a introdução de novas tecnologias no cenário da engenharia mundial para a construção de estádios de futebol. O uso de uma tecnologia com tais interfaces ambientais, que permite o crescimento biológico do gramado natural, torna-se uma contribuição relevante para solucionar o problema dos campos de futebol em estádios cobertos. Essas condições se encaixam na declaração do ex-presidente Lula, ao afirmar na África do Sul que a Copa de 2014 será ambientalmente sustentável. As características estruturais desse sistema construtivo, conhecido por estruturas articuladas, permitem a absorção de esforços externos e são muito úteis para uso em áreas submetidas a terremotos.

Sobre este invento, várias matérias foram publicadas dentre as quais se destacam a do Correio Braziliense, a do Diário de Pernambuco, Construções celulares do Correio da Paraíba, a do portal do Confea, a do portal do Crea-PB. A Folha do Meio Ambiente e A União publicaram ótimas entrevistas sobre a tecnologia Construcell. A revista Edificar, a revista Artestudio e o jornal Contraponto publicaram ótimas matérias sobre essa tecnologia. O portal Universia publicou uma matéria enfatizando o cenário brasileiro da inovação no universo da construção civil.

Este invento foi premiado com medalhas de ouro em salões europeus de tecnologia: no 28º Salão de Invenções de Genebra e no BBC Tomorrow’s World Live, em 2000. Sobre ele, Marinho fez conferências no Mestrado em Estruturas da Universidade de Brasília, na 5ª Bienal de Arquitetura de Brasília, no 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos, no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, Confea, no Crea/PB e na Pós-Graduação em Arquitetura da UnB, que foi incluída no Sistema de Avaliação da Capes (página 6).

A jornalista Eliane Cantanhêde ao publicar um artigo, na Folha de São Paulo, dedicado à primeira medalha de ouro conquistada por Reginaldo Marinho, concluiu assim: “Governo, iniciativa privada e jornalistas, como eu, pecamos pela omissão. Parabéns, Reginaldo Marinho! E mil desculpas para você e os pirados como você.”

Há quase um quarto de século, o jornalismo tradicional se permitia fazer editoriais que criticassem o modelo brasileiro na área tecnológica. Em 09/05/2000, o Jornal do Brasil publicou o editorial Medo de voar, sintetizando a saga de Reginaldo Marinho diante do cenário perverso de boicote ao desenvolvimento tecnológico nacional.

O editorial repercutiu a reportagem publicada no mesmo JB, no domingo anterior, intitulada Um inventor brasileiro para o mundo, sobre a experiência de Marinho na Europa, após receber a sua primeira medalha de ouro em Genebra. A matéria foi publicada com direito a chamada de capa.

O professor Moacyr Costa Ferreira, da Universidade de Guaxupé, incluiu o nome de Reginaldo Marinho em uma relação dos Grandes brasileiros (veja #48) em Ciência e Tecnologia. Marinho foi o único nome citado na sessão da Comissão de Educação do Senado Federal, quando aprovou o Dia Nacional do Inventor. Embora, o texto da matéria revele o desprezo que os senadores têm pelos inventores brasileiros.

A Rede TV fez uma matéria muito boa sobre a participação de Construcell no 14º Salão do Inventor Brasileiro, a TV Globo Nordeste fez ótima reportagem sobre esse invento, em sua apresentação no 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos, a TV Cabo Branco fez uma homenagem no Dia do Inventor.

A TV Correio fez uma matéria na qual o engenheiro Argemiro Brito, consagrado calculista paraibano, compara a inventividade da tecnologia Construcell às obras de Leonardo Da Vinci e do arquiteto italiano Pier Luigi Nervi, que é uma das estrelas da arquitetura estruturalista. Pier Luigi Nervi foi o arquiteto que projetou a belíssima Embaixada da Itália em Brasília.

É do arquiteto Nervi a definição que sintetiza os fundamentos estruturais da arquitetura contemporânea: “As estruturas são a materialização das forças que atuam em um projeto.” A tecnologia Construcell adota esse princípio, as suas vigas são tão delgadas que tangenciam a imaterialidade. A sensação imaterial será mais intensa quando os módulos forem transparentes. É um modelo estrutural que potencializa, através dos esforços distribuídos pela geometria selecionada, o aproveitamento máximo dos recursos naturais.

A trajetória desafiadora de Reginaldo Marinho inicia em 1968, como um autêntico teenager da década de 60, quando foi contratado pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB, por notório saber, para lecionar Geometria Descritiva no Colégio Universitário da Paraíba, em substituição ao professor Argemiro Brito. Marinho lamenta que a Geometria Descritiva, disciplina que ilumina a inteligência espacial, tenha sido excluída da grade curricular.

O engenheiro Argemiro Brito, de quem Marinho foi aluno, conhece esse invento desde o início, sendo um grande entusiasta dessa descoberta. O engenheiro Brito é um profissional ousado e desafiador no campo das estruturas, ele é autor do cálculo estrutural da estátua de Santa Rita de Cássia, a maior estátua católica do mundo. É uma estátua com 50 m de altura construída com uma parede de concreto armado de apenas 6 cm de espessura, da base ao topo. O engenheiro Argemiro Brito é o responsável pelo cálculo estrutural do protótipo Construcell.

A Fundação Joaquim Nabuco-Fundaj incluiu um depoimento sobre Construcell no documentário que produziu para a 55ª Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal de Pernambuco, e a TV Universitária fez outra matéria sobre a participação de Marinho no encontro da SBPC. A TV Bahia deu grande destaque à presença de Reginaldo Marinho no 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico.

Durante algum tempo, Marinho alimentou a veleidade de contribuir para reduzir o desprezo governamental pelo desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil, atividade sem a qual perderemos as oportunidades competitivas no mercado mundial contemporâneo.

Outros artigos mais leves foram publicados no portal de arquitetura Vitruvius: O arquiteto global, os desafios de lord Norman Foster, Expo Xangai, Argemiro Brito, o filósofo das estruturas.

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Entrevista Eduardo Assad

quarta-feira, março 23rd, 2011
ENTREVISTA EDUARDO ASSAD
Brasileiro pobre também deveria ter painel solar

NOVO SECRETÁRIO NACIONAL DE CLIMA PREGA INCENTIVO FISCAL E QUER MUDANÇA DE ATITUDE


CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O novo secretário nacional de Mudança Climática, Eduardo Assad, tem dois recados para os empresários do país: se quiserem investir em energia alternativa, haverá crédito barato do governo. Se não quiserem, vão ter de investir do mesmo jeito.
Engenheiro com doutorado em hidrologia, o pesquisador da Embrapa Informática assumiu o cargo na semana passada, com carta branca da ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) para formular a política climática.
Ele diz que o recém-criado Fundo Clima, que começa neste ano com R$ 229 milhões, será o principal incentivador do desenvolvimento de tecnologias como energia solar, de marés e biodiesel.
Mas avisa que essas mesmas linhas de crédito devem abrir no governo o debate sobre restrições a financiamento para quem não quiser adotar tecnologias limpas. “Soltou-se essa lebre”, afirma.
Um entrave sério, para ele, é a maneira de pensar em energia no Brasil. “Num país cuja mentalidade de geração de energia nos últimos 50 anos foi hidrelétrica, você tem posições que são refratárias imediatamente”, diz.
“Se eu puder tomar meu banho com energia solar, será um passo razoável. Isso não é novo: a classe média alta em todas as cidades brasileiras já faz isso. Por que o pobre não pode fazer?”
Folha – O que muda na secretaria de Mudança Climática?
Eduardo Assad
– Estamos num processo de discussão. Hoje a secretaria se chama Secretaria de Mudança Climática e Qualidade Ambiental, provavelmente vai se chamar Secretaria de Mudança Climática e Recursos Hídricos, talvez florestas, para você ter mais aderência nessas questões todas. Uma das nossas missões é acompanhar o desmatamento. Outra é acompanhar políticas para reduzir desertificação. Acompanhar reduções de gases de efeito estufa. Discutir, acompanhar e participar dos sistemas de alerta.
Existe uma previsão no Fundo Clima de recursos para pesquisa em energia solar. Mas é pouco, não?
É pouco. Mas a boa notícia é que agora tem. Vamos competir com o setor elétrico? Absolutamente! O que nós queremos é que, naquelas regiões do Brasil onde você tem problemas de distribuição, áreas pequenas, municípios com 5.000, 10 mil habitantes, por que não utilizar energia solar, pelo menos para aquecer a água? Isso não pode ser uma opção somente das áreas urbanas, da classe média alta. Por que o pobre não pode usar coletor solar?
O Brasil tem condições hoje de usar energia fotovoltaica?
Tem. Existe um grupo no Rio Grande do Sul que desenvolveu um material muito legal e bastante eficiente. Então vamos agitar isso para encontrar soluções que falem, por exemplo, de refrigeração solar para preservar alimentos no sertão? Isso não é novo, é do meu tempo de estudante. É caro? É caro. Mas nas áreas mais afastadas dos grandes centros talvez não seja tão caro.
Vamos começar pelo começo, por aquelas áreas onde você pode fazer isso de uma forma mais eficiente. Isso gera demanda de pesquisa, de novos materiais, de eficiência. E você vê a partir daí se é possível.
Num país cuja mentalidade de geração de energia nos últimos 50 anos foi hidrelétrica, obviamente você tem posições que são refratárias imediatamente. E cálculos enormes dizendo que não é isso, que não é aquilo…
Quando você discute essas coisas, tem de olhar para o futuro, num horizonte de 40 anos, de 50 anos. Só que 30 anos atrás já se falava disso. E não se fez. Outra coisa importante: 8.000 km de costa e você não tem energia de marés. Por quê?
Também existem populações na beira do mar que têm dificuldade de ter energia. E é um absurdo não ter nenhum protótipo instalado. A iniciativa privada não quer? Tá bom, o governo quer.
E o Brasil comprou um protótipo da Alemanha?
Não sei se da Alemanha, mas comprou de fora.
Não é um pouco ingênuo achar que só porque existe dinheiro e expertise no país o negócio vai ser feito? Nosso empresariado é cronicamente ruim de inovação.
Vamos dizer que nós estamos mais ou menos na situação em que os EUA estavam em 1930, 1940, quando se decidiu que todos os equipamentos usados em ciência e tecnologia deveriam ser americanos. No momento em que isso foi feito, várias indústrias cresceram. Nós em grande parte perdemos esse “timing” no Brasil. Mas o governo pode sinalizar que está trabalhando nessa linha, energia renovável. Se eu coloco esse dinheiro a juros de mercado, ninguém vai pegar. Então nós vamos atrair recursos para isso.
Mas não basta oferecer a cenoura do juro barato, é preciso dar o chicote da regulação.
Vamos tentar pensar na posição mais favorável, não na cobrança, mas no incentivo: você tem de um lado esse incentivo, de outro um programa imenso no MCT de inovação, que precisa de recurso nosso para avançar.
Alguns exemplos importantes no Brasil surgiram nessa linha de energia. O exemplo de São Paulo e de Gramacho, do aterro sanitário, é fantástico. Você recicla, gera energia e atende 600 mil pessoas. É o melhor dos mundos. Dentro da lógica da redução de emissões, opções novas vão ter de surgir. Jogar pedra em energia solar, isso se faz há 30 anos.

Radar on line

quarta-feira, janeiro 26th, 2011

Radar on line publica nota relacionada à pirataria praticada pela Nokia contra um inventor brasileiro. A Veja já publicou uma matéria “Ganhou e não levou” do jornalista Sérgio Ruiz Luz que antecipa as perdas econômicas sofridas pelo Brasil, pela ausência de uma política eficiente de proteção e estímulo a quem produz tecnologia neste País.

Equação díficil – Editorial Folha de São Paulo

segunda-feira, janeiro 10th, 2011


São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
 
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Editoriais

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Equação difícil

Verbas para o setor de ciência e tecnologia voltam a crescer no 2º mandato de Lula, mas burocracia mina a eficiência de pesquisadores brasileiros

É comum ouvir de cientistas brasileiros, nos dias atuais, que a disponibilidade de dinheiro para pesquisa não é mais o principal problema do setor. Estatísticas confirmam a percepção: os investimentos de fato cresceram no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Não de forma linear, porém.

Sérgio Rezende, físico de renome que fez carreira técnico-política em Pernambuco no grupo do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) e do atual, Eduardo Campos, ocupou a pasta nos últimos cinco anos. No total foram oito de gestão do PSB no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Seu feito principal foi estancar a queda relativa dos gastos em pesquisa e desenvolvimento no governo Fernando Henrique Cardoso e no primeiro mandato de Lula.

Um indicador internacionalmente reconhecido compara o montante investido com o PIB do país. Nações como Alemanha e Estados Unidos investem acima de 2,5% do produto, meta adotada pelo Brasil para 2022.

No início da década o escore nacional ficava pouco acima de 1%, mas entre 2002 e 2005 caiu para o patamar de 0,9%. Voltou a cruzar o limiar em 2006 e, desde então, observou pequenos incrementos, até alcançar 1,3% em 2010.

É um nível similar ao da Espanha (1,35% em 2008), mas um pouco aquém da China (1,54%). Fica abaixo, além disso, da meta intermediária de 1,5% adotada pelo governo federal para 2010.

O próprio Rezende, no entanto, alertou em entrevista à Folha que um dos maiores problemas da ciência brasileira é de outra ordem -está na burocracia. Como em tantos setores, ela dificulta até a aplicação dos recursos disponíveis. Mesmo que se atingisse 1,5% ou 2,5% do PIB, a comunidade científica enfrentaria embaraços para de fato despender a dotação.

O ministro, que deixa o cargo em 31 de dezembro em favor do economista e senador Aloizio Mercadante (PT), aponta o Tribunal de Contas da União como fonte principal dos empecilhos. O órgão teria reforçado regras e exigências após alguns desvios em fundações supostamente dedicadas à pesquisa, mas que serviam de fachada para compras irregulares.

“É uma burocracia para se usar os recursos, para explicar como usou”, alerta Rezende. “Um cientista brasileiro enfrenta muito mais burocracia do que um europeu para fazer o mesmo trabalho, e isso diminui a competitividade.”

O mesmo se constata na área de importação de equipamento e insumos para pesquisa, como reagentes e material biológico. Receita Federal e a Anvisa cumulam o pesquisador com exigências burocráticas, ocasionando atrasos de semanas e até meses no recebimento de encomendas, quando não a perda do material, por acondicionamento inadequado nos armazéns alfandegários.

Depois de sucessivas gestões com esses órgãos, o MCT conseguiu que formulassem resoluções facilitando a importação. Como de hábito no Brasil, contudo, as diretrizes nem sempre chegam ao funcionário no balcão.

A ineficiência do Estado tem muitas facetas e engendra equações nem sempre fáceis de resolver -resta saber como o novo ministro, que é um economista de formação, pretende solucioná-las.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2412201001.htm

Investimento em inovação exige que Finep vire banco, defende Mercadante

quinta-feira, janeiro 6th, 2011

Segundo novo ministro de Ciência e Tecnologia, essa seria forma de aumentar investimentos

05 de janeiro de 2011 | 23h 23 

Marta Salomon, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Aloizio Mercadante é, como ele mesmo define, um economista que “está ministro”. Depois das primeiras horas no cargo de ministro de Ciência e Tecnologia, Mercadante anunciou que pretende transformar a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública responsável por bancar projetos na área de ciência e tecnologia, em instituição financeira.

André Dusek/AE

André Dusek/AE

Ministro também quer revisar acordo espacial com Ucrânia

Seria uma forma de aumentar investimentos – ainda acanhados – no setor. E a proposta já conta com o aval da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao Estado no início da noite da última terça-feira, Mercadante adiantou que mandou fazer uma revisão do acordo espacial com a Ucrânia, para o lançamento de foguetes da base de Alcântara, no Maranhão. O ministro admitiu, também, que tem dúvidas sobre a conveniência de produzir urânio enriquecido para exportação, uma possibilidade do programa nuclear brasileiro.

Pesquisas na área de defesa dividem as prioridades no novo governo, segundo o ministro, com outras áreas identificadas como de maior potencial de inovação tecnológica, nesta ordem: petróleo e gás, por conta da exploração do pré-sal, e a indústria farmacêutica, impulsionada pelo vencimento de patentes de medicamentos nos próximos anos.

Mercadante recorre a sua tese de doutorado em economia, recentemente defendida na Unicamp, para justificar a importância da inovação tecnológica na nova etapa do projeto de “novo desenvolvimentismo”, iniciado no governo Lula: “Não podemos nos acomodar no papel de exportador de commodities, temos de enfrentar um concorrente com custos cada vez mais reduzidos, que é a China”.

Qual é o papel do ministério do governo Dilma Rousseff?

O governo Lula criou as bases de um novo desenvolvimentismo, por sinal esse é o tema da minha tese de doutorado, uma tese de 550 páginas. O que eu chamo de novo desenvolvimentismo é basicamente uma inflexão histórica que supera o nacional desenvolvimentismo e o que foi o neoliberalismo. É um padrão de desenvolvimento que tem como eixo estruturante a criação de um mercado interno forte de consumo de massas e políticas de inclusão social. Agora, nós precisamos olhar a agenda para o futuro: o Brasil não pode se acomodar no papel de exportador de commodities. Temos de enfrentar um concorrente com custos cada vez mais reduzidos, que é a China. Temos problemas de juros, de câmbio, de carga tributária, de infraestrutura, mas somos uma economia que voltou a crescer. Isso significa que temos de focar na inovação como o grande desafio da indústria e da economia brasileira. A questão da sustentabilidade e a questão da sociedade do conhecimento são grandes desafios.

E como entram Ciência e Tecnologia nessa agenda?

A primeira prioridade é expandir, melhorar a formação de recursos humanos. Nós formávamos 5 mil doutores e mestres em 1987. Em 2009, estávamos formando 50 mil mestres e doutores, mas ainda estamos abaixo da média internacional, especialmente em algumas áreas. Nós formamos um engenheiro para cada 50 formandos, a Coreia tem 1 engenheiro para cada 4 formandos. Segundo, aprofundar a pesquisa. Na inovação, temos de ter uma visão sistêmica, que articule todos os agentes e com atenção especial para as cadeias que tem grande potencial inovador. Por exemplo: gás e petróleo. O Brasil vai ter mais de 25% da capacidade de compra de todo o investimento offshore de gás e petróleo no mundo. É uma janela de oportunidade que o Brasil tem. Da mesma forma, a área de fármacos. O déficit comercial na área de medicamentos e fármacos é mais de US$ 4 bilhões. A partir de 2014, as patentes estarão abertas. Então o Brasil tem um grande potencial para avançar nessa área e usar essa oportunidade para desenvolver novos medicamentos, patentes próprias, inovação, pesquisa.

O sr. defende a criação de uma superempresa nacional para competir internacionalmente nessa área?

Eu não participei de nenhuma discussão nesse sentido nesse momento. Mas o que nos interessa no ministério é inovar, e a gente não inova sem parceria com a iniciativa privada. As empresas brasileiras ainda investem pouco em pesquisa e desenvolvimento: 0,51% do PIB. O Japão tem investimento de 2,7% do PIB, só as empresas.

Por que as empresas investem pouco aqui?

Porque a cultura industrial do passado era uma cultura da reserva de mercado, onde a tecnologia era importada, você comprava no mercado, era mais barato. E porque viemos da hiperinflação, mais de duas décadas de baixo crescimento e instabilidade e de custos elevados, juros, câmbio e carga tributária. Agora o ambiente macroeconômico se estabiliza, as taxas de crescimento se aceleram e você tem política industrial, tem apoio do BNDES, tem apoio da Finep , começa a ter um marco legal mais favorável à inovação, as empresas começam a avançar. Uma das metas é transformar a Finep numa instituição financeira, para aumentar a capacidade de financiamento, tanto de projetos reembolsáveis como não reembolsáveis, teria muito mais capacidade de alavancagem, inclusive com recursos de mercado. Esse é um dos objetivos da nossa gestão. Já temos um parecer do BC sobre esse tema, conversei com a presidenta Dilma sobre essa possibilidade, e ela gostou muito da proposta, acha que isso pode ser um excelente caminho.

É viável a meta de investimento no setor?

O porcentual de investimento em pesquisa e desenvolvimento dos setores público e privado hoje está em torno de 1,25% do PIB. Para chegarmos à meta de 1,5%, a verba para o setor precisa crescer 10% ao ano. É ambicioso, mas é possível. A recomendação da 4ª Conferência de Ciência e Tecnologia é chegarmos a algo entre 2% e 2,5% em uma década. Essa ambição histórica, o Brasil tem de ter. E temos de superar alguns entraves básicos, como a importação de reagentes. A Anvisa fez um protocolo, a Receita fez, mas, objetivamente, não resolveu. O complexo industrial da saúde merece muita atenção. Outro complexo muito importante na inovação é o complexo da defesa. Nós temos hoje alguns projetos importantes, temos a discussão de como transferir tecnologia na aviação militar, que é fundamental para a nova geração da aviação civil, isso tem de estar articulado. Na área aeroespacial, o presidente da SBPC , Marco Antonio Raupp, vai assumir a presidência da Agência Espacial Brasileira, com grande experiência na área.

O acordo espacial com a Ucrânia vai ser mantido?

Quero fazer uma avaliação bastante detalhada para ver como evoluiu, qual é o potencial de evolução, quais são as dificuldades. Vamos fazer uma avaliação profunda do acordo, vamos olhar empresa binacional que está envolvida. Falei com a presidenta Dilma que nós íamos fazer todo esse levantamento. É prematuro um posicionamento. Novas definições do programa nuclear estão suspensas desde 2008, desde pouco depois da retomada do programa. Há um lobby forte pela participação da iniciativa privada na construção e operação de novas usinas, o que exige emenda constitucional.

O sr. apoia?

Existe um grupo ministerial, e o ministério pode ser ouvido no futuro. Mas a competência do nosso ministério é a pesquisa e a inovação, o domínio do ciclo do enriquecimento de urânio. Domínio em escala industrial é uma possibilidade. Esse passo só se justificaria se nós fôssemos exportar urânio enriquecido. Há demanda hoje no mercado internacional. Mas existem outros países que estão estabelecendo investimentos nessa área, então temos de pensar muito bem a viabilidade econômica desse passo.

O sr. tem dúvidas sobre a conveniência de produzir urânio para exportação?

É um tema que está em discussão. Estou aqui há 24 horas, certo? Evidentemente, a decisão caberá à presidenta da República.

Sua conversa com a presidente Dilma até aqui já desceu a detalhes?

Já tive uma segunda conversa. Hoje, eu conversei com ela mais de duas horas, acho que foram quase três horas. Ela é do ramo, gosta, se motiva. Conversamos muito sobre banda larga e inclusão digital, ela conhece profundamente essa discussão. Eu tenho um projeto já aprovado no Senado, que canaliza recursos do Fust para esse programa. O Fust arrecada R$ 1 bilhão por ano, e esses recursos sempre foram contingenciados. Não vamos conseguir resolver o apartheid social no Brasil se nós não resolvermos o apartheid digital. Na votação do Orçamento de 2011, parlamentares tiraram dinheiro da ciência e tecnologia para financiar projetos de turismo. Como são emendas que viabilizam respostas imediatas às prefeituras, ganham esse apoio. Mas devíamos olhar um pouco mais adiante e ver que essas cidades deviam estar preocupadas em montar uma incubadora de empresas com base tecnológica para estimular o empreendedorismo, pensar em parques tecnológicos para atrair empresas que vão criar emprego de qualidade e pesquisa. Mas conseguimos negociar, e verba vai voltar para o orçamento, porque a presidenta assegurou que voltará.

Qual é o maior problema que encontrou aqui?

Depois do que passei na liderança do Senado, eu ainda não encontrei nenhum. Seguramente há. Na realidade, sou um economista professor, estive senador. Estou ministro. E eu acredito que o Brasil só dará um salto histórico sustentável se olhar a sustentabilidade e a sociedade do conhecimento, e essas duas coisas passam por esse ministério. Um exemplo de um dos projetos que vamos implantar é a previsão de catástrofes. O Inpe tem um supercomputador, o 3º maior em meteorologia e o 29º maior do mundo, inaugurado terça passada. Vamos usar para ter uma previsão mais especializada e cruzar com informações das áreas de risco. Nós estimamos 500 áreas de risco no país e 5 milhões de pessoas expostas. Estão aumentando as precipitações. A cada chuva, aparecem vítimas, mais desabrigados.

O sr. falou em seu discurso de posse em atrair talentos, mas como se dará isso?

Só atrai com estímulo. Nós queremos fazer a repatriação de talentos brasileiros que saíram nas épocas difíceis. Só professores nas universidades americanas, em exercício, são cerca de 3.000. É bom que tenha gente nos principais centros, na fronteira do conhecimento. Mas, além de atrair talentos, estamos precisando de técnicos, engenheiros, não só repatriar, como atrair talentos estrangeiros que queiram vir para cá. Vivemos durante um período uma diáspora de talentos, hoje somos um imã.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,investimento-em-inovacao-exige-que-finep-vire-banco–defende-mercadante,662561,0.htm



TV Cabo Branco | Dia do Inventor

domingo, novembro 14th, 2010

Rede TV | 14º Salão do Inventor Brasileiro

quinta-feira, outubro 28th, 2010

Revista Edificar

quarta-feira, setembro 8th, 2010

4 Setembro de 2010 às 19h46

No outro andar

Reginaldo Marinho/Fotos: Olenildo Nascimento Reginaldo Marinho/Fotos: Olenildo Nascimento

O Construcell de Reginaldo Marinho
   
Invento do cientista paraibano une a tecnologia à ecologia, para criar estádios, com cobertura plástica, para a Copa de 2014

[ por thamara duarte ]
Imagine um estádio de futebol construído com cobertura de resina plástica, um módulo prismático feito de pets reciclados, e com placas fotovoltaicas que possibilitam a transparência do elemento e não utilizam materiais opacos. Uma construção sustentável, que preserva o planeta, e que é, também, menos suscetível aos abalos provocados por fenômenos da natureza, notadamente os terremotos…
 

Não, não se trata de ficção científica! Nem, tampouco de invento que ainda está sendo projetado para um futuro distante, idealizado apenas na cabeça do criador ou em fase de estudos. O Construcell tem como base o triângulo equilátero e o encaixe se dá através de parafusos colocados em cada um dos três lados iguais. A invenção existe há 10 anos, patenteada desde 2000, no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, no Rio de Janeiro. O paraibano Reginaldo Marinho já recebeu duas medalhas de ouro, em eventos tecnológicos em Genebra e em Londres. Mas, somente agora, como um dos selecionados pelo Prime – programa do Ministério da Ciência e Tecnologia, para fomentar a criação de empresas nascentes de base tecnológica – o cientista diz acreditar que, de fato, o invento será tirado do papel e efetivado em variados tipos de construção.
 

Depois de conquistar a nota máxima no Prime, em conteúdo tecnológico, o Construcell aposta na Copa de 2014, como o momento ideal para o País mostrar não apenas os dribles dos jogadores em campo. A edificação do estádio em plástico vai chamar a atenção dos cientistas, ambientalistas e de todos os cidadãos que acreditam no uso da tecnologia ligado à preservação da ecologia. A partir do Construcell do cientista Reginaldo Marinho, a taça do mundo – em ciência – será nossa!
 

“A minha invenção vem na mesma direção do que foi anunciado pelo presidente Lula, durante os jogos na África do Sul. Ele disse que a Copa do Mundo em 2014, no Brasil, seria marcada como a Copa da Ecologia”, revela Reginaldo Marinho. “Mas, infelizmente, o Estado brasileiro precisa cumprir, com vigor, o que determinam os artigos 218 e 219 da Constituição Federal”. Como revelador da omissão governamental, o cientista cita o artigo 5, da Lei 9.279, a Lei de Propriedade Industrial, que diz: “Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”.
 

Recentemente, ele participou de debate com um diretor do Ipea, que incluiu o binômio da ciência e da tecnologia na gestão dele. “Mencionei os dois principais gargalos que inibem o desenvolvimento tecnológico nacional: a recusa das agências de fomento – BNDES e BNB-, em aceitar o patrimônio intelectual como garantia a financiamentos específicos ao desenvolvimento tecnológico (Lei 9.279), e o prazo que o INPI aplica, de oito a dez anos, para conceder uma patente, quando o Escritório Europeu de Patentes (EPO) concede em oito meses”, diz Reginaldo. À indagação, recebeu, como resposta, a afirmativa: “Esta é uma ‘questão meramente cultural’’.
 

Há uma década, desde que concebeu e patenteou o Construcell, Reginaldo Marinho enfrenta entraves: alguns são burocráticos, outros são resultados de uma visão ainda estreita, de que o Brasil, diferente da China e da Índia, por exemplo, não está preparado para exportar tecnologia para o restante do mundo. Com o mesmo vigor com que luta pela autonomia nacional, o paraibano reconhece: novos tempos estão chegando; novos paradigmas estão sendo criados neste século XXI. Ele anuncia que uma ONG está estudando a possibilidade de construir o primeiro estádio em plástico do mundo.
 

Com uma estrutura para receber 45 mil torcedores, seguindo as especificações da Fifa, o projeto fica pronto em três meses. Serão consumidos 15 kg de resina por metro quadrado e o insumo pode ser o pet reciclado. A “receita” para criar o módulo prismático é simples: a resina plástica é colocada na injetora, que passa por um cilindro a 250 ° C e vai para o molde. Quando resfriada, ela vira o prisma triangular, que constrói o sonho de Reginaldo Marinho…

Na fotografia, o olhar poético sobre a cidade de 425 anos
Reginaldo Marinho lembra que a mania de construir veio da infância, quando morava numa casa com quintal imenso e um fogão a lenha. Aos seis anos, usava a madeira que o pai comprava para a cozinha para construir casas e cabanas nas brincadeiras com o irmão Ranilson. Depois, descobriu que o bom era montar e desmontar os brinquedos e equipamentos da casa – ferros de engomar e rádios de válvula. Recebeu então, de presente da mãe, uma caixa com as ferramentas do “Pequeno Construtor”.
 

Considerado o “bicho papão” para a maioria da meninada, na matemática, não tinha para ninguém: Reginaldo nunca aceitou menos do que um dez numa prova e, com 17 anos, recém ingresso no curso de Engenharia da UFPB (foi aprovado em quarto lugar no cômputo geral), foi ajudar o professor Argemiro Brito a ensinar os segredos da geometria descritiva aos alunos do Colégio Universitário. No meio do ano, passou de assistente a titular, implantando uma didática desconhecida na década de 1960: a interdisciplinaridade das matérias, ligando, por exemplo, a geometria à ótica.
 

O espírito, sempre inquieto, lhe fez voltar-se para a fotografia e a descoberta do espaço. Comprou uma Olímpus Pen, com teleobjetiva, e passou a mirar a realidade que o cercava, notadamente, a natureza e o social. Largou o curso de Engenharia e foi estudar Arquitetura na UNB. A capital federal fervia, com brasileiros de todos os estados, crenças políticas e tribos culturais. Mas o ambiente universitário estava esvaziado, após a invasão do campus. Ele resolveu, então, voltar a morar em João Pessoa.
 

Antes de deixar Brasília, trabalhou como fotógrafo na revista “Manchete”, “Jornal de Brasília e “Diário da Manhã”. Certa vez, brigado com o diretor do jornal, se viu impedido de participar de um concurso cultural. Um colega “roubou” duas fotos e se inscreveu. Pelo estilo do profissional, a “farsa” foi logo descoberta; o que não impediu Reginaldo de ganhar a medalha de ouro.
 

Em João Pessoa, lançou o livro “Verde que te quero ver”, com imagens da cidade quatrocentona. São fotos memoráveis; clicks que enchem os olhos do leitor: do Centro Histórico à Lagoa, passando pelos monumentos e a orla marítima, a beleza da capital é revelada com infinita poesia. Aos 61 anos, o inventor, fotógrafo e cidadão Reginaldo Marinho faz uma surpreendente afirmação: a ciência nunca o impediu de acreditar no divino. “Minha leitura é de que Deus tem duas linguagens fundamentais para se chegar a ele – a arte e a ciência. Ele me dotou com as duas!”.

Revista Edificar

Bom Dia Pernambuco

segunda-feira, junho 21st, 2010

19º Congresso Brasileiro de Arquitetos

Congresso de arquitetos busca soluções para preservação do meio ambiente

segunda-feira, junho 21st, 2010

Cerca de 3 mil profissionais estão participando do evento, que acontece no Centro de Convenções

Da Redação do pe360graus.com

Congresso reúne, no Centro de Convenções, em Olinda, arquitetos de todo o País. A preservação do patrimônio histórico e do meio ambiente são alguns dos temas que estão sendo discutida no encontro.

“Todos os 3 mil arquitetos que estão no Recife se interessam em discutir a nova cidade, o Brasil do futuro, para que nossas cidades sejam mais sustentáveis. O projeto arquitetônico pode, de fato, ser mais econômico”, falou a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em Pernambuco, Vitória Andrade.

“O patrimônio, hoje, é visto como oportunidade de negócio. Esse bem é único. As pessoas estão começando a descobrir que pode ser viável a recuperação do patrimônio”, concluiu Vitória.

No evento, também está sendo apresentado um projeto arquitetônico todo feito de plástico. “Fiz uma maquete de um sistema construtivo, com dois novos paradigmas: é o primeiro em plástico, e o primeiro em construção que pode ser totalmente transparente. Ele também permite a utilização de plástico reciclável. Ele é montado todo por justaposição”, falou o professor Reginaldo Marinho.

De acordo com Reginaldo, este é um projeto viável. “Sendo um produto que pode utilizar o plástico reciclável, já tem um ganho econômico enorme. Embora a descoberta já tenha acontecido há mais de 10 anos, não foi implantado em lugar nenhum”, afirmou.

Fonte: Rede Globo Nordeste

Diário de Pernambuco

segunda-feira, junho 21st, 2010

Um destino nobre ao PET

Material considerado vilão do meio ambiente ganha outras aplicações na construção civil
Ana Cláudia Dolores
anadolores.pe@dabr.com.br
Que destino você daria a uma daquelas garrafas descartáveis de refrigerante? O mínimo que um cidadão consciente faria era jogar o material num recipiente próprio para reciclagem. O inventor paraibano Reginaldo Marinho aliou conhecimentos em engenharia, resistência dos materiais e geometria descritiva à responsabilidade com o meio ambiente para dar um fim inusitado ao produto. Ele criou o módulo estrutural Construcell, um prisma triangular transparente que permite o uso do PET – Polietileno Tereftalato, a mesma resina plástica das embalagens de bebidas – e que tem diversas aplicações na construção civil.

Inventor paraibano Reginaldo Marinho mostra uma das aplicabilidades do Construcell Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A.Press

Para entender a criação do inventor, é preciso visualizar uma obra convencional. As faces laterais da peça atuam como vigas, que, comumente, seriam feitas de metal, madeira ou concreto. “Usar o plástico como estrutura é algo inédito no âmbito da construção civil no mundo. Não existe nem literatura, nem normatização para isso ainda”, evidenciou Reginaldo, que há 12 anos se dedica à elaboração desse projeto. Já a face central do prisma triangular corresponde à cobertura, dando lugar a telhas metálicas ou cerâmicas.

Com uma montagem rápida, por utilizar apenas parafusos para unir as peças, os módulos podem ser aplicados como telhados de moradias populares. Um projeto de habitação de baixo custo ainda não executado foi elaborado pelo inventor, em parceria com o arquiteto Aldênio Barreto, do Recife. Para cobrir uma moradia de 40 metros quadrados, seriam retiradas do meio ambiente 12 mil garrafas PET, em média. “Essa é uma solução que pode ser pensada pelos gestores públicos por incrementar uma atividade social, que é a coleta dessas embalagens, e por dar aplicabilidade a um produto que, se não é reciclado, causa sérios danos ambientais”, assinala Reginaldo Marinho.

O prisma é praticamente inquebrável, tanto que suporta o peso de um adulto sobre sua superfície. Essa é uma das vantagens do módulo feito de resina PET em relação ao vidro. “Dá para ter meninos jogando bola por perto que não há risco de o dono da casa ter prejuízo”, brinca o inventor. Como a estrutura pode ser confeccionada com diversos materiais, se feita com policarbonato, transparente ou colorido, é capaz de resistir a disparos de projéteis de calibre 38. Investir na tecnologia pode significar, também, economia na conta de energia. O plástico permite a passagem de luz e ainda não transfere o calor para dentro da casa, por ser um ótimo isolante térmico. Além disso, a estrutura possibilita a aplicação de placas fotovoltaicas, que transformam luz solar em eletricidade.

O invento pode ser um filão na construção de arenas esportivas para a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016, que serão realizadas no Brasil. Isso porque os estádios podem ser cobertos completa ou parcialmente com esse material. “O produto é ideal porque permite a fotossíntese do gramado e ainda isola o ambiente acusticamente. É uma oportunidade que o país tem de mostrar que temos uma solução de engenharia nacional, com tecnologia própria”, sugere. O Construcell ainda será lançado no mercado e, por não estar sendo produzido em escala, não pode ter o preço mensurado.

Entenda o módulo Construcell

O que é?A estrutura é um prisma triangular transparente que permite o uso do PET – Polietileno Tereftalato, a mesma matéria-prima das garrafas plásticas de refrigerante

Como se usa?Na construção civil, substituindo materiais convencionais, como concreto e metal. Pode ser usado na cobertura de casas e até de estádios de futebol

Como se faz?1 – A garrafa PET passa por uma usina de reciclagem, que a transforma em pequenas partículas de resina

2 – Essas partículas são colocadas numa máquina injetora, que vai aquecer o produto até seu ponto de fusão de 250 ºC

3 – A resina já derretida é introduzida num molde, de onde a peça é retirada

O Construcell feito com PET

– Com 20 garrafas PET é possível fazer 1 módulo: um triângulo de 1 kg com lados de 50 cm

– Com 12 mil garrafas PET é possível construir todo o telhado de uma casa popular de 40 metros quadrados

Fonte: Diário de Pernambuco

Portal do Confea

segunda-feira, junho 21st, 2010

Inventor cria estrutura com plástico para garantir eficiência energética

O inventor brasileiro Reginaldo Marinho, natural da Paraíba, é detentor de duas das cinco medalhas de ouro do Brasil em salões europeus de tecnologia. Admirado por engenheiros e arquitetos do mundo inteiro, por ter desenvolvido uma tecnologia de estrutura feita inteiramente com plástico reciclado, está decepcionado com a atenção que recebe em seu próprio país. Por aqui, o inventor espera, há 10 anos, seu elogiado projeto tornar-se realidade, mas mantém esperanças de ver galpões, hangares e até centros de compras serem construídos com seu material, sustentável do ponto de vista ambiental.

A invenção de Reginaldo é um prisma triangular com medidas de 500 milímetros nos lados e de 100 milímetros de altura, feito de uma resina produzida com a reciclagem de garrafas PET. Em cálculos e simulações estruturais, o material mostrou-se extremamente estável. “O material propicia uma sinergia muito grande entre dois fundamentos da estrutura: o arco de compressão e as treliças. No estudo da resistência, levando-se em conta fenômenos como torção, flambagem e peso próprio, por exemplo, o prisma apresentou coeficientes superiores a 2.8, quando o necessário é 1”, conta, com entusiasmo, o paraibano.

Professor da Universidade Federal da Paraíba, aos 18 anos de idade, por notório saber, ele foi o primeiro colocado no edital Prime – Primeira Empresa Inovadora, lançado pela Finaciadora de Estudos e Projetos (Finep). Vai receber R$120 mil para custear recursos humanos qualificados e serviços de consultoria especializada em estudos de mercado, serviços jurídicos, financeiro, certificação e custos, entre outros, durante 12 meses.

“Gostei de ganhar o edital, mas acredito que contratar uma empresa de marketing é o meu menor problema. Preciso de recursos para construir protótipos. Para esse problema, que é crucial, o governo ainda não encontrou solução”, diz. Os prismas de Marinho são estruturas modulares que, quando combinadas, permitem a formação de coberturas cilíndricas sem a necessidade de utilização de estrutura metálica. Outra vantagem do material, que o torna ainda mais sustentável, é, que, por ser totalmente translúcido, consegue capturar a luz externa sem absorver calor para o interior da construção.

“A eficiência energética é a questão central da humanidade atualmente. Além de utilizar a luz natural, há outro aproveitamento importante. Por ser de plástico, o prisma funciona como as duas estruturas necessárias para cobrir as placas fotovoltaicas, utilizadas na captação de energia solar”, explica.

Em um país como o Brasil, que contém áreas com baixa densidade populacional (região amazônica, por exemplo), essas estruturas podem ajudar a fornecer conforto, luz e internet para inúmeras comunidades isoladas. Como também podem ser construídos hangares com os prismas, a própria segurança das fronteiras do país, na região, pode ser reforçada.

Outra aplicação deverá ser em estádios de futebol. A Copa de 2014, no Brasil, é uma oportunidade para a discussão da ideia. “As placas translúcidas permitirão estádios cobertos e não prejudicarão a fotossíntese dos gramados. Um jogo só é bom se tiver um gramado adequado e conforto para os espectadores”, completa.

Marinho, que já possui a patente da invenção, pretende continuar a divulgar o projeto pelo país. Já prepara a documentação necessária para que, uma vez que o protótipo seja construído, poder certificar o material e mudar a aparência e a eficiência energética de muitas construções.

“Será a primeira construção totalmente transparente no mundo. Os estrangeiros estão tentando chegar lá, mas ainda não conseguiram. Construções como o Palácio de Cristal, em Londres, o Estádio Olímpico de Munique, e o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, utilizaram a transparência como elemento lúdico, mas todos possuem elementos metálicos em suas estruturas”, informa.

Thiago Tibúrcio

Assessoria de Comunicação do Confea

Fonte: portal do Confea

Rádio Confea

segunda-feira, junho 21st, 2010
Áudio — Kbytes

COPA DO MUNDO: Inventor paraibano sugere que novos estádios sejam construídos com garrafas PET
24/09/2009

Tempo do áudio – 2min29
LOC/REPÓRTER: Além do futebol bonito dentro dos gramados, outra marca que o Brasil quer deixar no Mundial de 2014 é a de se tornar o primeiro País a promover uma Copa do Mundo totalmente sustentável. O inventor paraibano Reginaldo Marinho tem uma sugestão. Premiado por salões europeus de tecnologia, o inventor defende que os novos estádios sejam construídos a partir de garrafas PET. É o chamado prisma triangular, tecnologia desenvolvida por Reginaldo. O módulo funciona como uma espécie de tijolo de plástico no formato de um triângulo e é feito a partir da resina produzida com a reciclagem das garrafas plásticas. Além de recolher e dar um destino às garrafas, o prisma triangular traz outras vantagens, como explica o inventor.

Fonte: Rádio Confea

Portal do Crea

segunda-feira, junho 21st, 2010
08/10/2009

Construções celulares

Construções celulares. Por mais complicada que a denominação pareça, não é preciso ter profundos conhecimentos científicos para compreender a magnitude da idéia do paraibano Reginaldo Marinho. De forma simples, porém genial, ele desenvolveu uma estrutura inédita no mundo para a construção de grandes vãos sem usar nenhuma estrutura metálica ou de concreto, com as características de cascas cilíndricas que utilizam plástico e resina. Com utilidade para os mais diversos fins, que vai desde a cobertura de parques industriais e estádios de futebol (inclusive para a Copa do Mundo que será no Brasil) até a construção de estufas ecológicas, a estrutura foi criada há 10 anos e só agora é formalmente reconhecida após ser selecionada no edital do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia que visa apoiar as empresas que desenvolvem produtos e soluções inovadores.

A construção celular, chamada pelo inventor de Construcell, transforma as pesadas e complexas coberturas metálicas tradicionais de ginásios, por exemplo, em uma estrutura de plástico, leve, resistente, econômica, móvel, fácil de montar e ecológica. Pode ser definida da seguinte forma: o ‘esqueleto’ que sustenta a cobertura, passa a ser composto pelo plástico, material usado nos diversos módulos triangulares que são montados e presos por parafusos para dar suporte a uma espécie de grande folha de resina (que pode ser produzida com o material da reciclagem de garrafas Pet) que vai fazer a cobertura do ‘esqueleto’.

Verba federal de R$ 120 mil para execução do projeto

Os módulos só existem em forma de projeto e maquete, nunca foram produzidos, pois mesmo tendo sido apresentado há 10 anos e ganho dois prêmios internacionais, a invenção genuinamente paraibana só veio ser reconhecida no Brasil esse ano. A Construcell rendeu ao pesquisador medalhas de ouro no 28º Salão de Invenções de Genebra (Suíça) e na BBC Tomorrow’s World Live (Londres), respectivamente em abril e em junho de 2000. Reconhecido internacionalmente, ele chegou a receber propostas de produção da estrutura na Itália, mas sob o argumento de ter sido, segundo ele, “rejeitado” pelo seu país, a proposta italiana não ofereceu nenhuma contrapartida financeira e ele não achou justo que fosse feita uma doação do projeto.

“Foram anos de portas fechadas aqui no Brasil. Durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso perdi as contas da quantidade de vezes que ouvi ‘não’ quando procurei apoio para o projeto, indo assim buscar esse reconhecimento lá fora. No Brasil temos a cultura de não dar valor ao que é nosso, de achar que não temos a capacidade de ter nossas próprias invenções e apenas copiar o que os países mais desenvolvidos produzem. Essa mentalidade faz com que muitos bons trabalhos sejam renegados”, disse Marinho.

Após anos de luta pelo reconhecimento, o inventor conseguiu recentemente apoio importante rumo a produção do seu projeto. Além de oferecer curso de capacitação para o aprimoramento dos planos de negócios apresentados pelas empresas, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que coordena essa ação, disponibilizará uma verba não reembolsável no valor de R$ 120 mil para a execução dos projetos.

Mundo transparente

Com notícia que recebeu sobre a reforma que o Governo do Estado vai implementar no Jardim Botânico Benjamim Maranhão, Marinho diz que “aproveitando essa sinergia nascida no Prime, o Jardim Botânico poderia abrigar a primeira construção do mundo totalmente transparente, sendo aplicada para uma estufa totalmente ambiental, motivando a visitação ao Jardim Botânico e valorizando o turismo local.

Outra idéia do inventor é sugerir ao senador Roberto Cavalcanti a criação de uma lei que estimule a geração de novas tecnologias no Brasil. A lei poderia contemplar com isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI), durante a vigência da patente, os produtos patenteados ou com a tramitação no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Essa seria uma maneira de integrar o Brasil às nações que investem massiçamente em tecnologia gerando riquezas para o nosso país, sendo tecnologia a atividade que gera mais divisas em todo o mundo”, diz o inventor.

Renascimento

Reginaldo Marinho se considera um “renascentista pós-moderno, que trabalha com arte, ciência e tecnológica”. Nascido em Sapé, ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aos 17 anos. Aos 18 foi contratado para dar aulas de geometria descritiva e abandonou o curso no 3º ano. Foi para Brasília, onde estudou arquitetura na UnB, encontrando a universidade totalmente desfalcada de seus melhores professores, após a invasão de 1968, em pleno regime militar. Outra vez desencantado com o mundo acadêmico, deixou o curso e foi dedicar-se à publicidade. Atuou como fotógrafo e jornalista e é membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.

Autodidata nas profissões que escolheu, Marinho não se formou em nenhum curso superior, mas em meio a um trabalho científico e artístico tem dado consideráveis contribuições para a sociedade. Quando indagado sobre a inspiração para suas invenções, ele não uma explicação objetiva e prática como seria o esperado de quem demonstra conhecimentos técnicos. Com idéias que aliam geometria, engenharia e uma sensibilidade artística de assustar, ele responde de maneira direta que as idéias simplesmente fluem, aparecem, florescem, sem explicação. “Muitas coisas aprendi fazendo; outras foram executadas sem que houvesse nenhum esforço, puro impulso ou absoluta harmonia”, explica Marinho.

Fonte: Renata Escarião – PortalCorreio/ Ascom/Crea-PB
Domingo, 27 de Setembro de 2009

Finep considera Fundação PaqTcPB como instituição modelo

segunda-feira, junho 21st, 2010

25/02/2010
“A Fundação PaqTcPB é um modelo a ser seguido”. A declaração foi feita, na manhã de hoje (25), por Marcelo Camargo, coordenador nacional do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime) da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) durante encontro realizado no auditório da instituição com empreendedores contemplados com o programa.

“É por isso que estamos aqui para validar e consolidar a matriz de indicadores a ser utilizada nas avaliações de todos os agentes operacionais Prime em todo país”. Afirmou o coordenador acrescentando que escolheram o Nordeste e em especial a Fundação PaqTcPB porque “é um agente operacional Prime, considerado um modelo e que tem nos dado muita satisfação em trabalhar, além do mais porque queremos descentralizar as ações do eixo Sul e Sudeste” completou.

Na oportunidade, Marcelo Camargo destacou a competência da diretora geral da instituição, Francilene Garcia, sublinhando sua capacidade de coordenar com excelência um programa com a dimensão do Prime. “A Francilene Garcia é conhecida na Finep como exemplo de excelência em coordenar e pelo que vimos na nossa avaliação todos estão de parabéns, inclusive vocês” disse Camargo aos empreendedores presentes.

De acordo com os técnicos, a partir do dados fornecidos pela Fundação PaqTcPB a respeito das ações desenvolvidas e executadas no Prime eles puderam consolidar com sucesso a matriz que será utilizada para avaliar todos os agentes operacionais em todo o país.

Quanto à interação com os empresários, os técnicos puderam obter um retorno dos mesmos sobre questões pertinentes à liberação dos recursos, prazos, contratação de gestores, entre outros.

O empreendedor Reginaldo Marinho, da Construcell, aproveitou a ocasião para declarar que “nunca o governo federal tinha assumido uma postura como a criação do Programa Prime para apoiar e alavancar o empreendedorismo nacional, nós estamos sendo muito bem assistidos” finalizou.

O que é o Prime

O Prime – Programa Primeira Empresa Inovadora – foi criado pela FINEP para apoiar empresas nascentes inovadoras com até dois anos de existência. No primeiro ano de operação do Prime, cada empresa selecionada poderá contar com R$ 120 mil, em recursos não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos)do Programa de Subvenção Econômica. No segundo ano do Programa, a empresa também poderá se beneficiar de um crédito adicional de mais R$ 120 mil, do Programa Juro Zero. Nesse caso, o financiamento será devolvido em 100 vezes sem juros.

Em quatro anos, o programa deve investir R$ 1, bilhão em cinco mil empresas nascentes. Para este ano, estão previstos recursos de R$ 230 milhões.

Números Prime obtidos pela Fundação PaqTcPB

No decorrer do processo a Fundação PaqTcPB recebeu mais de 200 propostas pré-cadastras oriundas de 12 estados brasileiros. Nesse período, foi contabilizado cerca de 1,5 mi de pessoas alcançadas na fase de prospecção através de visitas técnicas, palestras presenciais, inserção de mídias digitais, acesso ao portal Prime, dentre outros.

Durante a fase de submissão da proposta simplificada, 193 empresas foram inscritas, das quais 112 foram aprovadas e 110 consideradas aptas para a capacitação presencial e virtual oferecida aos empreendedores.

Após todas as fases, 98 foram aprovadas, com destaque para a Paraíba que obteve maior índice de aprovação, com 64 empresas, assim distribuídas: 42 empresas de Campina Grande, 16 de João Pessoa, 2 de Cabedelo, 2 de Patos, uma de Caraúbas e uma de Puxinanã, representando um percentual de 65% do total.

Já os estados do Rio Grande do Norte e Alagoas alcançaram o número de 20 e 08 empresas aprovadas, representando um percentual de 20,4% e 8,2%, respectivamente. Também foram aprovados projetos do Ceará, Rio de Janeiro, e Bahia.

A operação do Programa Prime representa uma injeção de recursos potenciais na economia local. De acordo com os dados fornecidos, o programa vai propiciar oportunidades a 98 gestores de negócios contratados, possibilitando aos mesmos uma nova carreira, movimentando a cifra de R$ 2 milhões investidos em apenas um ano. E como se não bastasse, 300 contratos de consultoria estão previstos além do surgimento de novas consultorias especializadas que fortalecerão um segmento de mercado de interesse que movimentará mais de R$ 6 milhões, também em um ano. O programa também vai favorecer a interação de 600 pessoas conectadas em uma importante rede social, gerando diversas oportunidades de negócios.

TIC lidera empreendimentos aprovados

Tecnologia da Informação e Comunicação é uma das 14 áreas de negócio que liderou, com 61%, os empreendimentos aprovados. Além de Administração, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Tecnologia em Alimentos, Comunicação, Design, Engenharia de Alimentos, entre outras contempladas.

Para Francilene Garcia, os números atingidos no Prime resultam do esforço conjunto de quatro incubadoras (Incubadora Tecnológica de Campina Grande – ITCG, Núcleo de Incubação Tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFET-RN, Incubadora de Empresas de Alagoas da Universidade Federal – INCUBAL/UFAL, Incubadora Empresarial Tecnológica da Fundação Educacional Jayme Altavila – IET/FEJAL) e de seus parceiros da Região Nordeste, atuantes no apoio ao empreendedorismo inovador com foco nos Estado da Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.

Ela ainda destaca que durante a etapa de avaliação da proposta simplificada, a Fundação PaqTcPB teve a colaboração de 100 avaliadores ad-hocs (65 para o tema inovação e 35 para o tema negócio) gerando mais de 560 pareceres técnicos.

“O empenho dos parceiros foi um ponto bastante importante em todo o processo de avaliação, que contou com a relevante parceria da UFCG, UEPB, UFPB, FACISA, FAPERN, UNIUOL, FIP, SEBRAE/RN, SEBRAE/PB, FIEP e BNB”, enfatizou a diretora.

Fonte: Fundação PaqTcPB

Revista Artestudio

segunda-feira, junho 21st, 2010

Tudo começa com as células


Revolucionário projeto paraibano de construções celulares é selecionado por programa nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O inventor paraibano Reginaldo Marinho propõe uma solução para amenizar os estragos causados pelos terremotos que têm assolado países como o Haiti e o Chile nestes últimos meses: as construções celulares – ou construcell, como ele chama. Através da matemática, ele desenvolveu a ideia de uma estrutura inteiramente em resina plástica e transparente.

Segundo ele, as construções que podem surgir dessa estrutura são as mais variadas, de templos e armazéns a estádios de futebol. “Grandes áreas cobertas sem a intervenção de colunas internas”, afirma Marinho. Além disso, estariam antenadas com as questões ecológicas do momento por serem uma opção de reciclagem do material, como as garrafas pet, por exemplo.

“O sistema apresenta uma morfologia estrutural resultante da sinergia de dois fundamentos importantes da engenharia: as treliças e o arco-de-compressão, que raramente atuam em conjunto”, explica ele, que inventou o sistema há dez anos e desde então vem tentando viabilizar o projeto. “Essa tipologia garante elevada estabilidade estrutural e sendo uma estrutura articulada torna-se muito adequada às áreas sujeitas a terremotos”.

São módulos triangulares de material plástico bem resistentes que se encaixam e são presos por parafusos, os módulos funcionam ao mesmo tempo como estrutura e cobertura, sendo que em alguns casos atuam como parede, quando usa-se o arco de 180º. Dispensam, dessa forma, o concreto ou estruturas metálicas – uma ideia, sem dúvida, revolucionária em se tratando de construções.

O projeto conseguiu ser selecionado pelo Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), desenvolvido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Mesmo assim, um problema persiste porque a verba diz respeito à organização da empresa, mas não ao desenvolvimento do projeto em si. Por isso, ainda nenhum teste em tamanho natural foi feito, e o que existem são maquetes e projetos para futuras construções.

O invento foi premiado em dois salões, em 2000: o 28º Salon International des Inventions, em Genebra, e o BBC Tomorrow’s World Live, em Londres. Reginaldo Marinho também já apresentou o invento em conferências no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, além do mestrado em Estruturas e da pós-graduação em Arquitetura, ambos da Universidade de Brasília. Seu invento também foi citado por pesquisadores como Alastair Fuad-Luke, autor do EcoDesign Handbook. A Folha de São Paulo também já publicou artigo sobre o invento.

Entre as vantagens das construções celulares, estão a rapidez na montagem, a redução de resíduos da construção, a possibilidade do uso da iluminação zenital (através dos módulos translúcidos) e até conforto estético, acústico e térmico. Marinho já contratou especialistas da Universidade Federal da Paraíba para fazer o cálculo estrutural para executar o protótipo. Seria uma contribuição fundamental para a engenharia e a arquitetura, por um paraibano que chegou a estudar nos dois cursos, mas acabou não concluindo nenhum deles. Marinho preferiu dedicar-se à publicidade, fotografia e ao jornalismo – é, inclusive, membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico. Arte e ciência, juntas.

Texto: Renato Félix
Fotos: Divulgação

Fonte: Revista Artestudio

Inventor paraibano sugere que novos estádios sejam construídos com garrafas PET

domingo, junho 20th, 2010

Além do futebol bonito dentro dos gramados, outra marca que o Brasil quer deixar no Mundial de dois mil e quatorze é a de se tornar o primeiro País a promover uma Copa do Mundo totalmente sustentável. O inventor paraibano Reginaldo Marinho tem uma sugestão. Premiado por salões europeus de tecnologia, o inventor defende que os novos estádios sejam construídos a partir de garrafas PET. É o chamado prisma triangular, tecnologia desenvolvida por Reginaldo. O módulo funciona como uma espécie de tijolo de plástico no formato de um triângulo e é feito a partir da resina produzida com a reciclagem das garrafas plásticas. Além de recolher e dar um destino às garrafas, o prisma triangular traz outras vantagens, como explica o inventor

“Se as construções, se os módulos forem transparentes, esses módulos podem acolher placas fotovoltaicas. Com isto, nós podemos transformar estas construções em construções limpas e auto-suficientes do ponto de vista energético. E ainda, se os módulos forem translúcidos, ou seja, que passa a luz, mas não passa o raio solar, eles podem ser utilizados em construções para economia da energia luminosa.”

Segundo Reginaldo Marinho, o uso do prisma triangular também ajudaria no processo de manutenção do gramado, já que a luz é parte fundamental no processo de fotossíntese da grama. Reginaldo lembra que a invenção já existe há mais de dez anos e destaca que a solução poderia ser aplicada na construção de outras instalações como galpões, telhados, hangares e ginásios. Contudo, o projeto sempre esbarrou na falta de incentivo.

“Nós não temos uma cultura voltada para o estímulo à produção tecnológica. É como se a cultura brasileira não admitisse que nós brasileiros fôssemos capazes de desenvolver tecnologia inédita no mundo.”

Reginaldo Marinho aponta que nestes dez anos a única instituição que apoiou o projeto foi o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o Confea. Recentemente, Reginaldo venceu o edital Prime – o Primeira Empresa Inovadora, lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, através da Finep.

Fonte: Clube Cidade

Carmen Drayer

Déficit de armazenagem

domingo, junho 13th, 2010
Grãos: Déficit de armazenagem pode chegar a 20 milhões de toneladas

Enquanto o setor agrícola comemora a segunda maior produção de grãos no Brasil, produtores e instituições relacionadas principalmente ao milho esperam para 2011 graves problemas com a armazenagem, quando cerca de 20 milhões de toneladas podem ficar do lado de fora dos silos
  

 

 Atualmente, os entraves com a comercialização do grão, devido aos baixos preços, e a colheita recorde de soja, que deveria ocupar o lugar do milho nos armazéns, já têm mostrado que os depósitos brasileiros não comportam o volume a ser escoado.

Para Jason de Oliveira Duarte, pesquisador e economista agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o problema enfrentado hoje com a armazenagem do milho é apenas a ponta de um iceberg, que deve ganhar proporção maior no próximo ano. “O estoque de passagem de 2009 para 2010 está atrapalhando a questão da armazenagem. Se, no fim desta temporada, o estoque final de milho ultrapassar 10 milhões de toneladas será catastrófico”, diz.
 
Segundo Duarte, a produção de soja e milho deste ano pode atingir os 120 milhões de toneladas. “O limite de armazenagem é de 110 milhões de toneladas”.
 
De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos de 2009/2010 deve se aproximar dos números da temporada 2007/2008, quando o País bateu recorde de produção com 144,1 milhões de toneladas. Para este ano, são esperados 143,9 milhões de toneladas, puxados pela soja, cujo volume previsto é de 67,57 milhões de toneladas. Já o milho, da primeira e segunda safra, deve render 51,38 milhões de toneladas.
 
Números da Conab apontam ainda um estoque de passagem inicial de milho de 11,210 milhões de toneladas e final de 8,149 milhões de toneladas. Já o estoque final da soja deve ultrapassar 4,7 milhões de toneladas.
 
Segundo Flávio Roberto de França Júnior, diretor de produção da Safras & Mercado, como neste ano, em 2011, o Brasil deve esperar grandes estoques de milho e soja somados à safras cheias. “As dificuldades com armazenagem vão piorar. Há dúvidas sobre a absorção do excedente de soja.”
 
Para Júnior, pode haver de imediato uma aceleração das exportações de soja, mas não um aumento de comercialização externa. “Mesmo com a recuperação da economia mundial, boa parte da demanda já foi atendida pelos Estados Unidos”, diz.
 
Quanto a comercialização internacional do milho, a Conab estima vender 8 milhões de toneladas. “Se não exportarmos tudo o que está previsto este ano, 2011 sofrerá as consequências”, prevê o pesquisador.

De acordo com Duarte, além da boa safra norte-americana, os argentinos também devem ganhar destaque no ranking das colheitas recordes. “Precisamos ir atrás de importadores mais favoráveis ao nosso produto, como países da América Latina.”

João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), acredita que pode haver redução de área na próxima safra de milho, tanto por conta da falta de armazéns, quanto pelos rumores de que o governo vai reduzir o preço mínimo do milho. “A Abramilho não gostaria que isso ocorresse, mesmo porque temos tecnologia para produzir”, diz.

Para Duarte, o produtor pode diminuir área na safra de verão para tentar compensar na safrinha, mas o pesquisador aposta na utilização de áreas marginais para a produção e uso de tecnologias antigas. “O setor precisa de políticas de incentivo ao preço do milho. Alguns financiamentos de produção, o governo federal já faz. Agora seria necessário favorecer a comercialização”, afirma.

Segundo o presidente da Abramilho, o governo federal deveria ter estoque regulador do produto e garantir um preço mínimo.

Júnior e Duarte concordam que o País necessita de mais espaço para armazenagem. “Não importa como, o que precisa é incentivo neste sentido”, afirma o pesquisador. De acordo com Júnior, o setor precisa de planejamento de longo prazo. “O que é carência histórica brasileira”, diz.

Para o diretor, se o País almeja se tornar um grande player no comércio internacional, é preciso ter estrutura. “Reduzir área é contra a natureza do produtor e não ter onde guardar é um absurdo”.

 Fonte: ExpressoMT

Falhas na logística e armazenagem prejudicam a safra

domingo, junho 13th, 2010

AGRICULTURA

Investimentos em estradas, portos, ferrovias e armazéns não acompanham crescimento da produção do país

Safra pára no gargalo da infra-estrutura

Pierre Duarte/Folha Imagem
Trecho da estrada BR-153, em condições precárias, em São José do Rio Preto, no noroeste de SP

ANDRÉ SOLIANI
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A capacidade de expansão da agricultura brasileira praticamente chegou ao seu limite pela falta de infra-estrutura para escoar a produção, segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e seis especialistas entrevistados pela Folha.
Estradas esburacadas -quando há estradas-, portos sobrecarregados, falta de investimentos em hidrovias e ferrovias e escassez de armazéns tornam a comercialização da safra um caos e pouco competitiva.
“Eu tenho medo que a enchente da agricultura [aumento da produção] seja tão vigorosa, pela competência dos produtores rurais, que a ausência de uma logística adequada resulte em perda de renda para o agricultor”, afirma o ministro.
A situação pode piorar. Nesta safra, em que os produtores rurais plantaram o suficiente para mais uma colheita recorde, ainda será possível comercializar toda a produção com as perdas habituais de rentabilidade.
“Neste ano ainda não haverá uma crise de abundância, que poderá ser muito grave, se nos próximos dois anos não houver um volume de investimento mais substancial em projetos de logística e infra-estrutura”, afirma Rodrigues.
A crise de abundância poderá ser evitada nesta safra, mas não faltarão sobressaltos para o agricultor vender seu produto. “Filas de caminhões de até 70 quilômetros, com esperas de até três dias para desembarcar o carregamento no porto, certamente vão acontecer, como no ano passado”, afirma Paulo Fleury, presidente do Centro de Estudos de Logística do Instituto Coppead de Administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Primeiros problemas
O auge da colheita -entre março e abril- nem começou e os problemas já começaram a acontecer devido às recentes chuvas.
Na semana passada, entre 150 e 200 caminhões estavam atolados na região de Sapezal (Mato Grosso) numa estrada de terra do Estado, segundo informações colhidas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Não há como evitar as dificuldades. Neste ano, segundo Rodrigues, a safra brasileira pode crescer em até 8 milhões de toneladas e a infra-estrutura é praticamente a mesma do ano passado.
As maiores obras são apenas para tornar trafegáveis algumas estradas já existentes e que apresentam problemas estruturais.

Falta de investimento
Há 80 anos, o Brasil tinha cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias. O país cresceu, mas hoje conta com uma malha ferroviária quase idêntica, apenas 29.283 quilômetros de estradas de ferro, segundo a vice-presidente do Corredor Atlântico (entidade que busca a integração do continente), Sandra Stehling.
Na década de 70, o governo investia cerca de 1,8% do PIB (total de riquezas produzidas no país) em estradas. Em 2003, o investimento foi de apenas 0,1% do PIB, diz Fleury, da UFRJ.
A deficiência de infra-estrutura, fruto da falta de planejamento e recursos, significa custos adicionais para o agricultor.

Na Argentina, o produtor rural gasta em média US$ 16 para colocar uma tonelada de soja no porto. Nos Estados Unidos esse gasto é de US$ 15,50. No Brasil são US$ 23,50 para realizar a mesma operação, diz Joelsio Lazzarotto da Embrapa Soja, empresa estatal de pesquisa agrícola.
A situação dos portos também não ajuda. As taxas portuárias nos Estados Unidos e na Argentina variam de 1% a 1,5% do valor da carga. No Brasil, chega a 5%, estima Lazzarotto.

Armazéns
Outro problema grave é a falta de armazéns para estocar os produtos. A produção brasileira de grãos cresceu quase 50% entre a safra de 1998/1999 e a passada. A capacidade de armazenagem, no entanto, cresceu apenas 5,7%, quase um décimo da taxa de crescimento da safra, no mesmo período.
“Hoje existe um déficit de capacidade de armazenagem de 35 milhões de toneladas”, diz Luiz Baggio, vice-presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Seria preciso aumentar em mais de 35% a capacidade atual, de 93,815 milhões de toneladas, para atender a demanda.
“O gargalo da agricultura brasileira hoje é a infra-estrutura”, diz o presidente da Corredor Atlântico, Paulo Vivacqua.

Investimentos na modernização das fazendas e boas chuvas não vão mais assegurar crescimento da agricultura brasileira, concordam o ministro da Agricultura e os demais entrevistados pela Folha. É preciso ferrovias, hidrovias, estradas, portos e armazéns para aumentar a produção.

Fonte: Folha de São Paulo

Patentes nas construções – Portal Universia

segunda-feira, maio 24th, 2010

Recentemente, a USP (Universidade de São Paulo) coordenou uma pesquisa realizada junto a 16 universidades do Brasil na qual se constatou que o desperdício médio na construção civil do país fica entre 20% e 25% do material utilizado. Ou seja, de cada quatro casas construídas, uma é jogada fora.

Pensando nisso, Carlos Alberto Peychaux, arquiteto urbanista, proprietário e diretor da CAP (Consultoria Alternativa de Projetos), empresa graduada pela incubadora da COPPE/UFRJ em 2000, desenvolveu o Sistema Construtivo Teto-Parede (SCTP), que propõe uma solução viável de baixo custo e alta qualidade na construção de casas populares em forma de abóbadas. Este sistema é inovador porque elimina itens caros e de execução mais longa em uma obra convencional, substituindo-os por alvenarias de tijolos furados. Com isso, obtém-se uma construção a um custo 45% mais baixo que o tradicional.

“Iniciamos a patente do SCTP em 1992 e só a conseguimos oito anos depois. Perdemos grande parte do prazo da patente no procedimento. Provavelmente, se a gente pudesse contratar uma empresa que fizesse um trabalho mais corpo a corpo, teríamos conseguido antes. A patente funciona muito bem quando se tem recursos, advogados, condições. Quando não se tem condições, é mais complicado”, conta Peychaux.

Ainda são inexpressivos os investimentos das empresas brasileiras de construção civil em pesquisas. Isto se deve, principalmente, pela enorme recessão da indústria de construção no país nos últimos 20 anos. Para se ter uma idéia, apenas 1,1% dos depósitos de patentes de 1997 a 1999 no Brasil, foram na área de Construções Fixas, conforme mostra o quadro abaixo.

Para o professor do IME (Instituto Militar de Engenharia), coronel Alvaro Vieira, de todos os ramos da Engenharia, o da Construção talvez seja o que menos investe em pesquisa. O coronel coordenou um estudo sobre argila calcinada, que é um material que pode baratear a construção de estradas. Foi o primeiro produto patenteado pelo instituto. A pesquisa começou em 1997, com um objetivo: encontrar um material que pudesse ser utilizado em pavimentação na Amazônia. “O IME nunca havia patenteado nada antes por desconhecimento sobre o assunto. Afinal a proteção da propriedade intelectual sempre foi vista no Brasil como algo muito complicado e pouco eficiente, o que não é verdade”, comenta Vieira.

O professor da USP São Carlos Mounir Khalil El Debs, detentor de duas patentes na área de Construções Fixas e que entrou com um pedido recentemente, reitera que construção é um negócio muito complexo. “Inclusive o pessoal não leva muito a sério essa questão de patentes nessa área, porque é uma coisa que se você faz, não tem uma forma de ter segredo: uma vez que foi feita, ela aparece. Lá fora, o pessoal tem um pouco mais de consciência. Na verdade, não se dá muita importância. Mas a gente tem que tentar mudar”, observa.

Em relação a parcerias de universidades com empresas, para o professor do IME ainda há muita dificuldade de se estabelecer parceria de pesquisa com empresas de construção civil pela própria recessão da atividade. Para ele, o mais importante é mostrar capacitação técnica em desenvolver tecnologias que interessem à indústria de construção. “A empresa, por sua vez, só terá capacidade de investir em pesquisa quando sentir a possibilidade de retorno dos seus investimentos, e isso só ocorrerá com o reaquecimento da atividade de construção no país”, explica.

“Não há interesse das empresas. Algumas já se manifestaram, mas acabou não dando certo. Pode até ser que mais para frente a gente consiga, mas não é algo muito simples não. Não existe uma cultura das empresas em comprar patentes para fazer ou pedir uma licença para produzir”, conta o professor da USP.

Para Peychaux, as empresas construtoras são muito artesanais. Só nos últimos anos o governo fez um esforço de criar um padrão de qualidade total dentro da construção civil que trata de normatizar a área. Existem empresas de grande porte, como Odebrecht, Mendes Júnior e Andrade & Gutierrez, que realmente desenvolvem tecnologia de ponta, principalmente para obras de grande porte, como escavações de túneis. “Na habitação popular, estamos construindo como se construía há 100 anos atrás”, diz.

Reginaldo Marinho, detentor da patente do Construcell, invento ganhador da medalha de ouro no Salão Internacional de Invenções da Europa em 2000, vê o cenário brasileiro da Ciência e Tecnologia como desolador. “Os empresários não têm interesse por tecnologia nacional, porque não querem, de forma alguma, remunerar uma patente”, conta. “Patente é uma coisa de uma importância tão grande que seria preciso uma consciência generalizada da sociedade para a importância do desenvolvimento de patentes nacionais. Recentemente, houve uma supervalorização das taxas do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), estão impagáveis. Quando se registra uma patente, todo mundo fica com medo de você. Nenhum empresário quer conversa, porque eles não querem desembolsar recursos para remunerar um inventor”, comenta Marinho.

A Unicamp (Universidade de Campinas), que é a universidade com maior número de patentes do país, possui uma classificada na seção E – Construções Fixas. Já a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) possui quatro patentes entre depositadas e concedidas. “A proteção das inovações tecnológicas, através das patentes, representa a garantia do retorno financeiro dos recursos empregados nas pesquisas. Somente recentemente algumas das principais universidades brasileiras perceberam a importância do registro de propriedade intelectual e criaram órgãos internos para assessoramento nos processos de registro”, finaliza Vieira, do IME.

Fonte: Portal Universia